29 de junho de 2009

13 Jogos de Palavras

Aponto o ponto e da ponte a ponta,
À puta apronto, traga o trago,
Um pote tragado no trato gago
É pronto o ponteiro da tonta

Contanto, a ênfase, entretanto, na fase
Há tanto tento, fezes fazes,
Faz e fez e fiz-te foz, fuzil
Tô tonto – fuso difuso – então tá.
Encanto da tinta do canto do tantra

Tá pronto o socorro, só corro sem carro
Socorro e agarro – ao pronto-socorro

Testa o pito, contesta o pinto. Pita, tente
Atesta a pinta na testa, pinta tête-à-tête
Compita, compraz-te, com paz a ti, computo, compre tu

Atrás do Tas, Sutil é sutil
Sou tio, prometo para meter
Prometeu e Proteu – senti só til
Trazei a paz, para o teu proméner

Difere da fera, protege teu brejo
Desfilo ao fino, protesto pro tejo
A catarse do Tarso de frente à freira,
Prótese pra tese, desfere na feira
Deferente ao néfron, defino a fonte
Desfigura o fio, defiro no fronte


P.S.: É, voltei ao meu passado indisciplinado, não estou conseguindo postar efusivamente. Mas estou lendo bastante, e coisas muito distintas. Logo postarei sobre suas ideias. Todavia, me falta auto-estima e organização para escrever e liberar minhas internalizações. Culpo-me por isso, será que preciso de um estímulo externo (de novo)? Pelo menos ninguém me lê e não sofro pressão, além de mim. Enquanto isso, divirta-se procurando quais são os 13 jogos que eu juntei para esse poema.

9 de junho de 2009

Tem, mas tem mais

Ter ás, ter mais
Ter as terras
Termais ter hás
Até tem mais

Ter, mas ao tê-las
Tem nas termas
Ternas telas

Tem, mas teimas
A ti erra e aterra
Há ter aterros
Temos a Terra
A tê-la rios

Ter nos ternos
Ternos termos

Atê-las a ter
Terás temas
Tem más tremas
Treme a temer
Atenta a trena
Há tanto tento

Terá os tentos?


P.S: Minha inspiração poética está se arrefecendo, todavia, algumas imanaram de meu ser e se escondem daqui por serem deveras pessoais e direcionadas para outros locais, já que pertencem a quem foram dedicadas, agora as responsáveis pela sua divulgação.

8 de junho de 2009

Maldita herança portuguesa e colonial: quando a nação se auto-afirmará?


Conhecer a história é indispensável. Já dizia o poeta: “Quem não conhece a história está condenado a repeti-la”. Comumente, culpo-me por não a ter estudado devidamente em minha adolescência. Compenso, insuficientemente, hoje, lendo, por hobby - entre inúmeros outros -, alguns livros de história, em particular a brasileira. Este post surge após a leitura do livro 1808, de Laurentino Gomes.

Somos uma nação atrasada, em comparação a culturas tradicionais, como a Europa em geral, a chinesa, a nipônica, entre outras. Se é que podemos dizer que somos uma nação, como sentimento de pertencimento (patriotismo?), de identidade cultural e étnica e de ideologia autêntica, construída ativamente. Afinal, eternamente zombaremos de nossos “pais” (ou padrastos?) portugueses, teremos preconceito – velado ou não – perante os negros e, ainda, a nossa indelével miscigenação não parece ser algo orgulhoso, mas apenas uma réplica para não nos sentirmos inferiores.

Ah, essa cultura portuguesa! Há algo para honrar ali? Espírito aventureiro, sim, mas explorador ganancioso, antiético e inconseqüente – germe da nossa tão singular e “louvável” malandragem. Além disso, uma sociedade com hábitos tão contraditórios, que privilegiam um requinte na aparência, um forte moralismo, atitudes beatas, catolicismo medieval, burocráticos e racionalistas, deveras coloquiais, conservadores, reféns do passado e incapazes de acompanhar as dinâmicas do espírito contemporâneo, iluminista e científico – debatedor por essência. (Estou retratando o arquétipo do português, em especial de um Portugal de meados do século XIX – apesar de que raízes assim demoram a se decompor...) Por outro lado, sem visão de longo prazo, planejamento, com investimento em setores como infra-estrutura, educação e tecnologia. Não à toa, hoje é o país mais pobre da Europa ocidental. Sua influência se reflete em nosso país, é preciso dar graças às diversas nacionalidades imigrantes após a nossa “independência”!

Apesar disso, a vinda do bufão D. João VI e de sua corte (ou corja?), inegavelmente foi benéfico a nossa nação, em comparação a uma previsão evolutiva sem este fato histórico. Como seria o país sem as suas construções e políticas, em sua “breve” estada de 13 anos por aqui? Seguimos o seu arquétipo de Estado inchado? Ou, se não fosse isso, estaríamos em frangalhos, com explosões de movimentos separatistas revoltosos, formando, 3, 4 ou mais países? (A repressão a idéias libertárias e subversivas foi outro enraizamento – justificativa moral para linchamento e a outras barbáries.) A sociedade seria outra, provavelmente eu não estaria escrevendo estas divagações e você não estaria perdendo seu tempo lendo mais uma inutilidade, pois a(s) nação(ões) seriam outra(s), com outro(s) nome(s)? Ignorando esta conjectura, devemos a esta excursão nos trópicos dos velhos carolas algumas práticas que até hoje são difíceis de serem combatidas, como apadrinhamentos estatais, corrupção e gastos injustificados para privilegiados, entre outras nojeiras antidemocráticas e antidesenvolvimentistas.

Essa monarquia perdulária e populista criou a impressão na sociedade de que esse tipo de regime, e mesmo de política, é algo bom ou ruim? Afinal, o que não faltam são populistas se elegendo ao longo de nossa história e resignação popular pela piada que é o uso do dinheiro público pelos governantes. Por outro lado, apesar de nossas revoluções efetivas serem comandados pela elite, a democracia, ou ao menos a república, é inquestionável. Reinado? Só se for de Pelé ou de Roberto Carlos. Aprendemos (?) que o governo autoritário deve ser banido, mas precisamos de mais consciência cidadã, mais auto-estima, para cobrar efetivamente pelo que acreditamos.

A terrível escravidão reforça a imagem de hierarquia, valorizada pelos portugueses. Como sempre, sem planejamento, que visa apenas o ganho fácil e rápido, e o status social dos que possuíam “negrinhos”. Quanta estupidez e hipocrisia! Para depois sentir compaixão cristã e tratar bem seus “criados”. Enquanto continua o preconceito com os excluídos, que se aglomeraram onde podiam, resultando, inevitavelmente em favelas e profundas diferenças sociais. Ora, não são os negros (os únicos) culpados pela violência, mas as más políticas sociais que abarrotaram de escravos o país e que não o davam as mínimas esperanças de inclusão (ciclo vicioso). Achavam realmente que eles eram uma mercadoria orgânica, como um peixe ou um cão? (Se é que pensaram em alguma coisa além do próprio bolso.) Que não reagiriam humanamente? Isso sem falar na testosterona que os “patrões” impunham às escravas, gerando bastardos pardos (também vítimas de preconceitos), e dos filhos de brancos criados por amas-de-leite ou empregadas. Como ter orgulho de uma sociedade formada com esse histórico?

Enfim, mudou muita coisa? Hoje, sem dúvida. Mas à época de Sérgio Buarque de Holanda, com certeza não, mesmo após mais de um século de “independência”. Diria que apenas ao nos livrarmos da mentalidade portuguesa e colonial, monárquica ou imperial, é que começará a jornada para sermos o “país do futuro”. Mas isso só pode ser ironia! Devemos primeiro ter uma identidade como nação e que é possível ter futuro. Ou seja, pensar no futuro do país. Sem sonhos megalomaníacos. Embora, geograficamente, temos noção de nossa grandeza, ideologicamente, somos depressivos. Qualquer estrangeiro que se julgue um cidadão em seu país nós tendemos a vê-lo como superiores. Afinal, é difícil por aqui se julgar cidadão tendo apenas direito a voto e com a idéia de que nosso destino está nas mãos de Deus e no Estado, não necessariamente nesta ordem.

Enquanto acharmos que os recursos naturais serão nosso potencial para o progresso, continuaremos atrasados. Sem sujeira para debaixo do tapete, sejamos mais responsáveis e enfrentemos nossos defeitos. Quanto mais uma nação depende de sua natureza, menos futuro ela terá. É o capital humano, os avanços tecnológicos advindos dele que garantem um lugar alto na competição internacional. É o povo que faz a nação! Além de que devemos valorizar muito mais o IDH do que o PIB. São políticas austeras, organizadas, sensíveis, criadoras de espíritos ativos e orgulhos, mas não arrogantes, que façam o brasileiro se ver como cidadão e não como massa de manobra, que podem dar uma visão positiva. Talvez um poder menos centralizado para liderar regiões tão díspares entre si e que exigem políticas diferenciadas, para depois haver uma mediação de interesses, eleve nosso padrão de vida, logo, nossa auto-estima. Ainda sofremos com essa maldita herança acima exposta, mas se formos dinâmicos e menos teimosos para abandonar práticas e pensamentos arcaicos, afirmar-nos-emos.