3 de outubro de 2015

Quando a inspiração vem, só nos resta deixá-la fluir




Possibilidades

Possibilidade :
Tangibilidades e anormalidades 

Agora não sei o que eu vou ser 
Em cima da prancha, acima do mar 
Depois me decido, quando crescer 
Velho ranzinza, igual a meu pai? 
Perdeu os cabelos, só fez reclamar 

Tangibilidade:
Anormalidades e possibilidades

Embora eu não saiba o que é vencer 
Me dá a luz do sol indicativos 
Prossigo na sombra, sigo na fé 
Dou minhas pausas, de ferro não sou -
É quando refletir atrai o alívio 

Anormalidade :
Possibilidades e tangibilidades 

Deparo-me com outra encruzilhada 
A hora em que eu me sinto mais vivo -
Não é momento para piadas. 
Faço as pazes com o grave destino 
Nós prosseguimos sorrindo, e altivos!
 

Ser néctar e lava

Sendo abelha o tenaz homem
Transporta o néctar seminal
De flores sensuais, então
Poliniza, dissemina, fragmenta-se.

Dos gregos as estátuas e as peças
Do teatro, a céu aberto
Restam só os fragmentos
Há para o homem moderno alguma grande diferença?
A mudança é na grandeza,
No valor da história e na beleza.

A criação é inconsciente nas mais vezes
Não pertence ao 'eu maníaco '
Mas à soma de refluxos,
Quando x dá lugar a y,
A seguir desaparece...

Mini mudanças preenchem o Ser,
Que culminam em sua sucessão
Outra roupagem, em outro contexto,
Mas nunca deixa de ser o que se é.

Sendo por fim vulcão o homem
Tem na lava a sua essência,
Não no visível ao longe :
Cratera imensa assimétrica.


Meu sal

Não sei se a digníssima 
Vai ser do bem ou se vai ser do mal 
Apenas o que sei 
Não pode ser ela um tipo normal 

Sou capaz de esperar 
Meses para ouvir sua terna voz 
Naipe mezzosoprano 
Toda frase dela, um veludo em dó 

Será meu sal da terra 
Dará sabor a tudo q farei 
Vou ter pão, a comida 
E quando acabar vou pedir replay 

Ao receber trocados 
Todos os meus segredos vou lhe abrir 
Pedindo uma palhinha 
Da música da vida, bem-te-vi 


Olhar de granizo

Dependurado no penhasco
recebo o teu gélido olhar
Como um granizo acelerado
que me atinge, sem perdoar.

Deveria ser um crime,
auxílio ao suicídio
Desprezo que não redime...
Eu só existo agora em vídeo.


Longe

Eles vêm com explicação:
é causa-efeito, causa-efeito
Mas nem sequer chegaram perto
do meu partido coração.

Acabarei numa rotina
para manter a mente sã
Por ora, por aqui flutua
Minha alma, feita bailarina.

Para bem longe voarei
Que seja apenas fantasia
É o que exige minha moral.

Se junto dela eu viro um rei
Longe dela, já sem coroa
E sem um trono, sou anormal.


Janela da alma

A janela da alma pode 
camuflar o que há casa, 
não falo de óculos nem vendas, 
mas dos olhos de ressaca, 
que de forma irresistível 
o padecente amante enredam.

As lívidas olheiras 
sob olhos enigmáticos 
são o efeito do cansaço 
após tanto encantar, 
tragar e seduzir, 
como um forte e terno abraço.

Sempre é um risco a tentativa 
de decifrar essa esfinge 
que pune hesitantes e ousados, 
pois só pulará a janela 
quem for o mais perspicaz, 
sem acabar-se machucado.


Vulgar 

Não bajulo ídolos com dente-d'ouro 
Não me ajusto com crápulas de Armani 
E nem seduzo a oca madama infame 
Sei que ama a multidão da fama os louros -
São todos heróis de meia-tigela 
Que o vulgo, feito trator, vem, nivela. 


Despedaçado no espaço

Ele tinha uma mente brilhante
Mas seu coração deveras errante
fazia com que ele
se perdesse entre o tudo e o nada,
no infinito e sua longa estrada.

E foi assim, de ideia em ideia,
de contextualizações a pirações
Descobriu ele o ponto ideal,
seu algoritmo de sucesso:
Na incompletude do trivial.


 
Durmo na cova 

O amor se foi 
É o tal mundo burguês 
Preenchido por Góis, 
Yuppies e filisteus. 

Acordem-me da cova 
Quando for boa a moda 
De declamar as trovas 
O amante, que elos solda 
E sua bela amada louva. 


E agora, mané?

Agora, que a minha grana tá bem curta
Não consigo descolar nem uma puta
Falta até para o espaguete
Agora, que as minhas posses foram embora
Eu escuto só: vai, senta e chora
Minha mulher só quer num flat

Agora, de aparência desiludida
As roupas todas bem fedidas
Um mendigo nem me pede
É hora de acabar com a ignomínia
Vou provocar o pior tira
E me tornar mártir na rede

Agora não há mais qualquer agora
Escutou bem, minha senhora?
Agora não há mais qualquer agora
Pois a minh'alma deu o fora!


Rainha da deprê 

Ela se vê mulher demais, profunda 
Mas repete falas de tablóide 
Sempre pede: toca um Pink Floyd 
Nem sequer sabe o q é ummagumma 

Acho q devo ir, tentar a sorte 
Sair por aí atrás de uns rostos 
Pois juntos mais algumas noites 
Um de nós visitará a morte 

Eu tentarei manter-me sóbrio 
Sempre ouvindo a voz do meu mestre 
Pra não acabar num lance imóvel 
É o meu adeus, rainha da deprê


P.S.: Será este blog Jason, o renascido do inferno? Só o futuro dirá. Até lá mais uma vítima morrerá!