8 de fevereiro de 2019

Respondendo à questão "o que é metafísica?"

Metafísica é voo imaginativo, é brincadeira de criança, ela não vai, ou pelo menos não deveria ir, além da diversão especulativa, do prazer em se criar conjeturas. Por haver essa infantilidade, ela possui a efêmera arrogância de se achar corretíssima, perfectível dentro de um sistema; porém, um exame mais atento e minucioso logo constata a sua vacuidade, a sua característica fantasmagórica. Afinal de contas, é preciso invocar alguns pressupostos para o sistema metafísico x fazer sentido, para ser coerente.

A metafísica é a suposta causa formal de todas as coisas, contudo podemos tratá-la como mera causa de conceitos, o que é bem diferente. Por um lado ela possui uma abrangência ilimitada e contém em seu escopo conceitual o mundo inteiro, por outro lado ela é destituída de conteúdo e não é capaz de sustentar sequer uma viga nem de erguer um prego nem de segurar uma palha; podemos então concluir que seu resultado será sempre ou fantasioso ou uma aporia. A menos que se acredite que o mundo é de fato vazio de conteúdo, a metafísica serve apenas de alegoria para o nosso pensamento, o qual tem a tola mania de não se contentar com a banalidade do mundo empírico, o único com real efetividade. Ao retirar esse aspecto claramente teórico, podemos perceber p significado prático da metafísica: servir de estrutura a algum pensamento que não aceita ser reduzido ao mundo empírico. É por isso que filósofos empiristas são tão fáceis de entender, enquanto os racionalistas são tão complicados, estes "viajam na maionese".

Aspirar por algo mais que a imediatez das sensações não é proibido nem delirante, contudo não passa de renitente idiossincradia de sonhador imerso num mundo pouco empolgante. Creio que o homem é um animal imaginativo e que poucos de nós reconhecem que suas ideias não passam de ilusão. Essa insistência ubíqua em grandiosos voos especulativos e essa teimosia em não admitir sua frágil existência e condição terrena o legitimam a querer algo mais para seu ser, como se , ao não conquistar o acesso ao sublime/divino , a vida não valesse a pena. Ela vale, só precisamos descobrir como valorizá-la prescindindo da metafísica. Arte, ética e existencialismo podem ser de grande serventia nessa empreitada.