31 de dezembro de 2009

Fanta e as lembranças

Por que a Fanta que bebemos quando criança não tem o mesmo gosto de hoje? Mudou algo em nosso paladar ou foi culpa da bebida? Por que brincar de Comandos em Ação, entre outras infantilidades, nos satisfazia e nunca mais ficaremos enfastiados do mesmo modo? Como jogar Atari ou Mega Drive que não era nosso, mesmo sem zerar, nos enchia de alegria; nada mais terapêutico...

Por que imaginar como era a técnica de tocar um instrumento era melhor que tocar um deles? A performance nunca é o que deveria ser? Por que nossa banda favorita aos 10 anos nunca mais se repetirá? Achamos graça de nosso passado, mas a nostalgia indica nossa valoração.

Por que o amor da juventude jamais se realizará? Ninguém pode ser tão belo quanto o primeiro platonismo.

Por que jogar 64 sempre terá sido mais prazeroso que a atual 51? Desejos imediatos eram satisfeitos, agora não sabemos o que queremos, apenas temos um ímpeto por algo desconhecido – consumismo agnóstico. Ah, pele lisa que nos envergonhava e que seria facilmente trocada por nossas rugas, manchas e cicatrizes...

De que adiantou meses de estudo para ser aprovado? Quem não se esforçou também passou! De que serviu meses de academia? Quem não malhou também comeu! De que serviu uma boa faculdade, com notas boas? Quem não se formou também ganhou dinheiro! De que adiantou não ter barriga? Apenas auto-estima para sonhar com uma esperança que nunca se concretizará...

Para que saber, conhecer, tocar, sentir, influenciar e ser influenciado? O que fica é sempre a primeira impressão. O subliminar e o inconsciente ativam-nos e ativam os outros. O que fazemos intencionalmente é mero alívio da consciência.

Quem não tem objetivo nunca pode comemorar as conquistas, porque não sabe o que conseguiu. Porém, uma vida calcada em tópicos é não ter individualidade, o positivismo é a destruição das surpresas que a vida nos reserva. É preciso uma cabeça de borracha para apagar os arrependimentos e gozar de uma felicidade alternativa.

Esforços não mudarão uma palha do preconceito do próximo. Julgamentos morais persistem quando se é ressentido. E quem não é? Quem não faz jogo de poder em um relacionamento? Quem se predispõe como inferior para ser submisso do dissimulado superior?

A gente nunca quer nada fácil. Mulher é mestre da jogatina do amor. Submete seus desejos em troca de sua reputação. Como ser tão estóico? Álcool para subverter...
Por que sutilezas e empatias simuladas nos amadurecem mais que vontades satisfeitas? Damos valor ao que queremos e não temos. Só quem reconhece a necessidade e sofre por sua irrealização consegue aprender. Mimados jamais serão completos.

Querer não é poder, mas é o começo. A atitude, quando não confundida com desespero, irá nos mover. Fim de ano melancólico, mas o comodismo foi repelido, só o sofrimento traz crescimento. O caminho costuma ser mais produtivo que o alvo, afinal, seria o fim, e só existe o fim quando não há mais alvo.


P.S.: 48 publicações no ano, quem conhece, sabe q esse número tem significado.

27 de dezembro de 2009

Mulheres, minhas intenções

Redenção

Atos cruéis, perversos, sensação de culpa
Não existe pecado, mas me sinto malvado
Recorro a nenhum ente, seriam desculpas

Recuso projetar falhas, ninguém se eleva
Precisa me julgar a musa que cativa
Dá-me sentido à vida e redenção, me ativa
Só consigo descobri-los numa alma de Eva

É bela, altiva, delicada e compassiva
Outro alvo, outro interesse, nada satisfaz
Entrego às damas poder, afeto e prazer
É o romântico egoísmo emancipador,
Leia ascensão mútua (não como enganador)

Desejo isso e aquela que isso lhe desejar
Mereceria mais, é somente louvar,
Devoção ociosa, apaixonado vigor,
Luxo desta época: se fazer sedutor

Quem ainda se importa apenas com a cópula –
Óbvio contemporâneo materialista –
Objetiva, coisifica-se, perde a vista

Seja tudo deixado em seu devido tempo:
Para a paixão iludir e o amor construir.
Querer hedonismo – jurar prazer sem fim
Também profundo compromisso, não ruim,
Sem posse, que liberta; um idêntico ator
Elogiar a rica performance artística
E recriar o, agora indefinido, amor


Ela em mim

Ainda penso, ainda sinto
Absorto quando ocioso
Mas tranquilo também fico
Supero o tédio se receoso

Não precisaria homenageá-la
Ela me passa segurança
Minha besta, sei que amansa
Justo por isso, nunca me cala

O vício em serotonina:
Esta será a nossa sina?
Alimentação de triptofano
Através dos atos profanos

Como esquecer seu jogo de quadril,
Os eróticos espasmos no cio?
Róseas auréolas, alva tez
Provocam genital turgidez

Sorverei, sim, sua vulva
Se em minha boca servir
O encaixe; e os cachos de uva.
Até a hora de despir e despedir

Esta relação hedonista
Desperta minha veia artista
Nenhuma substância ilícita,
Só prazer entre nós incita

Ela projeta em mim tesão
Tensão, como dizer um não?
Sonho, mesmo sem reprimir
Deixo inconsciente fluir

Proponho um brinde à juventude
Pois, implacável, o tempo urge

22 de dezembro de 2009

Sobre Relacionamento Aberto

Qual a maior prova de amor, hoje? Seria a perda da liberdade do(a) amado(a)? O sentimento de posse/propriedade se sobrepondo à efemeridade da emoção. Realismo: em um mundo vulgar e líquido, talvez seja o único valor que restou. O ciúme como insegurança e medo de ter seu objeto (sic) perdido. A fidelidade como prova moral de comprometimento. A mulher e sua quase obsessão por casamento, que a reconforta, afinal há um contrato que não a deixará desamparada; além da vaidade, reputação assegurada e a - instituição - família. Ingênuo é aquele que acredita que a mulher é mais romântica que o homem, ela sempre foi mais prática.

Sinto muito, mas, mesmo que um homem se convença da praticidade que a família traz, ou de uma metafísica em que ele sublima o amor, ele continuará desejando, conscientemente ou não, outras mulheres. Nossa culpa não é grande, são os genes que querem se perpetuar; o que somos além de máquinas gênicas? Instrumentos de melhoria do quadro social? O superego, a moral vigente, quer e espera que o macho se resigne com sua posição monogâmica. Mas as fêmeas só não são iguais porque não possuem a garantia do afeto paternal futuro. Alguns primitivos garantiam isso vivendo em comunidade, sem posse patriarcal. Todos eram de todos e cada um cuidava do outro. Porém, a estruturação social mudou.

Atualmente, o crescente individualismo impossibilita esta provisão, diminuindo a confiança de um pelo outro. Quão poderosa uma pessoa pode sentir por ser a única a receber o amor da outra? Mas e quem deseja escoar ao máximo seus amores internos potenciais, na quantidade que for necessária, para esvaziar seu recipiente de sentimentos, para tornar a enchê-lo, em um belo ciclo, que afasta ressentimentos? Dopamina, oxitocina e serotonina são viciantes. É o naturalismo contra a burocracia da vida moderna. Uma tentativa de visão artística e de potência da vida, que é mais que nosso arrogante antropocentrismo. Quem ainda vê beleza e transcendência no sexo e no relacionamento? Eles se tornaram um problema de desempenho.

Haveria mais gente feliz? Ou não há mais retorno? Tornamo-nos duros demais para coisas tão singelas? O que endurece e finca raiz é mais difícil de ornar e esculpir. A possessão e o escrutínio público não permitem esquecer nossa individuação, colocando o orgulho e a vaidade como sentimentos intransponíveis à liberdade e à ajuda de fazer feliz quem se ama. É impossível a dedicação e o carinho, em profundidade – o que mais exigir? – a quem não se tem a posse (exclusiva)? Isso é tratar uma pessoa como objeto.

Mas talvez seja também ter muitas necessidades e querer preencher os vazios, um consumismo hormonal, ou uma posse descartável, ou ainda, uma histeria por experimentação?

Quem consegue ser feliz na estabilidade e no tédio da vida a dois por tanto tempo e com tantas preocupações a solucionar? Muito pouco amoroso transferir seu problema ao outro. “Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza”, leia-se tolerância. Isto é, continuar admirando o que é contrário aos seus valores. É preciso completude e respeito à individualidade do outro, o que é diferente. O mundo já é cheio de motivos para sermos pessimistas. O romantismo é ser cego, ignorar defeitos, quando os percebemos e nos afetam, morre toda a fantasia. Isso é ser idealista? Que pena...

Para finalizar, um trecho de uma música-tema sobre isso, A Maçã: “Amor só dura em liberdade/O ciúme é só vaidade/Sofro, mas eu vou te libertar”.

21 de dezembro de 2009

Mudarei

Cômodo repelido

Incômodo comodismo
Desconfortável conforto
O descanso é cansativo

Consolo não mais zeloso
Sossego que desanima
Negativa atividade
A gratuidade é passiva

Bem-estar desagradável
O mal-estar fortifica
Impele, motiva, afinca
Não se tem, assim se quer

O inóspito me acomoda
A proteção lhe perturba
O cuidado que enfraquece
Forças vindas do importuno:
Diligente inconformista

Desinteressante agrado
Agasalhe bem seu ânimo
Empenhe-se neste afago
À pertinente irreverência

Sofrível prazer
Alegre sofrer


Faz bem, faz mal

Pareço portador de ciclotimia,
Rainha de meu armado pedestal,
Gosto apenas do que me causa arritmia
É o caso do estouvado romance astral

É musa impassível, Hera terrível,
Vive em meio a pedras e superfícies
Nada me indica que estou a seu nível
Deste rapsodo assustam-na os artífices

Com a raridade de boas notícias
Deixo passar todas as minhas premissas
Quando recebo uma, celebro, exagero
Insensato, boto fogo como Nero

Ela me faz bem - reacende a paixão -
Ela me faz mal - escuto muito "não"

A influência da tradição Sturm und Drang
Faz abranger a falange de meu sangue
Nesta acepção simbólica da existência
É resolvido o problema da carência

Após várias derrotas e planos B,
Dúbio, pois na vaidade impera a visão,
E incauto. Retorna-me a inspiração
Só ela que renova a alegria de viver

Ela me faz bem - reacende a paixão -
Ela me faz mal - escuto muito "não"

12 de dezembro de 2009

Nada bem

Em Desarrimo

Cansado de sentir-se idiota
Cansado de ser feito de otário
Quer fugir para uma errante ilhota
E dormir sob as gotas do orvalho

É o maldito desejo que brota
Não importa mais o seu salário
Antes tivesse adquirido gota
Ou vivesse jogando baralho

Vislumbra nenhuma conquista
Pelos outros não é bem quisto
É inevitável, pelo visto,
Um futuro qualquer à vista

Não sabe enfrentar sua derrota
Por ser contumaz, não muda a rota
Aqueles que surgem em auxílio
Acalmam o ímpeto de suicídio

Veja bem, ele não faz o bem
Meu bem, ele gosta é de ninguém

Parcas vitórias premonitórias
Suas glórias fogem à memória
A busca assídua da perfeição
Verteu-se nele na depressão

Com altos deveras provisórios
Descuida, concentra-se nos baixos
E julga tudo como ilusório
Apagando jamais o seu facho

Exagero de expectativas?
Mimos impediram o atino
Fêmeas foram não receptivas
Desanima-se, em desarrimo

Tem angústia ou ansiedade
Nem, rústica é sua vaidade
Arredio, não vai mais se orgulhar
Só um arrepio, e depois se calar

Não sabe o que lhe seria melhor:
Estável, sem desafios nem riscos
Ou irritável, curto pavio e arisco.
Assim, tudo vai ficando pior

Sumiram daqui todos os dados
Assume-se, enfim, um derrotado

Exigente, e ficou intolerante,
Intransigente, e acabou emigrante
O decadente social, garante

Sua ilha precisa de brisas
Sua metafísica é tísica
Seu platônico é histriônico
Seus sonhos, ademais, insanos
Assim é o genérico inepto

8 de dezembro de 2009

Inescapável ciclo

Ciclo é mania

Cíclico impulso ciclotímico
Ciclo virtuoso tornado vicioso
Sim, com cinco ciclos sinto

Irrefletida compulsão
O retorno é sem compunção
Do pulso, sua pulsação

Como um ciclone, em espiral
A repetição sem fim, sempre igual
Repete, repele; compete, compele

Reparar é sua mania
Intensa esquizofrenia
Diz a diarista, dia a dia

De novo, ele quer revolver
Neurose impele a negação
A evitar tomar o revólver
Sucesso, enfim se mantém são
Há regresso: o ato reatado

Paranóico e maníaco compelido
Por seus traumas infantis cumulativos
Apenas megalomania egocêntrica
Ciclos retornam e repetem, intensos
Pensos ou apensos; eu penso ou não penso


Amor e Reparação

Eu gosto de você,
Bem, melhor dizendo,
Gosto deste gosto

Separo, divido, estripo
Para o meu bel-prazer
Ah! Mas que sensação.
Posso me dizer feliz...

Mas o que estou a fazer?
Am I the Jekyll and the Hyde?
Eu não sabia ser sádico
Agora vou reparar-me,
Ou seria reparar-te?

Junto tudo como um cirurgião
Sem cicatrizes para você
Eles ficaram cravadas em mim.
- Agora você me ama?

Jogo-me aos seus pés,
Subtraio-me, puno-me
Sei que devo minha vida
A quem me trouxe felicidade

Você! Que, enfim, me possui.
Agora, sim, você me ama

27 de novembro de 2009

Fase (?) Pessimista

Ridículo

Eu, de fato, sou ridículo
Internato ao furúnculo
Por que tu deves gostar de mim
Ou eu me interessar por ti?
Perda é só o que há aqui

Quem me dera ser hedonista,
Sádico ou masoquista
Não há saída: sou pessimista

Surge-me o sentido da vida
Eis que é ajudar uma querida
A curar as suas feridas
E quitar minhas dívidas?
Escutar muitas eqüinas.

A velhinha não me atrai
Indiferente à sua história
Apenas penso no entra-e-sai
Bebo para fugir da memória,
Morcego da adolescência,
Consciência e demência

Volto ao ponto de partida,
Clara e vidente decadência
Biografia falecida
Do homem da ciência
Sem dúvida, escrevo bebum
Sentido, de certo, nenhum

São vinhos e a certeza
Da derrota iminente,
Arrota e toma tua cerveja –
Rota contraproducente
Também contracorrente

Vide: perdido e perplexo.
É que nada, absolutamente,
Parece-me haver nexo
Não sei como não me mato,
A esperança impede tal fato

Solitude, não completude,
Justifica esta atitude.
Alimento jogado ao mar
Ao relento meu lento odiar
Confuso, deveras impreciso
Abuso, redimir-me preciso

Livros para erudição
Música pro sentimento
Morte minha, sem coação.
Você me diz “eu lamento”
Alcoolismo é solução?

Chama, lama e cimento,
Chama lhama em Sorrento
Chás melam o bobagento
Muita, muita informação
Curto momento idílico
Eu disse: sou ridículo


P.S.: Se em meu auge físico e intelectual eu me considero um fracasso, imagine em minha decadência fisiológica... Vida é potência, senilidade é para os resignados.

26 de novembro de 2009

Medo e Infância

Eu posso ter medo de algumas coisas. Mas eu seria corajoso enfrentando qualquer situação, ao menos eu projeto assim de minha cômoda contemplação. O maior empecilho seria o medo da perda, de meu status quo, que poderia ocasionar depressão. Sem dúvida, não tenho pavor de nada. Em uma provável parcial auto-análise, eu diria que meus maiores pequenos medos são de altura e de me sentir inferior (ridículo) – irônico, não?

Não sei explicar o porquê de minha insegurança em locais altos, mas eu circulo por eles, em mirantes, montanhas-russas e junto a janelas de prédios, por exemplo. Então, é algo normal, aquela apreensão de que após um movimento em falso, eu cairia e não haveria volta. Além da visão aterradora da temível queda; talvez eu precise pular de bungee jump para conhecer a sensação dessa experiência e acabar de vez com este temor.

Quanto a me sentir inferior, rejeitado, escarnecido pelo escrutínio público, com orgulho ferido e reputação manchada, é parte de minha projeção existencial. Eu preciso me achar bom e superior, à maioria pelo menos. É parte de minha personalidade, eu me esforço, quase sempre solitária e autonomamente, inflo meu ego e afago meu orgulho, no momento de expor minha vaidade, é muito difícil eu aceitar o escarnecimento, mesmo que de pusilânimes, apesar de que esses ignóbeis têm mais chances de desmoralizar, pois não entendem meu comportamento e obviamente, ao inferiorizar alguém que lhes é elevado, sentem-se exaltados. Mesmo que eu não precise da aprovação de ninguém com meus atos, é necessária minha consciência limpa, que me diga: “aí, tu é foda mermo, hein!” – e também por culpa de meu perfeccionismo.

Talvez seja essa última a minha única “angústia infantil mórbida”, resquício da vivência infantil que os psicanalistas defendem como marcos definitivos do nosso caráter. Eu sempre contestei essa posição, defendendo os traumas da adolescência como os marcos mais importantes, por justamente ser uma fase mais consciente que a da tenra infância. Conflitos edipianos e com meus pais nunca passaram pela minha cabeça, rejeito veementemente esses argumentos, se não fosse pela minha leitura sobre o tema, nem saberia que amar a mãe e querer matar o pai existisse, muito menos que fosse comum. Talvez pelo meu pai ter sido muito mais amável que minha mãe e por eu ser filho único e não ter a concorrência por atenção. Nunca fui possessivo com pessoas, apenas com objetos; sou grato a mim por hoje não ser possessivo com mais nada além de mim mesmo, apenas as minhas idéias transitórias são minha extensão.

A minha falta de religião e espiritualidade durante quase toda a minha vida, exceto por uns 2 anos juvenis, e a liberdade, ainda que restrita pela responsabilidade inevitável (como não ser um existencialista com uma criação destas?), formaram-me, como alguém não reprimido, que não precisa esconder algo por vergonha e que enfrenta qualquer inconveniente, desde que valha o risco de ferir a própria honra. O pecado não existe para mim, há apenas crime (sendo que este eu tenho contestado), porém nada de imperativo categórico, apenas hipotético, de uma forma maquiavélica. Não conheço novos conceitos psicanalíticos que invertam esta superestima da infância, por isso não argumento melhor. Porém, sei que o contexto vitoriano e repressor cristão não existe mais, o que exige a reformulação para apontar quais momentos em nossa vida são nevrálgicos à nossa idiossincrasia.

Eu tive uma infância tranqüila, é difícil eu reclamar de algo nessa fase, na verdade eu tinha pouco ímpeto, além de paixão por futebol e ser um bom aluno e filho, não me recordo de me entusiasmar com algo, talvez por algum tempo por carros e brinquedos, mas nada a que eu me agarrasse e chorasse por não ter. Por isso eu não sou um consumista hoje? Pode ser. Historinhas e músicas infantis nunca foram mágicas e tinham forte apelo. Talvez eu sempre tivesse gostado mais de agressividade, sangue, lutas e competições, mas a não prática desses atos arrefeceu os instintos psicopatas e imorais. É triste, porque não me permitiu descobrir meu dom; sempre fiz o que os outros esperassem que eu fizesse, e depois eu passei a contestar isso e a fazer só o que eu quisesse, sem ajuda, o que me deixou bastante autônomo, mas incompleto. Penso eu que é melhor ser um resistente ermitão de parcas obras e raros elogios, porém de forte individualidade, a ser marionete social, em um grupo coberto de máscaras e maquiagens, escondendo aquilo que todos temem em expor ao público, mesmo que (ilusoriamente?) feliz.

Quanto à adolescência, aconteceram situações que ainda me apresenta como fantasmas. Talvez eu superestimasse os outros; acabei não sabendo lidar com meus desejos e preceitos. O problema não foi o rompimento com a infantilidade, mas a angústia de ficar à deriva no futuro e naquele presente. Eu era invejoso do desconhecido, desconhecendo a reação? Acho que eu sempre fui diferente dos outros e, por não achar a minha “turma”, me recusei a fazer parte de qualquer uma. O que só aumentou meu orgulho, porém reduziu minhas experiências interpessoais, esfriando a compaixão que um dia eu poderia via a ter.

Tudo me levou a ser antissocial e misantropo, convivendo com a falta de exposição e experiência empática. Não sei se sofro, todavia é fato de que não tenho medo do ostracismo, afinal, se eu me dedicasse, eu seria um monge niilista ou sociopata. É isto: tenho medo de não ser temido?

19 de novembro de 2009

Rosto e Cio.

Rostos

Ó rosto de ontem que não voltará mais
Metamorfoseia-me, e ainda jaz
Em meu corpo buracos negros não ocos
Olhos e boca transparecem o inequívoco

Multiplicidades imanadas do estrato
Traçam minha individualidade, fato
Não intacto, abstrato, contacto sem contrato

Devir impessoal, porém individual
A efetiva arte se relaciona com Marte

Território desterritorializado
Ou idêntico desidentificado
Rosto – mapa de traços compositivos
Significar-lhe procura o incisivo

Fazer do vazio espaço a ser preenchido
Entre rostos, ah, quantos desertos
Rugas – caminhos existenciais percorridos
Cada um as pinta com suas tintas
Sigo até a morte, quando não mais deserto

Visão de rostos durante uma vida
Muitos fluxos na paisagem pintada
Expressões e memórias são perdidas
A potência de afetos é afetada

O corpo, o cérebro, os pêlos, o rosto
São microcosmos humanos à gosto
Fantasia, gozo, simpatia, nojo
Retas de encontro: eu e você. Não crê?


O cio do Brasil

O cio
Um negócio
Oscilo, nego o ócio
Colosso

Eu me vicio
Meu vício –
Ofício no edifício
Difícil, isso

Néscios:
Aécio e Laércio.
É sem nexo
O processo

O vazio
Inácio
A inércia no palácio
Que crasso!

...Brasil

18 de novembro de 2009

Honestidade contra Simpatia

Costumam me reprimir e admoestar por minha antipatia, como se eu estivesse fazendo algum mal ou causando algum sofrimento aos outros, além de indiretamente sugerirem que estou prejudicando a minha imagem; tende-se a julgar bem aquele que pratica o bem. Porém, como saberei a quem me dirigir mais estusiasticamente? Pratico apenas uma fria cortesia a desconhecidos com quem muito provavelmente não terei contatos contínuos nem profundos. Reconheço que às vezes exagero, fica aquém de um esforço de simpatia a quem eu deveria ser um pouco mais educado e gentil. Talvez eu seja muito interesseiro e realize esse esforço apenas com quem eu desejar algo em troca, todavia, costumam ser tão poucas pessoas que se tornou um traço de minha personalidade a indiferença, a ponto de ser natural. Tanto é que mesmo àqueles que eu intencionalmente tento agradar e transmitir atenção não reconhecem, e até estranham, a minha excêntrica sociabilidade dirigida. É rispidez?

Entretanto, pessoas que se julgam amistosas e educadas são capazes de transmitir antipatia e algum mal a mim, mas não sei dizer se elas fazem isso conscientemente ou não. Mas fazem. Pois, como eu tinha interesse nelas, e elas não correspondem, por qualquer motivo, grosseria que perceberam em mim, ou não entenderem a minha obscura comunicação, ou falta de atenção ou de polidez ou por conflitos vindo delas, ou ainda por não me ouvirem direito, eu também me julgo prejudicado. No fim, qual a diferença na atitude delas e na minha, enquanto simpatia? Só aquele que reclama poderá responder.

De minha parte, não passarei por hipócrita e conseguirei me justificar, enquanto os outros se esquivam. Sou discreto, mas se surgir uma situação comprometedora, torno-me desbocado e escancaro a verdade, como o personagem Salgado Franco, o super sincero. Apenas não caço confusão, mas não fujo da encrenca. As pessoas em geral tendem a ter medo de situações embaraçosas, elas são demasiado políticas, inventam desculpas para não ferir e magoar o semelhante. Receber isso, para mim, é pior, pois além de ser derrotado, não consegui sequer extrair a verdade e me interessei em alguém covarde. Preciso me esforçar para dar a impressão de que suporto qualquer verdade e inconveniente e que detesto a malícia do esquivamento compassivo.

Não há como saber a intensidade com que foi ferido o outro ignorado e/ou repelido. Em minha ética, evito máscaras, assim, entro em conflito com quem só sabe se esconder. Às vezes, toco na ferida só para ser xingado ou elogiado, dragando a honestidade. Não tenho mais medo da rejeição; a indiferença e o silêncio é que me angustiam. Isso significa que não despertei qualquer sentimento e não tive a mínima importância para aquele sujeito. É muito mais desestimulante que perder uma pequena batalha, pois retira a esperança. Como ver um horizonte sem ter potencial? Estou aprendendo a perseverar, mesmo com tantos fracassos e parcas vitórias. Afinal, não sou de todo pessimista.

12 de novembro de 2009

“A filosofia de um século é o bom senso do próximo”

Mais um texto antigo (mas nem tanto, somente alguns meses):

Ao ler, parcamente, sobre história e filosofia - e história da filosofia -, e ao refletir sobre a frase-título (sinceramente não sei a quem é atribuída, provavelmente é de domínio público), sugiro que o melhor seria dizer: A filosofia dominante em um período será a dominante em uma sociedade daqui a um século, aproximadamente. Afinal, um século consegue se resumir em um período? Ou, filosofia é bom senso? Ou ainda, de que região geográfica é essa filosofia e essa sociedade?

É inerente à filosofia estar na vanguarda. Ser contrapelo do contemporâneo. É essencial a ela a extemporaneidade, ser, assim, inatual. Ou por contemporizar e conjecturar em demasia a ponto de adentrar em outra realidade ou por nostalgicamente relembrar os mestres e ensinamentos que foram oráculos que previram os efeitos dos enigmas que angustiavam a humanidade. O filósofo se recusa ser moldado por seu contexto, ele quer por o tempo sob sua medida. Só depois do tempo que for necessário, a compreensão de suas idéias serão difundidas, apreciadas e efetivadas socialmente.

Vejamos a efervescência intelectual e teórica do período de 1750-1850 – iluminismo, idealismo e positivismo, por exemplo. Apesar de embasada no contexto da época, não se refletia in lato na sociedade, mas apenas em determinados círculos. Muitas novas idéias e práticas surgiram nessa fase, como os grandes compositores e as revoluções e a independência generalizada na América, entre outras. A Revolução Francesa e a Revolução Industrial representaram rupturas práticas, que passaram por um período de transição, característica da dialética da história, com resistências de diversos grupos. A sociedade ainda não havia apreendido essas “idéias modernas”.

Vejamos dois dos maiores filósofos do século XIX: Marx e Nietzsche. Poderíamos trazer à tona outros pensadores influentes, como Adam Smith e os utilitaristas, Kant e Voltaire. No entanto, vamos nos ater a esses dois em face da ponte que será feita entre o fim do sonho revolucionário em 1968 e o dito pós-modernismo da sociedade contemporânea; assim como foi a ponte entre o idealismo social de Marx e o ápice do movimento idealista alemão iniciado em Kant e que culmina em Nietzsche.

Marx influenciou fortemente o século XX, em parte pelo modelo capitalista não solucionar graves problemas sociais. Ativistas que desejavam transformar a sociedade viram na filosofia marxista as soluções às disfunções do modelo capitalista vigente. As duas principais obras do autor, Manifesto Comunista (1844) e O Capital (1867), atingiram seu ápice nas tentativas de revoluções pelo ocidente (EUA, Brasil, França) em 1968. Ou seja, houve um período de, praticamente, um século exato. Excetuamos Cuba, que conseguiu êxito e aplicou política e economicamente, em toda nação, os ideários marxistas, ou, pelo menos, grande parte deles.

Nietzsche, tido como o grande expoente do pós-modernismo, com idéias de individualismo extremo, de antidemocracia e de libertação de moralismos cristãos, hoje em dia é o filósofo mais lido, substituindo Marx. Suas principais obras situam-se entre 1878 e 1888, ou seja, novamente, a sociedade o “digeriu” cerca de um século depois. É claro que nem toda a sociedade adere esses valores, assim como nem todos os que podem ser classificados como pós-modernos lêem Nietzsche. Porém, assim como muitos dos revolucionários de 1968, mesmo sem lerem uma linha de Marx, apoiavam o movimento e tendiam a concordar com os ideais marxistas, a atual sociedade tende a concordar com os valores nietszchianos, mesmo sem ter consciência disso. É um mimetismo social que faz com que intuitivamente cada sujeito se predisponha a acompanhar o fluxo do sistema.

A dialética da história humana entra novamente em cena, os valores marxistas de comunhão, solidariedade e valoração da sociedade em supressão ao individualismo foram substituídos por valores de individualismo, indiferença social e política e comportamentos dionisíacos e inconseqüentes. Assumimos que essa abordagem é reducionista e analisa apenas o viés da expressão clássica do título. Isso significa que vários outros fatores emergem e infuenciam; a sociedade é muito complexa e dinâmica, assim como eram esses dois filósofos clássicos. No entanto, verifica-se a clara influência de suas filosofias nos jovens de épocas distantes a cerca de um século das obras filosóficas. Isso significa que só grandes pensadores que vêem as sutilezas da sociedade e do homem, assim como conseguem apontar para o futuro, conseguem criar uma obra explosiva cujos efeitos fazem-se sentir apenas muito tempo depois.

Exposto isso, o que podemos esperar do futuro? Quais foram os grandes pensadores da primeira metade do século XX que serão os grandes influentes da geração que virá? Arriscamos dizer que pensadores tradicionais, como Foucault, Sartre, Dewey, Bergson e Russell influenciarão na primeira metade deste século. Porém, serão os visionários heterodoxos, ficcionistas, que refletirão a sociedade do final deste século. São escritores como Clarke, Dick, Heinlein e, em especial, Asimov, que serão considerados os profetas da tecnologia. Resta à sociedade resolver problemas morais e existenciais, que poderá ocorrer no período de transição de influência de filosofias de Sartre e Russell, bem como de Nietzsche, Deleuze e Derrida. Isso se faz necessário para que o homem possa entender a importância e a inevitável dominação dos robôs e da inteligência artificial no planeta. Eles serão economicamente muito mais viáveis, e caminhamos a passos largos para tornar a Economia a principal estruturante do mundo plano.

A humanidade será instrumento dessa vida criada pelo homem, o oposto do que acontece hoje e do que o homem espera. Será a efetivação do monstro Frankenstein. O homem em toda a sua arrogância será superado. A guerra que poderá ser desencadeada entre essas duas formas superiores de inteligência poderá formar um cenário apocalíptico como o exposto em Matrix, mas é para isso que servem os períodos de transição, para aplainar o terreno para a síntese. A menos que alguma metafísica volte a superar o frio materialismo, então o homem perceberá que o racionalismo enviesado e o cientificismo niilista não o tornou mais feliz, como já havia prevista Goethe.


P.S.: Estou postando essas coisas antigas por falta de inspiração mesmo e para manter o blog atualizado. Achei superficial, mas eu não consigo me aprofundar em nada, sou um pedante.

11 de novembro de 2009

Old, old lyrics

Mestre dos Sonhos

Doces sonhos é o que tu tens
Fazem tua cabeça girar
Teme nunca se sentir bem
Estás sabendo que irá pirar
Afogas-te na própria mente
Esperando que imagens apareçam
Torna-te um ser deprimente
Sem qualquer controle, tu pensas...

Vários fantasmas te assombram em teus sonhos
Imploras por ajuda e não consegue acordar
Estás sendo possuído por um ser risonho
Apenas sonhos impossíveis de controlar

Achas que tudo isso é um pesadelo
A verdade, verás num instante
Ajudado por algum ser supremo
Que aparece em teu sonho constante
Odeia as imagens que vês na viagem
Sem ter uma explicação coerente
Adoras a visão desta miragem
Aguardas que ela seja real, é...

Imploras por ajuda, mas não vais acordar
Estás sendo possuído por um ser bisonho
Mestre de sonho impassível, a dominar



Behind Enemy Lines

All of us are living in risk, far beyond our limits
Nothing else seems to matter when we’re in a pile of shit
Makes no difference we look behind, in the past
We’re living in a cage and how we gonna resist?

Try to escape to not be raped
Give them cash, slayers want your flesh
Capitalism, Cannibalism
The empiricist wanna employ me

Behind enemy lines
Behind enemy lies
I stand stubborn
I remain instead of you

Shadows in your mind, stay there for how long?
The fear of death keeps to torment your drafts
Sacrifice is the pleasure borned in psycho nature
Feed the eyes (and mind) of those who love the hatred

Take a ride, then you hide
So nevermind, they won’t take your pride
Live in sin, just within
You’ll infest, the anger will kill the next

Behind enemy lines
Behind enemy lies
I stand stubborn
I remain instead of you


Hopeless Future

We built a world based on racism and hatred to acquire these results
Now everyone is hurting and anyway we stay with crossed arms
Atomic and nuclear bombs are tools bringing too much pain and disease
Surveillance and idolatry formed a porcelain face seeking the power

It’s a dead world, but we insist on living. This is the future anyone predicted?
Piles and piles of waste. Nothing above the law. Apocalypse comes, we’ll see

Technology not for men, conqueror dominates our land
Holy wars are salvation, despite killing a whole nation
All their buildings, museums and castles gonna be reduced to ashes
The State became prowler, killers now have the power

And what we gonna do?
- Eject, forget, infest, reject
And what we gonna say?
- I don’t know. What do you want? Where’s my faith? It’s the end

Nothing!! Will do what you…
Nothing!! Will say what you…
Nothing!! Is what you want.
Nothing!!!


P.S.: Essas letras são umas velharias juvenis que escrevi e nem me lembrava mais. Devem ter quase 10 anos - continuam atuais? (Como sempre, não) Achei-as revirando alguns papéis antigos de música. Eu sequer digitei isso em algum lugar antes. Percebi que eu já era pessimista e agressivo àquela época. O estilo mudou muito? Não sei fazer uma fria avaliação, por favor, diga-me o que achou. Mas, sinceramente, não achei tão ruim, apenas imaturo.

31 de outubro de 2009

São Emoções e Razões Então, Não?!

Canalizando Emoções

Estou pronto para entregar meu amor
Se não consigo, tenho ódio a dispor.
Em momentos, sinto-me como da paz
Maldito instinto de guerra, sempre atrás.

Assumo-me niilista: destruir?
Ou criativo, mas não uma gueixa.
Resolvo todos os fardos assumir
Não! Mais liberal, passar ele deixa.

Adoro o mar, o ar de sua aurora ímpar
Agora, só há vontade de detestar

Faço, então, esforço dialético
Tão radical quanto a dicotomia
Em um equilíbrio tão profético
Ora, mais estéril que uma histeria

O tédio surge de tamanha razão
Pois emoção eu quero, mas não sinto;
Persiste imaginação, meu instinto.
A técnica se torna ataraxia,
Onde logo encontrar a fantasia?

Processo de canalizar emoções
Progresso sem analisar as razões
Dúvida: adular é, portanto, ser bom?
Discordo, por enquanto não ouço o som

Tudo se resume em ser inspirado.
Fora antiga máquina, calculando.
Eu semeio aos poucos, uso arado -
Colherei, porém não saberei quando


Em formação

Informação em formação
Transação em transição
Contra a ação, contratação
Com tanto trato há contração

Condes são contra a condição:
Com tração, controle e ação!
Entre trens, tensão, é traição.

Três vis irmãos, entrevisão
À mão até entrevistas são
Antevisões na contramão
Gamão, come on, vem não

Colorir a boloração
Laborar a locomoção
Louca comoção; logra locação
Extra! Extra! Extradição
Do estrangeiro sem dicção

Informe formal, a formatação
Eis a forma da formulação


P.S.: Falei de emoções, mas fui muito racional. Tive a inspiração, rascunhei; vários dias depois escrevi a poesia. Na verdade, só publiquei hoje (31/10) para aumentar a média mensal. Fui apressado? Dane-se, nem sempre se pode ser impetuoso e entusiasmado. A racionalidade também tem seu peso.

19 de outubro de 2009

Poesia em dropes

A sombra do sombrio

Soturno, sorumbático
Macambúzio e psicótico
E absorto, casmurro, era tão
Embevecido, ele, turrão


Modularmente

Carente, somente a serpente mente
Caliente, sente a mente dormente
De repente, gente rente ao pente
Crente ao repente quente e doente

Com qualquer advérbio de modo
A mais, eu sei, pois, que incomodo


Ter e manter

A gente quer ter o que não tem
E quer manter o que se tem
Apesar de não querer ter,
Mas apenas por posse a manter
O apego da individualidade;
Onde começa, pois, a falsidade?


Um feito

O jeito perfeito:
Eu deito no leito.
Conserto o direito,
É feito o prefeito
Conceito defeito:
Aperto no peito


E a rata?

O pirata na maca mata a pata
Cata a nata, que é da vaca, na lata
Barata na batata, paca chata
Bata com faca na pata da gata
Combata na casamata a cossaca
Pró-rata, atraca a catraca barata
A errata fraca é o que data a matraca


P.S.: Ideias incompletas, mas originais. Tive inspiração para fazer uma ou duas, talvez, completas, depois termino. Por enquanto, são apenas essas simples acima. Ao menos é diferente. Alguma conexão? C'est tout...

12 de outubro de 2009

Somos criminosos, deveríamos ser presos?

Quem nunca cometeu um crime tipificado em lei? Um furto, um desacato, uma violação de trânsito ou dirigir bêbado. Enfim, ser subversivo com algo de pouca monta, sem vítima, ou quase sem prejudicados. Ainda bem (?) que é rígida apenas a nossa legislação, e não a sua execução. Se quase todos os presídios do país se encontram superlotados, imaginem o caso em que prendessem cada usuário de droga e ladrãozinho, e na duração completa da pena a que foi condenado.

Aonde eu quero chegar com esse preâmbulo? Defesa da marginalidade e da impunidade? Afrouxamento das leis, menos policiais ociosos, uma sociedade anarquista? Não é isso.

Além de denunciar que são escolhidos tacitamente os denominados criminosos, quero cogitar a possibilidade de todos passarem pela situação vexatória de ser preso, humilhado, ofendido, difamado, ter a ficha suja com delitos. Em suma, se houvesse uma justiça plena, com o cumprimento fiel dos códigos, teríamos um povo menos ou mais doente e neurótico? Valorizaríamos os mais pobres ou diminuiríamos o preconceito para com eles?

Quem seria capaz de enfrentar a tortura psicológica e física de um interrogatório, de uma revista, da perda da liberdade, de prestar serviços forçados? Especialmente aos mimados que nunca passaram por situação semelhante. Como eles viveriam o resto de suas vidas com o trauma de ficarem nus diante de tantos desconhecidos que eles costumavam desprezar; após levarem socos, tapas e pontapés; após passarem fome ou comerem alimentos podres, infectados e vencidos?

Não sei qual seria a minha reação e resiliência a isso. Eu suportaria sentir-me tão sujo e com meu pudor violado, quais seria o grau de meus danos psicológicos? Irreversíveis?

Isso tudo seria um grande teste à demonstração de força pessoal, que aumentaria o número de suicídios e homicídios, em prol de uma sociedade com mais indivíduos fortalecidos? Ou seriam ressentidos? Fichados, logo, reduzidos?

É só pela questão de tolerância com pequenos delitos que neste momento a repressão não ocorre, a meu ver. Além, é claro, de nossa tradição colonial de não punir a elite – intocáveis supostos exemplos de dignidade. O que aconteceria a nós, enquanto cidadãos, se socialites e filhos de importantes fossem para a cadeia, como ocorre nos EUA? Daria a impressão de igualdade, porém, a efeito colateral do temor de ser preso a qualquer momento não nos deixaria paralisados, alterando a nossa cultura de espontaneidade.

Ou é muita tolice esta conjetura? Afinal, há tanta violência, que é mais provável – e mais terrível – que um bandido qualquer faça barbaridades a esmo do que policiais prendendo todos os delinqüentes penais.

As noções de segurança, de medo e de vigilância equilibradas à liberdade, espontaneidade e serenidade são as questões que apresento. Pode ser patetice de quem contempla demais, mas não sofro pensando nos traumas que eu viria a carregar. Apenas penso que muita coisa iria mudar com o regime de Tolerância Zero, como mudou em Nova Iorque. Se isso seria melhor ou pior, é impossível responder, cada fator mudaria todo o cenário, cada experiência de vida teria seu julgamento moral momentâneo, político e interesseiro.

Entretanto, valeria à pena a tentativa do excessivo controle social e penal em nossa sociedade que vive quase uma guerra civil?

P.S.: Eu defendi alguma posição?

9 de outubro de 2009

Ao invés, apesar, criando

Uma poesia que dá muito bem para se tornar música, cantada em estilo MPB:

Apesares

Apesar dos apesares a vida é muito boa
A pesar os pesares quem será que reclama?
Pesar os apesares no conforto da cama
Apesar dos pesares dela nunca se enjoa

Apesar de você o pesar há de ser
Peso de esconder, apesar de querer

A pesar os pesares não troco o sofrimento
Apesar do apesares visto o fardo sem luto
Apesar dos pesares nem tudo são lamentos
Pesar os apesares entristece, contudo

O pesar há de ser apesar de você
Apesar de querer peso de esconder

Apesar dos pesares leve é sua verdade
Apesar dos apesares teve felicidade
A pesar os pesares ônus é moderado
Pesar os apesares foi desequilibrado

Apesar de querer, apesar de você
O pesar há de ser peso de esconder

Pesar os apesares, por favor, faça a fineza
A pesar os pesares e trazer tanta beleza
Apesar dos pesares a nossa alma fica tesa
Apesar dos apesares alimento sempre à mesa

Peso de esconder o pesar há de ser
Apesar de você, apesar de querer

:::::.....;;;;;,,,,,
Uma poesia que eu perdi, só tem o começo e o fim, lembro que ficou boa e de um tamanho razoável, com uns 25 versos. É uma pena, a inspiração não volta para completá-la, tente você:
O viés do invés (A Dialética)

Estou alto, ao invés de ser baixo
Agora não sei mais onde me encaixo
Escolho no ato, ao invés do que fiz
Troco os fatos, consigo não ser feliz

(final) Vês o viés? – Em vez, vi-o, és vil Invés!


P.S.: Toda essa minha arte pode ser rotulada em algum estilo? Gostaria de saber qual. Eu não tenho muita noção de técnicas linguísticas, apenas trabalho ideias que surgem. Acho que há muito de simbolismo e surrealismo, com infantilidades e alguma raiva irrompida. Se há qualidade, posso tirar algum proveito? Ou é preciso deixar assim, revelando a parcos desatentos a minha fase criativa e me sentindo bem por me iludir como artista?

8 de outubro de 2009

Não lembro, está obscuro

Não lembro

Recordo o recorde? Aperto o Rec?
Não! Não lembro.

Leio, estudo, decoro, realizo
Aprovam, louvam, calcam-me
Não ando mais duro ou liso
Em alguns dias, meses ou anos
Ou mais; mas é do passado
Não lembro

Como era aquilo, em exaustão vivido
Visto, sentido mais claro?
Fico só do momento querido.
A experiência tão ébria e cara
Não me lembro

Eu te disse: Foi tão lindo
Marcou nossas fases
Ah, se pudesse gravar num gravador infindo
Tu gostaste, eu também, como fizeste?
Não lhe lembro

Mil repetições, mil milhas gastas
Quantas pilhas e gases soltos, várias
Diga, diga, não é possível ser tão frouxo
Pois é, não te lembro

Palavras, verbos, regras, leis
Filmes, nomes, vermes, reis
O que comeste no almoço, na janta?
E aquele dia, ainda se lembra?
Isso é lenda, não, lembro não!

Uma vida inteira dedicada
Concentrada, é só a pergunta que não cala
Surgir e tudo vai para a inóspita vala
Não sei mais, sofro? Por orgulho
Gostaria, como? Mas não, não mais.

Lembro! Sim, milagre, era só ontem
Eu não sabia no outro, agora relembro
Reúnam todo, para que espalhem e contem
Assim... É... Como é que é mesmo?
Ilusão, estava aqui, porém passou
Como meteoro, grão, chispa, vôo

Desisto. Esqueci. Todas as vidas.
Ou seria bom não esquecer?
Tudo é fluxo, cessa o sofrer
Raízes aparentes, como cipós
Balangam e nunca viram pó

Ah, isso não. Quem sabe para quiçá
Eu me lembrar? Não sei. Quem dirá?!
Não lembro: não aconteceu


Obscuro

Mister é adelgaçar a obnubilação
E olvidar as bigornas de vossos egos
Em almoeda; escarnecidos por baldados
Fleumáticos e escusos pela expiação

Deveras démodé ao escrutínio
Conjectura alhures de leguelhés
Contumaz circunspecto, ao invés
Atônito, fausto bambúrrio

Sufrágio de séquitos invisos
Silogismo diáfano e fungível
Do azêmola geboso, mas lascivo
Libertino minarquista irascível

Alors, criptorquídeo ou castrado?
Aziúme sectário tomista
Sem tomos, o cético atomista
Indolente obtuso mandriado

O ofídio em sua deglutição
Do ornitoideo de arribação
À erma homeostase da entropia
Miríade de eremitas agia

2 de outubro de 2009

Um Resumo

Hoje vou fazer algo diferente (ok, pouco criativo), vou escrever o resumo de um livro a partir das citações que eu julguei como as melhores ao longo do texto. Provavelmente ficará extenso (se já não me liam antes, imagine agora – ao menos ajudará a minha memória), mas talvez lhe inspire ler no original tamanha sabedoria. Não colocarei entre aspas porque me utilizarei de várias paráfrases. Eu o li há 2 meses, mas estava atribulado com leituras de Nietzsche, então só agora me sobrou tempo.

O livro é “Do Amor”, de Stendhal, um escritor francês póstumo enquanto vivo, que utilizava de pseudônimos e criticava a sociedade francesa pós-napoleônica. O cidadão era um especialista sobre o tédio e falava sobre o amor por causa de suas experiências. Um malandro conservador, para os padrões franceses e iluministas. Seu livro mais célebre é “O vermelho e o negro”, que, por sinal, também li. Leitura recomendável. Vamos ao resumo:

Primeiro, faço um breve quadro dos quatro tipos de amor que ele conceitua:
Amor-paixão – o único verdadeiro, leva-nos a atravessar, a romper barreiras;
Amor-gosto – mesmo em sombras tudo é cor-de-rosa, mas é uma fria e bela miniatura de sentimentos, conforma-se aos interesses e desejos;
Amor-físico – (preciso comentar?)
Amor de vaidade – típico de francês da corte, é a moda, o luxo, o status social, a etiqueta, nem sexo é necessário, enfim, é decoração e hábito.

E agora as citações quase literais:

Em qualquer gênero de amor a que devamos os prazeres, desde que haja exaltação da alma, eles são fortes e sua lembrança impulsiona, nessa paixão a lembrança do que perdemos parece sempre superior ao que podemos esperar do futuro.

Basta pensar em uma perfeição para vê-la em quem se ama. Enviamos o sangue ao cérebro, os prazeres aumentam com as perfeições do objeto amado, e também da idéia: ela é minha.

A alma se farta de tudo o que é uniforme, até mesmo da felicidade perfeita. (A mesma nuance de existência só dá um instante de felicidade perfeita, mas a maneira de ser de um homem apaixonado se transforma dez vezes por dia.)

Será que ela me ama? Ela me daria prazeres que só ela no mundo pode me dar.

O amante erra sem cessar entre estas três idéias: Ela tem todas as perfeições; Ela me ama; Como fazer para obter dela a maior prova de amor possível?

Basta um mínimo grau de esperança para provocar o nascimento do amor. Ela pode cessar antes, sem matar o amor.

O amante preferirá sonhar com a chance mais incerta de satisfazer-se um dia a receber de uma mulher vulgar tudo o que ela possa conceder.

O que é o amor sem solidão?
O amor é como a febre, nasce e morre sem que a vontade venha a representar o menor papel.
Fala-se muito, sem ouvir. O amor oculta-se por seu excesso.
No amor tudo é sinal.

A boa educação, em relação aos crimes, vem a ser provocar remorsos que, previstos, dão equilíbrio à balança.

As lágrimas são o extremo do sorriso.

O poder é o primeiro dos prazeres.

Só admito como provas das grandes paixões aquelas que têm conseqüências ridículas. Por exemplo, a timidez, prova do amor.

A felicidade só é uniforme em sua fonte. Cada dia há uma flor diferente.
O teatro é o pedestal das mulheres.
O teatro das virtudes de uma mulher é o quarto de um enfermo.

Quem não sabe se dar, vende-se.

O ódio tem a sua cristalização: desde que haja esperança de nos vingarmos, recomeçamos a odiar.

É porque não se pode dar conta do porquê de seus sentimentos que o homem mais sábio é fanático por música.

Como o amor leva a duvidar das coisas mais demonstradas, a mulher que antes da intimidade era tão segura de que seu amante seria um homem acima do comum, logo que ela imagina não ter mais nada a lhe recusas, teme que ele só tenha buscado colocar uma mulher a mais em sua lista. Uma mulher imagina de rainha ter-se transformado em escrava. O temor é mais intenso. Mesmo fora do amor elas tendem a se entregar à imaginação e à exaltação habitual.

Como elas não são encarregadas de nenhum negócio na família, a razão jamais lhes é útil, ao contrário, sempre prejudicial, pois só lhes aparece para censurá-las.
Um grande trabalho obrigatório consola, e para elas nada pode consolar, salvo a distração.

A imaginação de uma jovem não se encontrando congelada por nenhuma experiência desagradável é possível que, sobre um homem qualquer, ela crie uma imagem maravilhosa. Mais tarde, desenganada desse amante e de todos os homens, a experiência diminui o poder da cristalização, e a desconfiança corta as asas da imaginação. Sobre qualquer homem, mesmo que ele venha a ser um prodígio, ela não mais poderá formar uma imagem tão cativante. Como no amor só se desfruta da ilusão que se faz, jamais a imagem terá o brilho e o sublime daquela sobre a qual se fundara o primeiro amor na juventude, o segundo amor sempre parecerá de uma espécie degenerada.
Se para ela ainda existe felicidade na vida, é no amor que é preciso buscá-la. Então o amor deve ser menos alegre e mais apaixonado.

A dessemelhança entre o nascimento do amor nos dois sexos deve provir da natureza da esperança. Um ataca e o outro defende. O homem se pergunta: Eu poderia agradá-la? Ela deseja me amar? A mulher: Não é por brincadeira que ele fala que me ama? No homem a esperança depende simplesmente das ações de quem ele ama, nada mais fácil de interpretar. Nas mulheres, a esperança deve fundar-se em considerações morais muito difíceis de bem apreciar. Há esta desgraça na vida: o que faz a segurança e a felicidade de um, faz o perigo e a quase humilhação do outro.

Beaumarchais: A natureza fala à mulher: seja bela se pode, sábia se quer, mas seja considerada, é preciso.

Antes do nascimento do amor, a beleza é necessária como insígnia, predispõe a essa paixão por meio dos elogios que ouvimos dirigidos a quem amaremos.

Não se simpatiza com o tolo; daí, na sociedade, a necessidade de um verniz da astúcia; eis a nobreza das maneiras.

Mas o que é a beleza? É uma nova habilidade para lhe dar prazer. É promessa de um caráter útil à minha alma, acima da atração dos sentidos. É só a promessa de felicidade. A beleza da amante não é outra coisa além da coleção das satisfações de todos os desejos que ele pôde formar a seu respeito.
Condições gerais dessa felicidade: Ela parece ser sua propriedade, pois só você pode torná-la feliz; Ela é o juiz de seu mérito. Sob um governo constitucional e racional, as mulheres perdem todo esse ramo de influência.

Eis a razão ética do amor ser a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos devem se acomodas às frias realidades; aqui, são as realidades que se apressam em modelar-se segundo os desejos.

Nada mais favorável ao nascimento do amor do que a mescla de uma solidão entediante e de alguns bailes raros.

Por mais terno e delicado que seja um solitário, sua alma é distraída, em parte prevê a sociedade. A força de caráter é um dos encantos que mais seduzem os corações femininos.

A visão de tudo o que é belo, na natureza e nas artes, chama à lembrança de quem se ama, com a velocidade de um raio. É assim que o amor do belo e o amor dão-se mutuamente.

A alma [de um amante] é aparentemente muito perturbada por suas emoções para estar atenta ao que as causa ou ao que as acompanha. Ela é a própria sensação em si.
Um ser muito comovido não tem o tempo de perceber a emoção da pessoa que provoca a sua.

O devaneio do amor não pode ser anotado. Anotá-lo é matá-lo para o presente, pois se recai na análise filosófica; também para o porvir, nada paralisa mais a imaginação que a memória.

Todo grande poeta que possui uma viva imaginação é tímido. Os homens, com seus interesses grosseiros vêm tirá-lo dos jardins de Armide para lançá-lo num lamaçal fétido.

Tudo o que é cerimônia, por sua essência de ser algo afetado e previsível, na qual se trata de comportar-se de maneira conveniente, paralisa a imaginação, daí o efeito mágico da menor brincadeira.

Nos dois extremos da vida, com abundância ou escassez de sensibilidade, as pessoas não se expõem com simplicidade a sentir o exato efeito das coisas; lançam-se, em vez de esperá-las.

Cada um escreve ao acaso o que se parece verdadeiro, e cada um desmente seu vizinho.

O amor tira a razão: a imaginação, retirada violentamente dos devaneios deliciosos em que cada passo provoca a felicidade, é levada de volta à severa realidade.

Só se tem coragem perante quem se ama amando menos.

A alma vulgar (prosaica) calcula, zomba da alma terna; esta que deve resignar-se a nada obter além da caridade de quem ela ama. Achamos convenientes no momento e falamos do ridículo mais humilhante.

O amor é milagre da civilização. E o pudor empresta ao amor o socorro da imaginação, isto é, dá-lhe a vida. O pudor é ensinado muito cedo às meninas por suas mães, por espírito de grupo; isso porque as mulheres cuidam antecipadamente da felicidade do amante que terão.
Quanto à utilidade do pudor, é a mãe do amor. A raridade e o pudor devem preparar às mulheres prazeres infinitamente mais intensos.

Quando se ama, tem-se a coragem de ir às últimas violências?

Não amar, quando se recebeu uma alma feita para o amor, é privar a si e a outrem de uma grande felicidade. Ela encontra nos pretensos prazeres do mundo um vazio insuportável.

Uma palavra que irrita uma princesa não choca minimamente uma pastora. Mas, uma vez em cólera, a princesa e a pastora têm as mesmas reações de paixão.

O que leva as mulheres a muito raramente atingirem o sublime é que jamais elas ousam ser francas senão pela metade.

O homem é como a águia, quanto mais se eleva, menos é visível, e é punido, por sua grandeza, com a solidão da alma.

O verdadeiro orgulho de uma mulher não deveria estar na energia do sentimento que ela inspira?

Todos os homens perdiam a cabeça; eis o momento em que as mulheres adquirem sobre eles uma incontestável superioridade.

O temor jamais se encontra no perigo, encontra-se em nós.

Desgraça maior é que sua coragem [das mulheres] seja sempre empregada contra sua felicidade. Imaginam que seu amante as queira por vaidade. Ideia mesquinha e miserável: um homem apaixonado não tem tempo para pensar em vaidade!
Um homem apaixonado só pensa em si, um homem que deseja consideração só pensa em outrem.

As mulheres, com seu orgulho feminino, vingam-se dos tolos nas pessoas de espírito e das almas prosaicas nos corações generosos. É preciso convir, eis um belo resultado.

Algo que sempre imaginei ver no amor é essa disposição para extrair mais infelicidade das coisas infelizes do que felicidade das coisas felizes.

Só a partir do amor aprendi a ter grandeza no caráter, pois nossa educação de escola militar é ridícula.
Eu era pequeno antes de amar precisamente por ser tentado a achar-me grande.

A morte ou a ausência distancia-nos dos companheiros de infância, somos reduzidos a passar a vida com frios associados, de régua na mãe, sempre calculando idéias de interesse ou de vaidade. Toda a parte terna e generosa da alma fica estéril; com menos de 30, o homem encontra-se petrificado para todas as sensações suaves e ternas. No meio desse deserto o amor faz jorrar...
E a mais bela metade da vida vela-se ao homem que não amou com paixão.

Eu teria remorsos, aos 40 anos, por ter passado a idade de amar sem sentir uma paixão profunda. Eu teria esse desprazer amargo ao perceber muito tarde ter cometido o engano de deixar a vida passar sem viver.

Um homem verdadeiramente emocionado fala coisas encantadoras, fala uma língua que ele não sabe.
Toda a arte de amar parece-me falar exatamente o que o grau de embriaguez do momento comporta, isto é, ouvir sua alma.
E mais vale calar-se que falar fora de hora as coisas mais ternas.

O erro da maioria dos homens é desejar falar sobre algo que consideram belo, tocante, em vez de aliviar o peso do mundo.

Não podemos amar uma mulher de espírito muito inferior, pois junto a ela podemos fingir impunemente. Acomodamo-nos. Para deixá-la só o que precisamos é encontrar alguém melhor. O amor rebaixa-se a ser apenas um negócio ordinário. Tendência natural do coração, busca do maior prazer.

Somos o que podemos, mas sentimos o que somos.

Entre homens a polidez obriga a falar apenas do amor-físico.

[Sobre o ciúme:] a fúria nasce, não lembramos mais que no amor possuir não é nada, gozar é tudo.

O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar a suportá-la. Você pode considerar-se um bravo, se for reduzido a desprezar-se como digno de ser amado.

Só desejamos os ciúmes das pessoas de quem poderíamos sentir ciúmes.

O ciúme pode agradar às mulheres altivas, como uma maneira nova de mostrar seu poder.
Uma mulher de espírito não ama por muito tempo um homem comum.
Ser um pouco rude e sem cuidado, à 1ª abordagem – com naturalidade –, é um meio quase certo de fazer-se respeitar por uma mulher de espírito.

O ciúme deseja a morte do objeto que ele teme. O homem espicaçado encontra-se bem longe disso, deseja que seu inimigo viva e sobretudo testemunhe seu triunfo.

Ela está muito segura de seu amor; inquiete-a. Os contrastes tornam as lembranças mais vivas.

Quanto mais houver prazer físico na base de um amor, mais é sujeito à inconstância e à infidelidade; sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude.

Nada aborrece mais o amor-gosto do que o amor-paixão em seu parceiro.

Reconciliar-se com uma amante adorada que lhe é infiel significa desfazer com golpes de punhal uma cristalização incessantemente renascente. É preciso que o amor morra...

Se um dos dois amantes é muito superior nas qualidades que ambos estimam, é preciso que o amor do outro cesse, pois o temor do desprezo virá cedo ou tarde.
É preciso que o inferior maltrate o seu parceiro; quanto ao superior, ele se ilude...

Se é tão difícil esquecer uma mulher com quem se encontrou a felicidade, é que há momentos em que a imaginação não se canse de representar e embelezar.

Praticamente só se pode deter o amor em seus começos.

A mulher só é potente pelo grau de infelicidade com que pode punir seu amante.

Como pedir um copo d’água quando se tem sede é vulgar; deixam-se morrer de sede.

Esclareça o espírito de uma jovem e ela torna-se pedante, o ser mais desagradável e degradado. Nenhum de nós deixaria de preferir, para passar a vida com ela, uma serva a uma erudita.

Convimos que uma menina de 10 anos tem 20 vezes mais finura que um menino da mesma idade. Por que, aos 25, ela é uma grande idiota, sem jeito, tímida, e o menino é um homem de espírito?

As mulheres devem nutrir e cuidar de seus filhos. Nego a 1ª afirmação, concordo com a 2ª.

As filhas são educadas com os melhores princípios, isto é, trabalham o dia inteiro.
Se as mulheres lerem, logo deixarão de cuidar de seus filhos.

Eu quase preferiria que minha mulher, em um momento de cólera, preferisse apunhalar-me uma vez por ano a receber-me de mau humor todas as noites.

Uma mulher só deve escrever obras póstumas, a publicar depois de sua morte.

As admiradas aos 20 são abandonadas aos 40. Uma mulher de 45 anos só importa por seus filhos ou por seu amante. Mas as pobres mulheres, quando não possuem mais o brilho da juventude, têm como única e triste felicidade o poder iludir-se sobre o papel que representam na sociedade.
Seria uma felicidade para nossas mulheres atuais morrer aos 50 anos.

A religião é um assunto entre cada homem e a divindade. Com que direito pretendem colocar-se entre meu Deus e eu? Só tomo procurador fundado pelo contrato social para as coisas que não posso pessoalmente.

Que excelente conselheiro um homem encontraria em uma mulher se ela soubesse pensar.

Certamente, com o amor, só se tem gosto em beber a água da fonte predileta. Então a fidelidade é natural. Com o matrimônio sem amor, em menos de 2 anos essa água torna-se amarga. Mas não deixa de existir a necessidade da água... Sem o altíssimo muro do convento, os monges fugiriam.

As mulheres de certa idade que tiveram muitos amantes acreditam reparar a sua reputação, e na França sempre o conseguem, mostrando-se extremamente severas aos erros que cometeram. Alguma pobre moça virtuosa e perdidamente apaixonada pedirá o divórcio e será difamada por essas mulheres.

A publicidade é necessária ao triunfo dos Don Juan (personagem de Lord Byron), como o segredo ao triunfo dos Werther (personagem de Goethe). Sua maneira [de Don Juan] de ter as mulheres mata todos os outros prazeres da vida; a maneira de Werther centuplica-os.
A maior parte das pessoas que se ocupam das mulheres pela sua posição nasceu no seio de grande facilidade e riqueza, são pessoas, devida à educação e à imitação dos que a cercavam na juventude, egoístas e frias.

O homem que treme não se entendia. Os prazeres do amor encontram-se em proporção ao temor.
O tédio tudo perde, até a coragem de se matar.

Enfim, cada homem, se deseja dar-se ao trabalho de estudar e conhecer a si, tem seu belo ideal, e parece que sempre há um pouco de ridículo em querer converter seu vizinho.

28 de setembro de 2009

Média: 500 páginas por mês - Mediano

Quero escrever, isto é, preciso disso. É terapia. Por ora, falta-me inspiração.

Como quando eu tocava covers na guitarra, por horas, com improvisações.

Achava-me original. Ainda acho-me? Liberar as minhas idiossincrasias para alguém vê-las. Ou eu mesmo? Num futuro (não tão) distante. Seria outro, decerto, eu mudo.

Ao saber que vários outros pensaram e fizeram as Mesmas Coisas, desanimamo-nos. Alguma vez fomos nós mesmos, autênticos o suficiente e criativos? É bom sermos nós mesmos? Isso existe? Quando estamos fora de nós, quem somos nesse momento?

A parte não visível de nosso iceberg, que é a nossa consciência? Ínfimo pedaço que julgamos receptor e inferidor do mundo sensível.

Se precisamos usar alucinógenos para trazer à tona esses subterrâneos seres que habitam em nós, não é um grande sinal de nossa degenerescência? A sociedade, essa instituição tão utilitária e racional, conseguiu vencer-nos e nos convencer de que se entregar aos instintos é a maior prova de nossa derrota, culpa; quanta má consciência originária de nosso medo ao ostracismo! Quantos crimes introspectivos: ainda acreditaremos na justiça?!

Pilhas de papel não são suficientes para acalmar a angústia; o homem teórico já contemplou em demasia, agora que provar sua capacidade perante seus “alvos”, mas a sua âncora respeitada impede-o de extravasar suas vontades. Ser imoral, ser dissimulado ou ser ético e grato, tão compassivo? Ah, quantos dilemas insolúveis...

Reputações que de alguma forma aprisionam a conjectura do eremita. Não sacaste o novo som do vingador sangrento? Não estou para esclarecer, mas para ser enigmático. Bizarro?! Sua mente não está na mesma freqüência que a desta efeméride cósmica.

Gaia, gay? Talvez excessivas feminilidades de alguém que coloca as geradoras no pedestal. Serão minhas sentenciadoras, únicas a quem sirvo? Não sem antes provar de sua fruta, que como a lua, fica inacessível uma hebdômada por ciclo.

Por que esse martírio conosco? Por isso sua necessidade de posse, dominação – impedir que nesse período procuremos nosso sublime alívio imediato em outros corpos (quiçá mais) amáveis?

Ê laiá, que natureza... Eternamente imoral, deseja possuir, e então cede a posse. Não posso garantir entrega total, seria, pois suficiente homem, viril? Anyway: antinomia...

Difícil admitir que a amada nada tem de novo a me oferecer? Sim! Desafios novos a perquirir. A pensar. Pô, mas aí cessará, provavelmente, meu anseio de riscos, de resultados inexpectados.

Sou parcialmente derrotado – um fracassado resiliente. Inferior ao que eu gostaria de ser; ao menos superior à mediocridade popular. Ou você me contestaria? Persiste a dúvida: Na cabeça do bagre ou no rabo do tubarão?

Parafraseio: Aquele que rebaixa o próximo quer se elevar, ou melhor, aquele se rebaixa quer ser elevado. Por favor, alguém me diga que isso é anormal, ou eu iria para a cova.

22 de setembro de 2009

Cadê minha prosa?!!!

Assassinos ignoram seu crime libertador

Pensais que estas casas celebram a vida do homem?
Tolos! Elas homenageiam a morte de Deus.
Réquiens entoados, ornamentos fúnebres
Por isso esta melancolia em vossos semblantes

Fé em uma verdade que quem garante?
Hesitação nostálgica e lúgubre
Vós pareceis imaculados pigmeus
Ao menor sinal de perigo somem

Qual será a mais nova hecatombe
Inventada para compensar remorsos?
Rituais de pilhados corpos expostos
Camuflam culpas que têm fome

A compaixão humana que matou o divino
E agora, como iremos suportar o martírio?
Alivia-nos cantar o material hino:

Decomposição de Deus, recomposição dos eus
Mais dissolução de reis traz resolução das leis
Recomposição pela vossa decomposição
Resoluta dissolução, luta da absolvição

Os deuses também se decompõem,
Mas o homem nunca se recompõe
Decomposição de Deus, recomposição dos eus
Mais dissolução de reis traz resolução das leis

+-*/
:.então uma idílica.:

Ronda a ronda


Em Rondônia rondam os rombos
Em romani ronca Cronos
O prontuário está pronto:
A roncha romana pelo bromo.
Na Romênia apronta o cromo

A ronda romena arromba,
Rômulo e Romeu rompem a arroba

O rondo da Honda é rom rom
E do ronhoso Honda é ru rui!
O branco ranho do ramo é ruim
Ruído bronco do CD-Rom

O rondó no tom da trompa
Ou da trombeta, é só bronha?
O romance que irrompe as romãs
Ronceia o tronco da tromba;
Romântica Roma com maçãs


P.S.: Calma, ainda escreverei alguma tosquice em prosa. Preciso que alguém me diga que eu não tenho chance como poeta, que nunca leu algo tão INsípido, INsólito, INsano, INcoerente e INútil. INúmeros...

15 de setembro de 2009

Todo mundo louco. Oba.

Aporias Aforismáticas

Dois agnósticos fazem diagnósticos
Duas análises das hemácias do homo
São diálises de suas hemodiálises

São Tiago de Compostela estaria
Em Santiago no campo estelar, poderia?
Poria poder nitroso na mente
Do mentiroso com suas aporias
Aforismáticas, fora dos aromas
Das romãs romenas do arrimo

Ah, do cimento, rimos, acima do cume
Incólume. Acirramos a serra
Acenamos a cera, encenamos.
Encerre a cena; a seca cessará

Se a serpente será seu pente?
Sei, Reinaldo sente-se o rei

:--~

Um título forte para algum livro ou álbum:
O silêncio que precede a explosão e o turbilhão que antecede a falência


-Algumas máximas não paroxísticas:
#Minhas ideias não jorram como espermatozoides, porque o sangue subjetivo que as irriga não é tão eficiente como o do rival - amigo das hemácias. Porém, há refluxos e metabolizações que respingam como pequenos gêiseres, em intensidades e volumes variados que, como o rival genético, também engravida e cria - Parição Memética.

#A consciência da pessoa sob o domínia da vontade de potência nada mais é do que a porta-voz do instinto vital de apropriação. No entanto, aqueles que recriminam, aprisionam, relegam e preteram essa vontade são morto-vivos.

#Sentir que não precisa ter o que se vende, para ser aceito - 1ª prova de maturidade;
Saber que a felicidade daqueles que têm o objeto desejado é fabricada. É feliz quem se faz - 2ª prova de maturidade;
Mesmo não tomando a melhor decisão, não se arrepender, assumir o erro (ou acerto!) e aprender - 3ª prova;
Orgulhar-se de toda a existência, afirmadora e dominante, por fim, dinâmica, cumulativa e efêmera - prova final.

#O mundo moderno louva a tecnologia porque ela é instrumento eficiente a necessidades imediatas. Nada mais vulgar a tipos operários - Niilismo Utilitátio.


;_/|\

P.S.: Hoje eu completo 4 anos desde que comecei a trabalhar, que sou servidor público, que recebo salário, que experimento a vida burguesa e seus pragmatismos. O que aprendi após tanto tempo? Nada muito diferente do que eu sabia após 3 ou 6 meses de labuta. Ou seja, aprendi a ser mais disciplinado e concentrado, a gastar e a poupar dinheiro, e a olhar para o lado e saber que apesar da insignificância, sou um privilegiado. Isto é, o emprego em si, a parte técnica, o aprendizado construído pela carreira, eu não valorizo um ponto sequer. É a vida de burocrata. Mas evito reclamar, porque poucos empregos me dariam satisfação profissional mesmo. Tenho meus hobbies para gozar. E sonhos para realizar...

9 de setembro de 2009

Lunático? Que se dane...

A lua e as sandices

A lua é cinza. Como? Parece-me branca...
Eis a resposta de nossa gente manca
- Espia só: É de São Jorge o desenho
(Provo [reprovo?] a ignorância que tenho)

Brilhe à noite, astro de reduzido albedo
Não aponte! Nasce verruga no dedo.
Crateras aos montes, nomes de ilustres
O homem, ou monge – famigerado embuste

Sobre a lua estudam Galileu e Newton
Revolucionam a ciência. Novos tons
Em uma época de crença em lobisomem,
Doentes transmorfos que gente consomem

No horizonte, no zênite, cheia, em quarto
Bola, belo disco, para se contemplar
Ao astrólogo sela o destino o parto
Ao enamorado, a chance de achar seu par

Durante o minguante, do amante é calmante
A ação das marés conhece o navegante
Para crescimento melhor do cabelo
O ciclo da lua: é preciso sabê-lo

Chegou à irmã da Terra – tese do impacto –
A humanidade cavalgando o deus solar
Adquiriu codinome de lunático
Aquele que luna faz influenciar


§ª
º/£
¬²¢
Agora, algumas frases minhas de efeito:
Todos escrevem suas autobiografias, porém, a maioria se apaga.
• O Meu Interesse não significa que fui EU que o concebi. Somos forjados pela perspectiva. O “Eu” é uma ilusão lingüística – mais um de nossos erros gramaticais.
• Uma valiosa obra-de-arte é muito mais que a produção de Um Artista. O artista apenas “pescou” as idéias e cristalizou-as, sempre toscamente, pela Consciência. Esta obra é a concepção de Vários artistas. Infelizmente, quem fica para a posteridade é apenas UM nome.

3 de setembro de 2009

Nego a idade - Negativa idade - Negra idade - Negatividade

Nego

Nego, denego, renego. Nêgo, pelego
Relevo o relevo, revelo avelã
A vela viu o velho vil. Vilania
Vira a tira, o tiro do tira aos tiranos.
Tirania

Cão carniça e caniço
Canino dos caninos
Caça às casas de cassinos
Chacina de assassinos

Resposta de raposas que repousam
E de rapinas que pousam, à pino
Nos postes, apíneos prostrados
Apostas de repórteres apósitos

Presas aprisionadas à represa
É o preço de presídios apressados
Pressionados. Pare a opressão:
Precária prece do presságio

Gero gerações, Degenero
Zero. Já era! Nego?


Homem livre, estável e feliz à idade (Do tempo à compulsão)

O “tem que” é inimigo da liberdade
E tanque, inimigo da humanidade
Riso é um amigo da felicidade
E o piso, marca da estabilidade

Tempo é da contemporaneidade
O escarro ou o carrasco da idade?
Posto que leva à posteridade.

Majoritária maioridade
Menos majores minoritários
A menores maiorais otários

Em comunhão da comunidade
Concuminada comuna da cidade
Com cidadão sem a fragilidade
De Evas. Só Adão. Doa ervas. Caridade!

Sem qualificar, quantidade.
Quantos quase-modos. Deidade;
Quasímodos em peso em Chade.

Já sabes a chave que a chuva dá a uva
Chega! Pobreza, tristeza e frieza.

Hipocondríaca compulsividade.


P.S.: Ainda sei fazer aliterações. Mas perdi a manha? Creio que não, estão mais suaves, não acham? Sua vesga no chão...

Obs.: Eu não quis perder tempo e publiquei tudo de uma vez só, para provar (?!) que eu não estive tão inerte assim. Para voltar a uma média de um post por semana. A maioria foi arte, é verdade, mas tenho outras ideias tão descartáveis quanto para roubar de minha mente e golpeá-las a vocês, fool's followers.

Uma letra forte e sua respectiva tradução

O Universo, o Homem e seus consolos

Religião é marketing
Criação de Necessidades
Quanta invenção de problemas
Pregam “Temos o remédio!”

A doutrina é panaceia
Promete a cura de tudo
Rá! Desculpas em farrapos
Satisfeitos viram crentes

Bíblias – eficazes pílulas
Mas como lê-las sem bula?
Comparação com placebos
Alucinógenos também:
Coloridos ou o oposto

O que importa, na prática:
De fato existir, ou acreditar?
Na absurda bruxa malévola
Ou no pio e demente Omni Dei?

Sobejos seres fantasiosos
Perante à manipulável fé –
Política da temeridade
Dos astutos inescrupulosos

De Cristo, do Islã ou da Judeia
De Buda ou de outra mitologia
Humanos atos mitigadores
Antropocentrismo contumaz

A nós, os Deuses se lixariam
Cruel, é a Natureza; Vida é finita
Esqueçam. Vão gozar a repugnância
Bela e orgânica do sensível


Translate (The Universe, The Man and his consoles)

Religions are marketing
Creation of necessities
Invention of many problems
They preach “We’ve got the medicine!”

The doctrine is panacea
It promises to cure all
Hah! Apologies well into rags
Satisfieds become believers

Bibles – effective pills
How to read them without a bull?
Comparison with placebos
Hallucinogens as well :
Colorful or the opposite

What does it matters, in practice:
As of suit there exist
Or believe?
In the absurd evil witch
Or in pious and demented Omni Dei?

Leftover beings fanciful
Given the manipulated faith –
Policy from the temerity
Of unscrupulous slies

From Christ, from Islam or from Judea
From Buda or another mythology
Humans relievers actions
Stubborn anthropocentrism

For us, the gods won’t give a damn
Cruel, is the nature; Life is finite
Forget. Go enjoy the repugnance
Beauty and organic from the sensible


Obs.: Ficou horrível? Exemplo de que traduções literais não funcionam? Daria para cantarolar? De qualquer forma, consegui fazer um poema não rimado!

Vida de um eremita (pseudo) intelectual

Nós, ocidentais, somos, sem dúvida, machistas. Ao menos, a democracia deu espaço para sua dialética, o feminismo. Que está tornando o mundo andrógino – mais uma bagunça entre as inúmeras proporcionadas pelo caos da entropia da explosão populacional e do crescimento econômico (quase) globalizado. Todavia, a mulher, ainda, costuma ser valorizada, quase que exclusivamente, de acordo com sua beleza e seu recatamento ao grande público, mas, de preferência, com apetite sexual aos seus companheiros fixos. Elas sofrem buscando atingir esse padrão ou desistem, e sofrem de forma pior, para conseguir outro tipo de reconhecimento.

Do outro lado, os homens são julgados com base em valores burgueses e financeiros, ou seja, por posse material, e fingem, ou não, boa conduta moral. É nessa busca de status social que os dois sexos se equivalem. Os meios são diferentes, mas os fins são sempre os mesmos. Assim como é a busca humana universal pela felicidade.

A mulher quer mostrar, publicamente, que consegue “fisgar um bom partido” que lhe dê futura segurança matrimonial (secundária) e familiar; o homem busca demonstrar a sua virilidade ao “pescar uma donzela” requisitada, isto é, poder, fama, status e hipocrisias sociais utilitárias. Porém, sejamos francos, hedonicamente.

Felizmente, ou não, busco reconhecimento através do intelecto e de obras advindas dele, independentemente da geração de receita. O buraco, a falha, a lacuna é a minha dificuldade ou incompetência em fazer por merecer esse orgulho - ou seria vaidade? Meus caminhos e métodos escolhidos foram equivocados? Minha solidão foi exagerada e é mais consolo do que problema interpessoal? Tanta teimosia contra as conveniências e as comodidades da vida em grupo acabaram por me tornar mais fracassado?

Talvez dessa ideia de ter dado um tiro que saiu pela culatra provenha minhas inseguranças, angústias e frustrações. Ou não, afinal, faço por hobby, ou seja, o prazer supera as dores. O amadorismo precisa de resultados, além dessa liberação imediata de endorfina que acalma qualquer sentimento de dever? Achar que tem que haver provas é pior que não ter reconhecimento em uma profissão ou que o tédio que ela carrega. Não é um problema esquecido, porque acredito que possa ser resolvido.

Não sei se é pior eu ficar indignado pela indiferença por algo que faço de graça – ou é o oposto, justamente por não cobrar, é impossível a valorização – ou a minha tolice em achar que o que escrevo e concluo é muito esforço. Afinal, para muitos posso não passar de um ocioso pseudo-intelectual, que é pessimista por ser frustrado e ressentido como tardio escritor. Mas isto não é auto-ajuda! Entretanto, ainda posso pensar que é mais por falta de publicidade do que incompetência técnica.

Para que, então, tanto esforço e reflexões excêntricas, autônomas, autênticas e (des)pretensiosas? Eu não tenho personalidade para transformar os prazeres fúteis dos playboys e seus bens descartáveis em algo suficiente, pleno. Dinheiro não me falta (mais) para isso. Se eu fosse dessa turma, ao menos teria sucesso com as fêmeas. Porém, sou trouxa, prefiro gastar meu tempo estudando e escrevendo divagações tão descartáveis quanto, apesar de profundas(?); vã esperança de fazer diferença para alguém ou alguns.

Isso tudo é ser um verdadeiro “amigo da sabedoria”? Esperar, quando tudo indica o oposto, que a verdade, o conhecimento, a erudição e a cultura surjam, brotem. E que haja pragmatismo! Com prazeres, é claro, apesar da obviedade desse efeito nessas causas citadas. Para me orgulhar que isto seja, talvez ontologicamente forjado, um deleite superior ao que é mais facilmente alcançado pela maioria – e que muitas vezes o é...

Sou corajoso por escrever este quase atestado de derrotado?
Ou ainda sou um garotinho juvenil impaciente, arrogante e egocêntrico?


Obs.: Talvez depois eu edite esta confidência. Que demonstra minha humildade?

Um poema Bom e um Ruim, ou o oposto? Você decide...

Costumes, seus membros e não-membros

Originam-se os costumes assim:
O bem comunitário vale mais
Prefere-se a vantagem que ele traz.
Passageiro, não. Duradouro, sim.

Forjada instituição total força
Colocar a forca ou o silício.
Fácil suportar o sacrifício
Se dos outros grupos se faz troça.

Ética destes pusilânimes:
Seguir somente o voo do enxame
É manipulada e defendida
A moral com várias feridas

Sente-se aos demais superior
O indivíduo que não é vítima
Desfruta da delícia lídima
Infrutífera em Estados sem dor

O membro criado no conjunto
Não pode ser mais que um algarismo
Moralidade forma defuntos

E nós, estamos de fora – rimos


Versos Ruins

Quanto mais há horizontes
Maior há de ser a insatisfação
É como escalar o monte
E querer para si o ribeirão

A fome não passa de instinto
Sobrevivente e grosseiro
O gosto da arte não sinto
Torno-me só um interesseiro

Amarga ilusão de grandeza
Querer-se-iam afastar esta trilha
Pretensa realidade é sua filha
O círculo não roda como a mesa

Fazem-se mister as rupturas
Aos progressos dialéticos,
Ético e estético frenéticos.
As curas advêm das suturas


Obs.: Explico (a quem?) minha intermitência deste blog pelos seguintes fatores: Minha viagem (refresco, pensando em aproveitar, mas também refletindo, porém indolente em fazer anotações) E a viagem dos meus pais, que levaram meu acesso às postagens. E também porque não preciso prestar publicações a ninguém.

5 de agosto de 2009

Uma curta poesia e uma longa poesia

Sociedade Terrorista

Em uma sociedade dominante terrorista
Todas as pessoas transformam-se em terroristas
Seja os coniventes do governo ou da oposição
Os condenados e os executados só não o são

Para ser morto basta expressar uma opinião
Divergente do caminho exposto pela nação
Guerrilheiro, na selva residente e formado
A esperança democrática dos exilados
Paradoxo suicida no mundo que se oxida



O Casamento

Enquanto arranjado e forjado em aço
Formalismo do casório ata laços
É não espontâneo, por ser tradição
Reprime-se a paixão quente de verão
Famílias e gerações estruturar
Criando nomes e genes, par em par

O amor não precisa de alianças,
Cerimônias que apenas servem
Pelos olhos do outro, vigilância
A beleza do amor está p’ra além

Garantia, emblema da ordem social
Ora, não se crê no homem nem no casal
Casar por dinheiro, assinar contrato
Cláusulas para os estranhos no quarto

Quem ama não oficializa na agência
Para eles basta isolada convivência
Sem formalidade são consideradas
Duas pessoas, na justiça, casadas

A maior parte dos informais
Casamentos são muito belos,
Com elos em pontos críticos
Tácito é amar, sem materiais

Agradam as festas e o noivado
A conservadores e a mulheres
O terreno todo está enfeitado
Entusiasmo como quiseres
Ruína do sentimental amor
E de seu metafísico torpor

Casarei, sem data p’ra celebração
Cometerei esse tipo de crime
Todo dia ocorrerá demonstração
Potencial do sentimento sublime


P.S.: Para demonstrar minha versatilidade, fiz no mesmo dia essas poesias com temas bem diversos. Não intercalei com um texto desta vez, porque estas poesias são mais opiniões em verso do que pura arte.

4 de agosto de 2009

Just a lyric. E uma poesia doidivanas.

Year Unknown (No Data)

Verse 1
He was alone
Inside a dead past
Invisible Future
Oh! War is Peace

Verse 2
Life has gone
The whole thing’s nasty
Their lost culture
Ignorance is a bliss

Chorus
Strength beyond limits
Falses advertisements
Bringers of myths
Minds eaters – Approval of the scheme

Bridge
The system never ends
Never dies, ever!
System hasn’t a failure
Systems prevail

Verse 3
All these damages are done, done, done
Everlasting...
Sadly on the wall, the picture, My Picture
Skipping pieces
They miss you. Crisis!

end
History is a farce
No excuses, no Disguises

Incógnito

Fading
Year mad
What year?



Arte Inútil

Toda arte é inútil
Arte só pode não ser útil
É útil, então não é arte
Eis a utilidade da arte

Inutilidade a artistas
Artistas inúteis
Não fúteis, não úteis

A sociedade é útil
Era para ser – talvez servil
Assim se viu, hum, serviu
Ela é anti-artística

Artista é antissocial
Burguesia – praga da arte
Mania de utilidade
Utilitarista – não-artista

Vida é arte?
Parte cubista, vice, normal
Cidadão x Artista
Índice: inserção social

Provei minha inutilidade?
Bom, a arte fiz
Gostou? Sou útil! Feliz?
Aahhh!! Dívida. Vida...

31 de julho de 2009

(Sem) Noção de contemporaneidade

Alguns gostam do passado (eu?), que viveu ou não, desde que julguem como bons tempos e lembranças de épocas outrora gloriosas (como se fosse gostar de ter vivido em tal tempo). Sentem nostalgia, têm tendência pessimista, o passado é mais facilmente controlável que o futuro, por isso se sentem seguros com suas maleáveis e incredíveis memórias. Escolhem o que foi bom e dispensam o que foi ruim. O que passou e o que passará podem ter a mesma qualidade e gerar medo (trauma passado e angústia futura). Porém, a teimosia do nostálgico, ou do esperançoso otimista, formará a personalidade nesta questão.

Quem consegue gozar mais o presente, aproveitar mais o momento e a oportunidade – únicos – conscientes ou não disso? Os otimistas, ao que tudo indica? Pois não ficam comparando ao que antes foi bom e se irresponsabilizam por corriqueiras falhas, visto que são partes de qualquer trajetória?

É, talvez eu devesse ser menos idealista, pessimista e lógico. Muitas vezes digo que só o presente importa, mas sou um hipócrita que não consegue usufruir das benfeitorias da juventude. Um idoso em corpo de rapaz, que de qualquer maneira se arrependerá por não ter sido mais inconsequente, pois tudo se ajusta, principalmente a quem faz parte das estatísticas da elite.

O que é o contemporâneo? Quem são os contemporâneos? Apenas aqueles que se inserem, participam e fazem girar a roda das conversas populares? Em um mundo com tantos nichos, todo nicho é contemporâneo. Só quem é um tatu fora de qualquer nicho (isso é possível?) consegue escapar de ser “moderno”?

É mais fácil quando a sociedade ou grupo em que se está inserido dita o tópico, o envolvimento é maior, há sentido de pertencimento e assuntos da “pauta” para conversar. Ser tão autêntico, a ponto de pensar temas que ninguém se importa, seja assunto arcaico, batido, ou visionário e ficcional, é mais difícil e frustrante. Esse é meu caso? Negar-se a ser sociável indica falta de contemporaneidade? Leio as notícias, quase nada me atrai, mas não consigo parar de ler; leio e escuto muita coisa de 50, 100, 200, 3000 anos atrás, atrai-me muito mais, embasaram uma época e com certeza influem até hoje, apesar da quase inevitável taxação de “assunto ultrapassado”. Se quero viver do passado, como suportar o presente e o futuro?

Modismos explodem, sempre foi assim, até o esgotamento, hoje é mais intenso e móvel, como uma estrela gigante azul – faz história? Em retrospectiva, essas modas são melhor julgadas que temas mais modestos, só que mais profundos? Entretanto, é possível algo não-científico não fazer sucesso a seu tempo, nunca ter estado na voga da moda, e ainda assim ser histórico? Atualmente então, é impossível? Mesmo assim, modas são reinventadas, sob nova roupagem apenas, e também dificilmente fazem um marco.

Ou seja, a absurda transitoriedade de hoje não permite que qualquer assunto se torne parte antológica? Só os processos e métodos revolucionários, como a internet e a comunicação instantânea, que deixam seu legado tão a fundo, ou nem isso? Ou estou muito afobado também, afinal, de qualquer forma, é preciso uma boa amplitude de tempo para afirmar que algo é clássico? Desculpem-me, mas essa correria, vagabilidade e descartabilidade de quase tudo, como fast foods, me deixam perplexo.

Entretanto, o que importa nesse mundo de capitalismo reinante é o lucro, a rentabilidade; o consumismo é o maior incentivador do contemporâneo sugado pela maioria? Se está fora, é um nada; se está dentro, é mais um; somente os destaques, reduzidos, podem sonhar em ser alguém; nada é garantido, a lembrança duradoura menos que qualquer coisa.

Após várias gerações de modismos, sempre rimos da “distante” moda que nos cativou, ingenuamente, e que uma substituta teima em nos seduzir, hoje e amanhã, inefavelmente. Tudo que é mercadoria se torna fungível como o dinheiro. Tornamo-nos mais um bem de consumo (isso que não sou marxista!). Para quem reluta a ser “homem-fungível”, revolta-se, mas a máquina está forte, revoluções que emanam da sociedade não voltam mais à moda.

Há a inércia de sermos classificados por quanto compramos, valemos, gastamos, temos, investimos, enfim, somos estatísticas financeiras. Se gostamos do contemporâneo, como aparentamos, aceitamos essa contemporaneidade. E assim comprovamos que não faremos história; somos o estado da arte do descartável e do superficial, queremos isso? Conscientemente? Talvez nunca fomos tão tolos; liberdade escolhida, todavia, renunciada em nome do prazer, da moda, do bem-estar e de ser mais um passageiro, paradoxalmente, não querendo sê-lo.
+
-
/
*
Para provar que não estou mentindo, quero indicar 3 conjuntos de 3 livros que adorei ler, e que com certeza quem gosta ou concorda com meus textos, aprovará, hei-los:

O Nascimento da Tragédia, Além do Bem e do Mal e Assim falou Zaratustra, de F. W. Nietzsche (fiquei em dúvida se deveria incluir A Gaia Ciência, de qualquer forma, se puder, leia esse também);
O Idiota, Irmãos Karamazovi e Crime Castigo, de F. Dostoievski (ainda não li Os Demônios, talvez eu o substituia pelos Irmãos);
Admirável Mundo Novo, de A. Huxley, Laranja Mecânica, de A Burgess, e 1984, de G. Orwell (livros da mesma época, sob temas semelhantes que se tornou quase uma trilogia da repressão e da manipulação).

De preferência leiam nestas sequências. \m/

28 de julho de 2009

Homem - Animal!

As pessoas são chamadas (difamadas?) e comparadas com animais por diversas vezes e situações. Quase sempre em tom de zombaria, às vezes o adjetivo é bem recebido, outras vezes nem tanto. É cavalo, jegue jumento, mula, égua, vaca, galinha, cachorra, cachorro, porco, baleia, veado, morcego, raposa, lagartixa, elefante, papagaio, burro, garanhão, tatu, pavão, urso. Enfim, quase a fauna completa.

Só que parece haver um animal mais controvertido. Que gera processo. Por ironia, o mais evoluído (considerando o homem no topo da escala). É o macaco. Por que fazer um escarcéu por mais um animal? É intuitivo: o negro lembra o nosso parente primata mais que o branco. Assim como um branco é chamado de lagartixa, leite, farinha, pano, transparência. Por quê um negro não poderia ser chamado de macaco, preto, anu, urubu, piche? É difícil diferenciar quando se está ofendendo e quando não se está ou há uma conotação irônica.

Generalizar é preconceito, sem dúvida. Substituir, constantemente, o nome da pessoa pelo bicho, também. Mas fazer uma piada, citar esporadicamente, não ser taxativo, não vejo problemas. Chiar por isso é coisa de gente aproveitadora, ou muito chata.

Brasileiro tem preconceito velado, é fato. Dificilmente alguém ouvirá a palavra negro ao se referir a alguém como quando fala branco. É sempre “negrinho”, “negão”, “tinha que ser preto”, “é coisa de preto”, entre outras. Então para que fingir polidez? Querem mudar a sociedade? O instinto é mais forte. Por exemplo, eu não tenho a menor atração por negras. Se eu der qualquer justificativa vão me taxar de racista. Não gosto e pronto, atenho-me a isso. Eu detestaria que meu filho(a) se casasse ou tivesse um filho com um(a) negro(a). Já quanto ao resto das pessoas, não ligo. Não faço moralismos.

Quanto aos negros em geral, não me preocupo com a sua “raça” em ambientes em que eu costumo frequentar. Porém, em locais miseráveis ou pouco asseáveis e instruídos, a presença deles é marcante, fazendo com que o nosso cérebro intuitivamente compreenda como local de negros. Dane-se o politicamente correto. E não me venham os frescos dizerem que ser politicamente incorreto encheu o saco, de tão difundido.

O homem é um animal como qualquer outro, especialmente em comparação com os mamíferos, e mais ainda em relação aos primatas e hominídeos. Só que chegamos a um estágio de “dominação do planeta” e de “civilização”. É apenas essa a diferença que nos torna tão especiais, a ponto de nos julgarmos “os superiores”. Continuamos sendo grãos de poeira cósmica. Racismo é excluir alguém a partir do único critério da aparência. Falar algo visto como desagradável não encaro como preconceito, no máximo como uma brincadeira inoportuna.

Os afro-descendentes têm um histórico de processo civilizador diferente dos europeus e asiáticos, e mesmo dos nativos americanos. Eles precisam se esforçar, se adaptar e lutar muito ainda para conviverem bem no mesmo ambiente e para adquirirem o mesmo respeito. Que não seja através da agressão e da violência (o que demonstra incivilidade), ao menos em países democráticos que não utilizam de repressão. É difícil estar na base da estratificação social, mas a subversão às leis só complicará o progresso e aumentará o preconceito.

Não é tão simples, claro. Como a própria definição de negro, em um país tão miscigenado. E que mais brancos de classe média se inserem nas estatísticas da criminalidade a cada dia. Ou ainda, que não há saída prática no ambiente em que se vive a não ser por esses meios ilícitos. Contudo, recorrer à retórica dos direitos humanos da “minoria e excluída” é história para boi dormir...

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Hoje estou um pouco agressivo e já postarei esta poesia:

Deus é Decadência

A vós, humanos úmidos, as idéias são férteis
Imaginação, independência e calor, tivestes
Poços de sóbria felicidade e vida em progresso
Pagastes, isolados, do materialismo o preço

É, naturalmente, a morte, o ágio da Natureza
Por vida feliz. Sazonalmente, vem a secura
A homens em desespero, lhe faltam a firmeza
Animação do inanimado; faz-se conjectura

Deus é decadência – Agora peça clemência
A decadência é Deus – Proximidade do adeus

Cético não fornece mais verdades, mas agnoses
Somente através do asceticismo se alcança a gnose
Inversão de valores – Superior projetado
Fé fajuta, de fezes, fiel ao céu – coitado

Decadente Ascendente. Cadete sem dentes
Na hora do apuro, ninguém é puro ou maduro

Reticências: Deus é a Decadência


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Polêmico?

25 de julho de 2009

Rapidinhas (Texto, explicação e verso)

Ter uma carreira, para ser um homem digno, puro moralismo
Casar com mulher freira, ter estabilidade, não cair no abismo
Rá! Busco infinitude, liberdade e regozijo; serei, repito,
Seta do tempo – Transportado p’ra roda espiritual do infinito.

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Morreremos e seremos esquecidos, sem memorial para as nossas conquistas e obras em vida, claro que modestas para os padrões de honrarias públicas. Esquecerão de nós em duas, três ou quatro gerações. Seremos apenas um ponto ou nome na Árvore Genealógica. Ainda assim, no caso fortuito de termos filhos E netos com sucesso reprodutivo e com trabalho de elaborarem os galhos.

Afinal, você já fez ou sequer viu a árvore da sua família? Até que geração? Não se envergonha de sua ignorância? Então, é natural que o seu destino seja desta forma também.

Fatalidade? Com certeza. Exagero? Não. Pessimismo? Talvez. Fuga? Jamais. Medo? Ás vezes. Realismo da descrença em vita post mortem.


P.S.: Publiquei na sequência porque estou usando pouco o computador; foram ideias que tive durante a semana, que foi relativamente profícua, apesar de várias quebras de rotina (relacionamentos sociais, doença, dores, falta no trabalho, muita cama e pouca leitura).