Criatura da noite
É na noite
que irrompe as vezes inesperadamente,
quando o habitual vira estranho.
Bate o vento
buscando por coisas sorrateiramente
que tanto esforçamos em camuflar.
Acende-se
a luz que ilumina artificialmente
aquilo que teimamos em não ver.
Respiremos
a fim de aliviar oportunamente
um peito atormentado d' ilusões.
Enfrentemos essa noite
Encaremos maus agouros
Criaremos no final
Um monstrengo vampiresco?
Formado em sua metade
pela escuridão total
e na outra parte um corpo
que vê no sol um mal?
Biodinâmica
Tinha uma pedra no lugar do coração,
mal fazia uso desse órgão.
Pétalas petrificadas se espalharam,
paralisando suas entranhas.
Utilidade? Só acima da cervical,
via processo top-down.
Ele morreu sem saber que nas minúcias
era expresso o júbilo total.
Tinha uma pedra no lugar do coração,
mal fazia uso desse órgão.
Pétalas petrificadas se espalharam,
paralisando suas entranhas.
Utilidade? Só acima da cervical,
via processo top-down.
Ele morreu sem saber que nas minúcias
era expresso o júbilo total.
Caminhando nas nuvens
Foi por tanto tempo,
sozinho ou acompanhado,
que estive na busca por você,
solitária residente dos meus sonhos.
Havia um buraco neste peito
carcomido pelas beiradas, mea culpa
Nada queimava,
mas a pele seca ardia.
Gastei tanto tempo preso,
olhando para trás
e para os lados, miséria
Havia aqui uma enchente represada.
Quem eu era então
nunca mais reencontrei
Tanto a esperança quanto a verdade
estavam em você, meu paraíso.
Estando ao seu lado
eu caminho nas nuvens
Conquanto seja meu fado
que os espinhos se curvem.
Você não é mais sonho
eu estou em altas nuvens
De nada me envergonho
qu'eu pra sempre lhe louve.
Mergulho do albatroz
Hey!
Olha bem aqui pra mim
Carrego um vazio em meu peito
Vem
Escrever num ser em branco
Tudo que eu preciso é de emoções
Eu nada sou sem teu olhar,
Artigo forte, cru, sagaz,
Não pedirei para agires devagar
Nem desconfia que essa meiga voz
É sem malícia da sereia o canto
Mas age em mim feito albatroz feroz
Eu nada sou sem teu olhar,
Artigo forte, cru, sagaz,
Agora espero o mergulho do albatroz...
Vou liberar a torrente de lamúrias
E enfim regozijar-me em leve bruma
Pérola Branca
Ó, pérola branca
Há tanto tempo lhe desejo
Que deste peito arranca
Promessas, suspiros, mil beijos.
Com ideias suspensas
Enquanto bebo leite com pera,
Pois no futuro ostras não pensam.
Polida em meu bolso
Guardo-a, pérola branca
Prometida ao mais belo pescoço.
Ó, pérola branca
Há tanto tempo lhe desejo
Que deste peito arranca
Promessas, suspiros, mil beijos.
Com ideias suspensas
Enquanto bebo leite com pera,
Pois no futuro ostras não pensam.
Polida em meu bolso
Guardo-a, pérola branca
Prometida ao mais belo pescoço.
É o que há
Relembremos
Da saudosa fase ingênua
Dizeres infantis
Sonho puro logo escoa
Respiremos
Que foi que eu fiz que a machucou?
Fantasma obstinado
Insiste no que passou
Se eu digo que é
casual
Você devolve gritando
Que está marcada em agonia
E nada mais será igual!
Então só isso é o que há?
Eu perdido revirando lixo
sem me reconhecer no espelho
por culpa do seu capricho
Então só isso é o que há?
Aquele homem nobre e sonhador
você pisou e largou pra trás
sem nem pensar na solidão
Eu nunca achei, nunca pensei
Que você fosse chegar a tanto
Eu nunca achei, nunca pensei
Que você, minha amada...
fosse chegar a tanto
Suspeitos perfeitos
Medicamento não é indicado quando há suspeita de dengue
O devedor já olha de lado ao novo anúncio de “vende-se”
Se estremece o colorado quando escuta o nome Mazembe
São os suspeitos perfeitos, suspeitos perfeitos
Na produção de defeitos produzem defeitos
Ao persistirem sintomas, deverá consultar um médico
Um ignorante jamais se preocupará com o léxico
É felizardo o rapaz que recua diante do tétrico
São os suspeitos perfeitos, suspeitos perfeitos
Na produção de defeitos produzem defeitos
Medicamento não é mesmo indicado quando qualquer suspeita de
dengue
O devedor já olha meio de lado ao repetido anúncio de “vende-se”
Se estremece o colorado ao escutar este maldito nome:
Mazembe
São os suspeitos perfeitos, suspeitos perfeitos
Na produção de defeitos produzem defeitos
Vento
das seis
Ele bate no pelo e você sente no ventre
esse é o planeta vento. Ah, sopro potente!
Se ele estraçalha o seu motivo sai do Caribe
um furacão atropelando, nem dá pra sacar seu timbre.
Bóreas lendário mesmo batendo em lama
O efeito vem da lua e faz maré levar mil camas.
Ele bate no pelo e você sente no ventre
esse é o planeta vento. Ah, sopro potente!
Se ele estraçalha o seu motivo sai do Caribe
um furacão atropelando, nem dá pra sacar seu timbre.
Bóreas lendário mesmo batendo em lama
O efeito vem da lua e faz maré levar mil camas.
P.S.: Um respiro, para publicar 8 poemas acumulados. Escreverei apenas mais um (?) post, para comentar sobre a experiência de ter ficado 6 meses sem escrever. Grato pela atenção de todos vocês três.