17 de março de 2013

Você Quer?!


O Cão e a Dona

 
Eu me arrastei até você,
Das pernas delgadas, lustrosas, folgadas,
Feito um cão adestrado,
Feito o cachorro que sei que sou.
 
Então você me pôs na coleira,
Puxando-a meigamente quando queria
E abruptamente quando eu pedia.
Era o amor, entre lambidas e afagos.
 
Eu farejava suas unhas quebradas
E me afastava ao cafungar esmaltes.
No banho as sombras escorriam
Sobre sua face borrada,
Intensificando sua beleza cinzenta.
 
Fiel, lati para toda e qualquer ameaça,
Fui a um canto sempre que ordenava;
Abanei o rabo para seus queridos,
Mas também para meus comparsas.
 
Fiz cara de quem caiu da mudança
E faz de tudo por tigela de leite.
Foram ardis de felino manhoso,
Cuja verdade nunca alcança.
 
Realizei gracinhas por ser torto,
Implorei por não ser direito.
Você fingiu e me aceitou de volta;
Enfim praticou o crime perfeito:
Veneno em meu favorito prato!
 
 

Sobrequerer

Se querer fosse poder
As pessoas morreriam
De tanto sentir prazer

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