O Cão e a Dona
Eu me arrastei até você,
Das pernas delgadas, lustrosas,
folgadas,Feito um cão adestrado,
Feito o cachorro que sei que sou.
Então você me pôs na coleira,
Puxando-a meigamente quando queria
E abruptamente quando eu pedia.
Era o amor, entre lambidas e afagos.
Eu farejava suas unhas quebradas
E me afastava ao cafungar esmaltes.
No banho as sombras escorriam
Sobre sua face borrada,
Intensificando sua beleza cinzenta.
Fiel, lati para toda e qualquer ameaça,
Fui a um canto sempre que ordenava;
Abanei o rabo para seus queridos,
Mas também para meus comparsas.
Fiz cara de quem caiu da mudança
E faz de tudo por tigela de leite.
Foram ardis de felino manhoso,
Cuja verdade nunca alcança.
Realizei gracinhas por ser torto,
Implorei por não ser direito.
Você fingiu e me aceitou de volta;
Enfim praticou o crime perfeito:
Veneno em meu favorito prato!
Sobrequerer
Se querer fosse poder
As pessoas morreriamDe tanto sentir prazer
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