Poesia sufocada
A escola ensina que tem que aprender
Aprender a ser bem comportado,
Tirar boas notas e seguir o seu mestre.
Tornará um dia algo que preste?
Crítica emudecida, emoção rejeitada,
Arte embrutecida, poesia sufocada.
Nos talentos agem pesticidas,
Na existência surge então o nada.
(História deturpada pelo grande inquisidor
Crime significou religião, joguete cristão;
Não passamos de famintos, queimados e extintos.
Liberdade – nada tão insuportável e tão sedutor)
Forma-se a cultura pela educação;
Abrangência social da informação.
A família, como o homem, não é uma ilha
Compartilhamento também é opressão
Empresas – modelos industriais
Manuais, preceitos e rituais
Recursos, ao máximo, manipuláveis
Tudo e todos devem ser mais rentáveis
Assim se enquadra a humanidade:
Em burocráticos escritórios,
Em doenças de laboratório,
Em terapias imprudentes,
Em um mercado onipotente.
Do tempo e do dinheiro pressão
Tudo para ontem, gozando amanhã,
O agora seria o presente da união
De um período tornado coisa vã
Sintoma: vazia acomodação
Desejando esta desmotivação
Remédio: retirar a venda espelhada
Enxergar a potência desesperada
Milagre, mistério e autoridade –
As forças que subjugam os rebeldes.
Débil, fraco, vil e covarde:
O homem, em rebanho, se rende
A filisteus da cultura, escravos que prendem
Inimigos da arte ditam as regras
Jogadores iludidos na vitória
A resistência ergue as suas pedras
Desiludida e feliz - peculiar glória
Ph.Deuses
- Eu estudei, sei mais que você, sou Ph.D.
- Ph.Deuses deveriam, por vezes, limpar minhas fezes.
- Trabalhe, trabalhe, não atrapalhe. Paspalho, se cuide!
Trabalho, trabalho, siga na marcha, atento. Circule.
- Quem sabe, quem disse, quem manda, alguém sabe dizer o por quê?
- Em seus relatórios quero mais foco, você está aquém;
Fracasso, fracasso, serviço em nível de um cabo raso
Atrasos, atrasos, todo seu salário vale meu cadarço
Não compartilho o saber; vocês todos inúteis!
Nessa vidinha de infame, seus gostos são fúteis!
- O pequeno burguês se recusa a viver como um freguês
Senta-se à mesa do chefe e sente o poder de uma vez
Lei da mordaça, lei da fumaça. E bebe na taça.
Séqüito bobo rindo aos montes de coisas sem graça
- Braços direitos e privilégios ao novo rei!
Mantenham o ritmo, eu é que mando, é minha lei!
Diploma de Ph.D, licença de Ph.Deus
Diploma de Ph.D, licença de Ph.Deus
Mega, mega, megalomaníaco!
Nega, cega, veda, alega.
Mega, mega, megalomaníaco!
Nada, nada, além de um maníaco.
Obs.: Preciso de um empurrão atualmente para escrever. Essas duas letras são semelhantes por terem a mesma origem crítica. Ao menos rendeu alguma coisa e não deixei passar o momento. Estou para escrever um post sobre a crise da masculinidade (androginia e falta e excesso de agressividade e segurança) há algum tempo, mas fico relapso, alguma hora me dedicarei. As coisas estão um pouco corridas também. Por enquanto é só...
24 de maio de 2010
3 de maio de 2010
Palavra de Ordem
A ordem das palavras de ordem
É o tempo do desespero, da morte de deus,
É a obra do cansaço; da ideologia obliteração
Crêem-se em desespero, mas estão decepcionados.
Só desapontamento nesta idade da decepção.
Criar esperanças, responder o porquê de se viver;
Suportar o agora, antecipar as tristezas que virão.
Pré-consolos do iminente fracasso, da privação,
Em nossa onisciente fuga do sofrer.
Sempre esperando – substitutas expectativas
Das antigas, contínuas e atualizadas derrotas.
Não vivemos, nunca; um dia viveremos, sempre.
É uma nova cilada, com riscos, mas sem apostas.
A sabedoria é possível a nós?
Sofrer impede o pensamento,
Pensar tende ao sofrimento
Pensar é presenciar o atroz
Discurso: deslocar do sentido o curso
Contra o adoecer o corpo combate
Como pode, ou então morre – desgaste.
Ah, viver é um reino de sombras!
Angústia prolongada: o custo da humanidade
Exigimos, porém, a cota de felicidade
O morto não sabe que é morto
E o louco não sabe que é louco
Em sonhos e imagens resume-se quem vive
Se é árduo é raro: indício do fausto aclive.
Que um dia a vida seja, sim, doce
Criação – alegria somente na ação
A última esperança: não mais esperar
Se possível for, no fim há salvação,
Se não for, nada perdi, deixe passar,
Porque toda morte é sem apelação...
¹²³°³²¹
Um sentimento idealizado e não correspondido há um ano me impede de senti-lo novamente, foi tão intenso que me secou? O mecanicismo e talvez também a ortodoxia e a dicotomia voltaram, não era o que eu gostaria. O auge físico passou, na atual posição decadente da vida, não há como eu mudar mais, restam as atualizações e as teimosias para não falhar a memória.
Amizade, alegria e alteridade, substantivos em falta em meu dicionário de vida. Gero discórdias, mas tenho sorte de suscitar carinho também. Talvez minha personalidade e meus atos ríspidos e tão autênticos dividam bem quem me entende e me aceita e quem não os suportam. Não à toa um lado tende a ser mais populoso que o outro.
Cedo apenas provisioriamente minha liberdade. Sempre será problema de relacionamento para mim as contumazes idiossincrasias que me acompanham, e quiçá me definem. Não sou solidário, sou solitário. Quem sabe meu futuro seja misantropo por esta falta de tato interpessoal, mas sei que melhorei. Ainda bem que achei um oposto que compreende isso, porém não posso me sentir preso. Às vezes sou liberal demais, às vezes nem tanto, só que a polêmica é constante, afinal, embates emanam quando diferentes se chocam.
É o tempo do desespero, da morte de deus,
É a obra do cansaço; da ideologia obliteração
Crêem-se em desespero, mas estão decepcionados.
Só desapontamento nesta idade da decepção.
Criar esperanças, responder o porquê de se viver;
Suportar o agora, antecipar as tristezas que virão.
Pré-consolos do iminente fracasso, da privação,
Em nossa onisciente fuga do sofrer.
Sempre esperando – substitutas expectativas
Das antigas, contínuas e atualizadas derrotas.
Não vivemos, nunca; um dia viveremos, sempre.
É uma nova cilada, com riscos, mas sem apostas.
A sabedoria é possível a nós?
Sofrer impede o pensamento,
Pensar tende ao sofrimento
Pensar é presenciar o atroz
Discurso: deslocar do sentido o curso
Contra o adoecer o corpo combate
Como pode, ou então morre – desgaste.
Ah, viver é um reino de sombras!
Angústia prolongada: o custo da humanidade
Exigimos, porém, a cota de felicidade
O morto não sabe que é morto
E o louco não sabe que é louco
Em sonhos e imagens resume-se quem vive
Se é árduo é raro: indício do fausto aclive.
Que um dia a vida seja, sim, doce
Criação – alegria somente na ação
A última esperança: não mais esperar
Se possível for, no fim há salvação,
Se não for, nada perdi, deixe passar,
Porque toda morte é sem apelação...
¹²³°³²¹
Um sentimento idealizado e não correspondido há um ano me impede de senti-lo novamente, foi tão intenso que me secou? O mecanicismo e talvez também a ortodoxia e a dicotomia voltaram, não era o que eu gostaria. O auge físico passou, na atual posição decadente da vida, não há como eu mudar mais, restam as atualizações e as teimosias para não falhar a memória.
Amizade, alegria e alteridade, substantivos em falta em meu dicionário de vida. Gero discórdias, mas tenho sorte de suscitar carinho também. Talvez minha personalidade e meus atos ríspidos e tão autênticos dividam bem quem me entende e me aceita e quem não os suportam. Não à toa um lado tende a ser mais populoso que o outro.
Cedo apenas provisioriamente minha liberdade. Sempre será problema de relacionamento para mim as contumazes idiossincrasias que me acompanham, e quiçá me definem. Não sou solidário, sou solitário. Quem sabe meu futuro seja misantropo por esta falta de tato interpessoal, mas sei que melhorei. Ainda bem que achei um oposto que compreende isso, porém não posso me sentir preso. Às vezes sou liberal demais, às vezes nem tanto, só que a polêmica é constante, afinal, embates emanam quando diferentes se chocam.
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