3 de maio de 2010

Palavra de Ordem

A ordem das palavras de ordem

É o tempo do desespero, da morte de deus,
É a obra do cansaço; da ideologia obliteração
Crêem-se em desespero, mas estão decepcionados.
Só desapontamento nesta idade da decepção.

Criar esperanças, responder o porquê de se viver;
Suportar o agora, antecipar as tristezas que virão.
Pré-consolos do iminente fracasso, da privação,
Em nossa onisciente fuga do sofrer.

Sempre esperando – substitutas expectativas
Das antigas, contínuas e atualizadas derrotas.
Não vivemos, nunca; um dia viveremos, sempre.
É uma nova cilada, com riscos, mas sem apostas.

A sabedoria é possível a nós?
Sofrer impede o pensamento,
Pensar tende ao sofrimento
Pensar é presenciar o atroz

Discurso: deslocar do sentido o curso
Contra o adoecer o corpo combate
Como pode, ou então morre – desgaste.
Ah, viver é um reino de sombras!

Angústia prolongada: o custo da humanidade
Exigimos, porém, a cota de felicidade
O morto não sabe que é morto
E o louco não sabe que é louco

Em sonhos e imagens resume-se quem vive
Se é árduo é raro: indício do fausto aclive.
Que um dia a vida seja, sim, doce
Criação – alegria somente na ação

A última esperança: não mais esperar
Se possível for, no fim há salvação,
Se não for, nada perdi, deixe passar,
Porque toda morte é sem apelação...


¹²³°³²¹

Um sentimento idealizado e não correspondido há um ano me impede de senti-lo novamente, foi tão intenso que me secou? O mecanicismo e talvez também a ortodoxia e a dicotomia voltaram, não era o que eu gostaria. O auge físico passou, na atual posição decadente da vida, não há como eu mudar mais, restam as atualizações e as teimosias para não falhar a memória.
Amizade, alegria e alteridade, substantivos em falta em meu dicionário de vida. Gero discórdias, mas tenho sorte de suscitar carinho também. Talvez minha personalidade e meus atos ríspidos e tão autênticos dividam bem quem me entende e me aceita e quem não os suportam. Não à toa um lado tende a ser mais populoso que o outro.
Cedo apenas provisioriamente minha liberdade. Sempre será problema de relacionamento para mim as contumazes idiossincrasias que me acompanham, e quiçá me definem. Não sou solidário, sou solitário. Quem sabe meu futuro seja misantropo por esta falta de tato interpessoal, mas sei que melhorei. Ainda bem que achei um oposto que compreende isso, porém não posso me sentir preso. Às vezes sou liberal demais, às vezes nem tanto, só que a polêmica é constante, afinal, embates emanam quando diferentes se chocam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário