24 de maio de 2010

Aceitando a inspiração e a crítica

Poesia sufocada

A escola ensina que tem que aprender
Aprender a ser bem comportado,
Tirar boas notas e seguir o seu mestre.
Tornará um dia algo que preste?

Crítica emudecida, emoção rejeitada,
Arte embrutecida, poesia sufocada.
Nos talentos agem pesticidas,
Na existência surge então o nada.

(História deturpada pelo grande inquisidor
Crime significou religião, joguete cristão;
Não passamos de famintos, queimados e extintos.
Liberdade – nada tão insuportável e tão sedutor)

Forma-se a cultura pela educação;
Abrangência social da informação.
A família, como o homem, não é uma ilha
Compartilhamento também é opressão

Empresas – modelos industriais
Manuais, preceitos e rituais
Recursos, ao máximo, manipuláveis
Tudo e todos devem ser mais rentáveis

Assim se enquadra a humanidade:
Em burocráticos escritórios,
Em doenças de laboratório,
Em terapias imprudentes,
Em um mercado onipotente.

Do tempo e do dinheiro pressão
Tudo para ontem, gozando amanhã,
O agora seria o presente da união
De um período tornado coisa vã

Sintoma: vazia acomodação
Desejando esta desmotivação
Remédio: retirar a venda espelhada
Enxergar a potência desesperada

Milagre, mistério e autoridade –
As forças que subjugam os rebeldes.
Débil, fraco, vil e covarde:
O homem, em rebanho, se rende
A filisteus da cultura, escravos que prendem

Inimigos da arte ditam as regras
Jogadores iludidos na vitória
A resistência ergue as suas pedras
Desiludida e feliz - peculiar glória


Ph.Deuses

- Eu estudei, sei mais que você, sou Ph.D.
- Ph.Deuses deveriam, por vezes, limpar minhas fezes.
- Trabalhe, trabalhe, não atrapalhe. Paspalho, se cuide!
Trabalho, trabalho, siga na marcha, atento. Circule.

- Quem sabe, quem disse, quem manda, alguém sabe dizer o por quê?
- Em seus relatórios quero mais foco, você está aquém;
Fracasso, fracasso, serviço em nível de um cabo raso
Atrasos, atrasos, todo seu salário vale meu cadarço
Não compartilho o saber; vocês todos inúteis!
Nessa vidinha de infame, seus gostos são fúteis!

- O pequeno burguês se recusa a viver como um freguês
Senta-se à mesa do chefe e sente o poder de uma vez
Lei da mordaça, lei da fumaça. E bebe na taça.
Séqüito bobo rindo aos montes de coisas sem graça
- Braços direitos e privilégios ao novo rei!
Mantenham o ritmo, eu é que mando, é minha lei!

Diploma de Ph.D, licença de Ph.Deus
Diploma de Ph.D, licença de Ph.Deus

Mega, mega, megalomaníaco!
Nega, cega, veda, alega.
Mega, mega, megalomaníaco!
Nada, nada, além de um maníaco.


Obs.: Preciso de um empurrão atualmente para escrever. Essas duas letras são semelhantes por terem a mesma origem crítica. Ao menos rendeu alguma coisa e não deixei passar o momento. Estou para escrever um post sobre a crise da masculinidade (androginia e falta e excesso de agressividade e segurança) há algum tempo, mas fico relapso, alguma hora me dedicarei. As coisas estão um pouco corridas também. Por enquanto é só...

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