29 de julho de 2012
Moda FDP
A moda é uma filha da puta,
Só agrada às modelos e aos caras que são frutas
Padrões europeus inalcançáveis
Ganância à venda a presas tão frágeis
Até mesmo o exótico se põe calculado.
Fica fácil seduzir tolos esvaziados
As cotas servem para escamotear
Corriqueiras alegações de elitismo,
São acusações de quem à margem ficou.
Só que basta assobiar para o rabinho abanar
Rebola e rebola, enrola e assola
O recalcado, um bajulador manipulado,
Grita “cai fora” à própria imagem de outrora;
Chutando cachorros vai a bichinha embora
Então chora, sim, triste chora...
Em que consiste a dessemelhança?
Resta apenas a diferença de alocação
Sua posição somente redireciona,
Não passa de ilusão: pirâmide ou lona
Pirâmide. Ah, pirâmide social!
Admirável retrato do estrato
Muitos a escalam, então se vangloriam,
Revelando o caráter do ser - grande boçal
A moda é uma filha da puta,
Só agrada às modelos e aos caras que são frutas.
Império da correta imagem,
Resumido em lorota e contínua veadagem
Muita pompa e pose; ó, santo photoshop
Quanta frescura sob a alcunha “fashion”
O knowhow está dentro dos books
Todo o background ali, na passarela
Meninas topando tudo por flashes
Calculadora somando prioridades
Tantas almas medidas em cash
Buscam seus tão fugazes prestígios –
Obsessão como o preço da vaidade
Vigoram as anoréxicas garotas
E os vigoréxicos metrossexuais
Virou chique ter disfunção sexual
Sobraria sem os lesados o tédio,
Declararia a indústria bancarrota
Vide as fotografias de outros tempos,
Aquele da tua avó: tempo do Ariri.
Com a mesma roupa desbotada,
Porque mamãe agora é vista assim.
Contra rugas e apelos, difícil é haver fadas
Há uma ordem: o guarda-roupa renovar
Tudo pra vender, e a nossa mente lesar
Não seguir a tendência da estação
É se autoflagelar perante os órfãos
Da desditosa, mas útil, tradição
A moda é uma filha da puta,
Só agrada às modelos e aos caras que são frutas
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