Sardinha
Explodiam
sardinhas enlatadas
Microondas é
uma caixinha imprevisível
Não deixem
seus fedelhos manuseá-la
Mas toda
criança adora apertar botões
E atirar
pedregulhos com estilingues
Afugentando
passarinhos e bichanos
Apesar de a
maioria categorizar
A maldade é
um juízo moral
Se a
praticamos é por ignorância
Porém todo
mundo foi contagiado
Viver é
sobreviver, que é atropelar
Parasitismo
é constante natural
Pratique-o,
usufrua-o, releve-o
Beije seu
calmo hospedeiro,
Acaricie seu
verme infeliz
Revele a
mais íntima das preces
Esgotadas
por falta de uso
É nosso
padrão (ação por osmose)
Lamente
após, derramando todo o sal
Constante
nas lágrimas sangrentas,
Contudo
vitais, ou capitais
Apenas se
vão o que nós esquecemos
E as
oportunidades não agarradas
Garras de
presas apressadas
Descuidadas
com as viseiras bem vazadas
Vasos de
imberbe, de sangue inerte
Pés gelados
– defunto distraído
Diante do
corpo sem vida esta fez sentido
Lá a sirene
grita, quer chamar atenção
No meio da
gritaria da urbanização
Há Pelés e
Sennas e Gugas
Que sonham
em se firmar no esporte
Simplesmente
arfam, e buzinam
Na cidade;
ninguém se importa
Exceto
quando um deles assassina
E o vendedor
de pescado fresco
Esperneia e
repete os chavões
E suporta o
chato a seco
Fora do rio
sempre há calor
Que só é
refrescado por sacolas cheias
Só queira a
cheia que cheira
As
donas-de-casa sustentam a nação
Com primazia
suposta da economia
Especialistas
objetivos insensíveis!
Onde está a
integral explicação
Que eu
aprendi desde cedo a aceitar?
Descubra a
sardinha espinhosa
Seleciona e
retire as espinhas
Ou
engula-as, sufocando gentilmente
Uma hora o
coração não baterá
Mesmo, que
você não possa comprovar
O mesmo que
contemplar róseas rosas
- Espero que
sufoque sinceramente
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