20 de setembro de 2015

Desafogar Poesias



Frígida

Num coração tacanho
nenhum amor faz lar
Lá a soberba é tamanha
que só pode uma frígida
em contento morar.

Vulgar

Não bajulo ídolos com dentes d’ouro
            Não me ajusto com crápulas de Armani
E nem seduzo a oca beleza infame.
            Sei que ama a multidão da fama os louros,
São todos heróis de meia-tigela
            Que o vulgo, feito trator, vem, nivela.

Papo mole

Toda pátria é estranha
Pra quem não tem a manha
De arrumar seu cumpadi
Na lábia; papo mole
Que um tonto sempre engole.

Durmo na cova

O amor se foi...
É o tal mundo burguês
preenchido de Góis,
yuppies e filisteus.

Acordem-me da cova
quando for boa a moda
declamar suas trovas
o amante, que elos solda
e sua bela amada louva.

Mãos no queixo

Eu vejo na menina mãos no queixo
            Logo percebo que ela está tristonha
Conta a mim: estou esperando a cegonha
            Mãe solteira, não terei do herói o beijo.

Sacou?

Disto os tiranos não se convencem:
Minha liberdade não pertence
Só a mim ou aos meus parceiros
Ela é para o mundo inteiro,
Por ser indomável e oportuna
Ao chegar confunde, pois é bruma.

Coração de poeta

De amores platônicos nascem poetas
É a mais comum forma de sublimação
Decerto, todas as damas são incertas,
Porém nunca erra deles o coração.

Olhos de animais

Por favor, minha alma velem,
Porque meus olhos não mais vêem
a beleza oculta nos sinais
Incapaz de enxergar a Helen
me aproximo dos animais.

Danças

Quando vejo na TV antigas danças,
Inspiradas em cortejos da França,
Penso que o povo talvez fosse chato,
Seus movimentos imitavam flatos.

Sorte?

Pensa então que tem sorte?
Seu suco vende como vinho
Tanto lucrou nesse transporte
Que comprou um bom carrinho.

Mas a sorte é matreira
Por muito tempo não se engraça
Com mero vendedor de feira,
A malícia a ameaça.

Desprezos

Ela sempre o desprezou,
pois com status sem valor
não há um jovem que consiga
adquirir qualquer amor.

Só que o tempo sempre passa,
o fusquinha virou Porsche
e a florzinha tão megera
pra ser a escolhida torce.

Não tem mais qualquer valor
uma borboleta velha,
pois se ficou ultrapassada
os babacas nem dão trela.

Desejo

Desejo aos poucos e bravos
inimigos meus duras dores
da quimio cara e duradoura.
E que não lhes reste um centavo,
findando a disposição de ânimo –
esse é meu desejo magnânimo.

Cigarros & Álcool

Minha sina:
   Falsa vacina.
      A angústia que trago
         Para dentro deste peito
            Ansioso, enegrecido,
   Onde o ar circula rarefeito,

   Guarda uma verossimilhança
Com o fel, que melancólico
         Se insere na barriga
      E eleva o alcoólico
   Teor do sangue
Meu, estou exangue...

Ordens do patrão

“Aqui não se admite cagão” –
É o que diz a nós o patrão –
“Quem for não ficará de pé
Até cumprir o que eu disser”

Nós rezamos “Este é meu rifle”
Babando feito um bullmastiff
Ansiando por sangue e gim,
Além da festa com Geni.

Só Pepe Legal

Passa por lá a provocativa gata –
Os marmanjos se acham Pepe Legal,
urram, pulam, não fecham a matraca.
Ela apenas sorri e sai do local,
deixando os galãs com suas bravatas.

P.S.: O blog está morto, estou apenas  desafogando poesias do PC.

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