22 de julho de 2011

Devagar a Divagar

Veja bem, ou vejam bem, hoje divagarei, ou melhor, neste post escreverei sobre banalidades, sobre ideias difusas, ora confusas e obtusas, ora inertes ou meros flertes. A princípio este blog foi parido para que eu mesmo começasse a parir meus pensamentos, a fim de me conhecer melhor, principalmente, mas também para conhecer melhor o mundo, para tentar me expressar melhor e para me sentir bem melhor – pesos tendem a derrubar qualquer um, meu pessimismo precisou aprender a lidar com as adversidades.
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Ando escrevendo pouco, eu sei, ou então nem é tão pouco assim, mas como tenho lido coisas tão diversas e interessantes, acabo sentindo que escrevo menos do que eu gostaria. O fato é que estou conseguindo crescer sem a necessidade de me expressar por este meio, são por outras maneiras e não me disponho a elencá-las, at least not right now!
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Circunstâncias diferentes acabam levando a ideias e opiniões diferentes, é inevitável, estou apreciando a nova fase. Somos egoístas, porém as perspectivas me levam a compreender melhor os outros lados, as outras pessoas, os fatos passados, as minhas atitudes e conceitos; revejo e reflito; naturalmente as mudanças chegam, elas não são abruptas como parecem, perceba que as sementes explodem sob o chão, contudo a situação indicava que aquilo aconteceria, anyway, nós apenas teimamos e relutamos em aceitar o contínuo fluxo das informações e dos organismos. Êtes vous plus Zen.
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Meu niilismo foi superado, continuo contestador e com opiniões peculiares, porém ânsia por um sentido da vida e a negação de todo e qualquer valor ficou para trás. Essa tendência de um ateu mandar tudo às favas e pensar em destruir porque nada está bom ou faz sentido são as turbulências da transição; todo começo é difícil, mas veja bem, toda mudança é um começo e uma continuação do que havia antes, o processo é dialético, os resíduos da construção anterior permanecem, sobretudo a cultura, os memes, as informações subjetivas, fluidos sutis que não desaparecem, no máximo obliteram após um longo tempo e árduo esforço de transformação.
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O existencialismo é uma salvação filosófica do vazio, do nada da contemporaneidade, e se oferece sem muletas, cada um se esforçará por uma vida autêntica, livre ao máximo de influências fúteis e tristes, com valores que vão fazer sentido a esta única pessoa: o ateu que acredita na vida e no progresso pessoal, social e da natureza. As pessoas não deveriam precisar das religiões, todavia num mundo de rebanho isso se faz necessário ainda, infelizmente, bad lucky for them. Porém, de filosofias o homem sempre será carente, pelo menos enquanto não se tornar máquina. Bem como ele precisa de ciência e tecnologia, mas com um dosador realístico, consciente de si, a fim de não se tornar um escravo de inovações muitas vezes supérfluas. E necessita, sobremaneira, da arte, não apenas para ver e apreciar, mas para se expressar e se esforçar em compreender a si mesmo emocionalmente e intelectualmente, afinal o ato artístico envolve lógicas e padrões, bem como o insconsciente e as intenções desconhecidas, ou ainda l’art pour l’art.
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Contatos, mesmo que superficiais com a sabedoria oriental me levaram a esse preenchimento. Lições importantes a um mundo globalizado pela dominação ocidental, em especial a do imperialismo americano, é claro. Pois bem, as influências dos EUA foram, majoritariamente, a do cristianismo protestante, a da democracia liberal e burocrática e a do capitalismo, com os judeus dando várias mãos para que ele vingasse bem. As filosofias orientais pouco se fizeram presente, até mesmo porque elas surgiram em cenários de restritos recursos naturais e em locais densamente povoados, o oposto do nascimento do USA. O resto da América acaba engolindo esse materialismo frio, consumista, contratual, competitivo, com um orgulho quase que tribal, e se esquece que isso tudo foi criado artificialmente e em muito pouco tempo, relativamente. Sabedorias de séculos, de milênios – sem correr o risco de proferir uma hipérbole –, não podem ser ignoradas, escamoteadas e escarnecidas, devem ser apreendidas; a vida não se faz só de dinheiro e status. Além disso, o cristianismo é, indeed, enganação e hipocrisia.
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Para finalizar, desviando do assunto, ou não, afinal também diz respeito ao tio Sam, queria expor rapidamente sobre a intolerância. Todos querem se sentir superiores; ser orgulhoso e vaidoso é natural no homem, nosso instinto bairrista, etnocêntrico e antropocêntrico nos inclina a se sentir bem onde estamos; os outros – “l’enfer c’est les autres” – são piores, uma vez que são “exóticos, profanos, ignorantes, amaldiçoados, infelizes” e termos depreciadores afins. A nossa ética nos diz para lutarmos por um mundo e uma sociedade na qual acreditamos, então rebaixamos quem não se comporta da forma correta idealizada por nós, que somos os outros também! Só que ser um moralista é cair no erro de legitimar os conflitos, pois as visões são inúmeras, então todo mundo que tiver uma opinião diversa poderá agredir seu oponente, o que é um absurdo.
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Agressões a gays, ateus, adúlteros ou mendigos nunca deveriam ocorrer, pois essas pessoas não ferem a dignidade e o direito de ninguém mais por serem assim, enquanto se abstiverem de provocar o próximo; a justiça e o revide são legítimos, mas não quando esta “agressão visual” choca os mais conservadores ou os sensíveis. Todos têm o direito de causar o mal a si (se o outro assim entender), pode até ser ultrajante alguns casos, como sexo explícito e jogatinas a céu aberto, porém, clubes e locais específicos devem ser liberados, pois há consentimento mútuo na participação de seus membros, logo não faz sentido proibir puteiros, cassinos, casas de swing, cerimônias gays de casamentos, entre outros atos, desde que sejam privativos, consensuais e dentro dos requisitos legais. A briga deve ser pacífica e nos argumentos. Lobbies ocorrem porque hoje o que manda é o dinheiro, mas quem sabe um dia o que comandará será o melhor embasamento técnico e social.
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Talvez eu não tenha estruturado tão bem meus pensamentos, mas me livrei de passar mais de um mês sem fazer uma postagem sequer. Écrit, mon fils, écrit!

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