Um Cochilo
Durante a guerra, eis que encontro
Um rato, adoecido, na agitada relva
Tento tratá-lo, não sou veterinário,
O roedor morre de frio; ouço um badalo.
Mas não, são bombas, minha face,
Por efeito moral, se desfigura.
Ninguém está por perto, há silêncio;
Um estrondo, bum! O sonho é um pesadelo...
Cochilo no colo de minha mulher
A circulação da perna se interrompe
Meu pé parece inchado de cachaça
A visão de duas mulheres se esvaece
É um beco sem saída, não sem vida,
Gritaria minha assusta um transeunte:
É o despertar do adormecido ciúme
Paciência talvez também seja ciência
Morremos Jovens
Ouça, se eu vier a morrer jovem,
No entanto quem não morre jovem?
Você diz que chorará por mim,
Mas, de fato, chorará por si.
As minhas se cinzas se espalharão;
Jogue-as em alto mar, às algas,
Peça isso ao cortês capitão
No fundo, as vidas ficam análogas.
O luto perdura por certos dias
Rejeite a contumaz melancolia
Seu comodismo não corrobora
Com os seus atos comigo, até agora.
Enfim me sinto como mais um só
Na multidão meu ser pôs-se anulado
Doravante, eu restarei isolado.
Vivemos juntos, morremos a sós.
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