2 de outubro de 2011

Os muros ruem num festival

Um Cochilo

Durante a guerra, eis que encontro
Um rato, adoecido, na agitada relva
Tento tratá-lo, não sou veterinário,
O roedor morre de frio; ouço um badalo.

Mas não, são bombas, minha face,
Por efeito moral, se desfigura.
Ninguém está por perto, há silêncio;
Um estrondo, bum! O sonho é um pesadelo...

Cochilo no colo de minha mulher
A circulação da perna se interrompe
Meu pé parece inchado de cachaça
A visão de duas mulheres se esvaece

É um beco sem saída, não sem vida,
Gritaria minha assusta um transeunte:
É o despertar do adormecido ciúme
Paciência talvez também seja ciência


Morremos Jovens

Ouça, se eu vier a morrer jovem,
No entanto quem não morre jovem?
Você diz que chorará por mim,
Mas, de fato, chorará por si.

As minhas se cinzas se espalharão;
Jogue-as em alto mar, às algas,
Peça isso ao cortês capitão
No fundo, as vidas ficam análogas.

O luto perdura por certos dias
Rejeite a contumaz melancolia
Seu comodismo não corrobora
Com os seus atos comigo, até agora.

Enfim me sinto como mais um só
Na multidão meu ser pôs-se anulado
Doravante, eu restarei isolado.
Vivemos juntos, morremos a sós.

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