Agora, o vazio
Agora partem os valores e os princípios.
Ué, cadê a verdade que cá se postava,
Que amiúde na rotina revelava-se?
Ética dos costumes emblemática
Os pais entregam seus filhos a outrem criar
Em paz estragam a cria de gerações
Então carregam a culpa pelos maus tratos:
Babás supersticiosas, mamães ociosas
Descarga de tensão em jogos virtuais
Bullying, humilhação e pedra em animais.
Uma criança não é anjo e nem capeta,
Busca sua identidade e auto-afirmação;
Anseios sob repressão bastante a afetam
O retrato de família coesa de outrora
Cunhou o reles jargão “tal pai, tal filho”,
Mas se desgastou, seu brilho foi-se embora.
Restaram os genes e o teimoso atavismo
Qual será a influência predominante?
Aparentemente há sorteio, é randômico.
A ignorante pressa nós arrogamos,
Não se nota o óbvio e restam os reclamos:
“O bom dura pouco”, “o mundo está perdido”
Deparar-se com o vazio é comum
É muito incomum lhe sorrir de volta
Ninguém convida agressor algum,
Porém, conviver com o inimigo íntimo
Desperta em nós compaixão – lugar-comum
Preenche-se o vácuo com cores berrantes
Berro interior após lutas hercúleas –
Imperativo do hedonismo a todo instante
Sem vestir a máscara de ator contente
Julgam-me persona non grata ou enfadonha –
O Surto da Síndrome do Decadente
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Maletas e Muletas
Qual é o peso das malas que levamos nas viagens?
Será leve se aproveitamos o percurso – leves rodinhas
Mas toda mulher carrega nas costas as bagagens
As covardes traições cometidas contra os queridos
São sinceras fugas diante da angústia de viver sem amor
Quando o outro desejado nos rejeita, resta o rancor
Amor platônico só é bom quando nunca deseja agir,
No mundo ideal toda ação é prova da imperfeição
O que é perfeito se contenta em ser pura potência,
Infelizmente, o homem precisa das aplicações
E doravante se arrepende com as conseqüências
O medo aprisiona, mas ninguém preso fica,
Despontando a gritar regozijos, nem diz ser rica.
A vítima o agressor culpa, pesando sua consciência,
Enquanto isso, toda mulher carrega as bagagens,
Após precisa inventar as próprias miragens
Para viver, por vezes seguimos às cegas.
Segue a seta que tu apontas a ti mesmo
Um dia te pegarás contemplando adegas,
Senão viverás de muletas dependendo;
Eu ando sem elas, jamais me arrependo
.
P.S.: Excepcionalmente 3 postagens no mês, por nele completar 3 anos de blog.
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