9 de junho de 2013

Eu também faço Rap


No subúrbio tenha sempre seu ardil
 
Ando pelo bairro e paro na esquina
Está pichado o muro, maior cheio de urina.
Sigo o meu rolé, não suporto essa caatinga;
O buraco é tenso, não te explico, é só vendo
A cinquenta passos eu percebo um moreno
Chego perto dele, o malaco tá fedendo.
 
Nesta noite, sei, carniça é minha sina,
Parto para o bar, que o goró me alucina.
Que infelicidade, me oferecem cocaína.
Tenho cara de burguês?
Um perdidão talvez?
Não quero ser freguês
De malucos, sim, vocês!
 
No subúrbio tenha sempre o seu ardil
É a lei da selva bem no meio do Brasil
 
O tiozinho no sinal se levanta, é um alento,
Dirige-se até mim, passos em câmera lenta
E pede um real, eu recuo – só lamento.
Seu bafo de cachaça não tem vivo que aguenta
A morte é mais um caso, apenas um intento.
As ruas da cidade é esse tipo que frequenta
 
O conselho de milhares serve de alerta
Infortúnio coletivo é o que a voz projeta
Que nosso excluído a sombra o proteja
Pois lixo voltará, no prato ou na bandeja –
Não seja o que ele enseja
E veja no que o fim despeja.
Não seja o que ele enseja
E veja no que o fim despeja.
 
Relaxo todo o corpo, prossigo mó intrépido,
Não demora muito, quase piso num decrépito.
Aqui por essas bandas desgraça é em avalanche
Não dá nenhuma Chance, agiliza uma Revanche,
Sou macaco velho, tenho sempre meu ardil:
Longe mês de Abril, fugidio, nem me Viu!
 
No subúrbio tenha sempre o seu ardil
É a lei da selva bem no meio do Brasil
 
Se eu fosse engravatado, fodão do Ministério,
A vida desses manos não teria mais mistério.
Retirava da gaveta plano gasto, já bem velho:
Distribuía a Renda, acabava com a Tristeza,
Não haveria um moleque sem jantar e sobremesa.
Por enquanto ele chora: ou almoça ou reveza,
Ou almoça ou reveza.
 
Em assuntos tolos todo povo é bem sincero
O papo é furado; lá a tia, vem com lero.
Quem dera com o tráfico grau de sigilo zero
É pow, pá, pum! Não vai sobrar nenhum...
 
Barbárie e violência, tretas que não tolero.
Ciclos retomados e infantes sem futuro.
“Um peito com três Furos, assim é que eu Faturo”,
Diz o vagabundo, com fuzil, atrás do muro...
 
No subúrbio tenha sempre o seu ardil
É a lei da selva bem no meio do Brasil
 

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