14 de julho de 2013

Duas (subentendidas) Considerações Psicanalíticas: II – A Violência e a Boca dos Árabes


Só para alertar: eu exporei algumas besteiras. Não tenho tanto embasamento histórico para falar sobre o Oriente Médio, leia este texto como achismo de um ocidental que não aprecia a cultura árabe, mas que compreende a dureza dos que vivem numa região onde conflitos armados são inevitáveis e que por causa deles as pessoas da região não puderam agir de outra forma e nem se entregar às liberalidades e licenciosidades do Ocidente, que para nós significa progresso moral. Na verdade, desejei fugir da contumaz análise sociológica que sempre ouvimos e lemos quando o assunto são os árabes. Foquei na psicanálise, especialmente na repressão sexual. Parece sempre uma blasfêmia colocar sexo e Allah na mesma frase, como eu sou um maldito e polemista, não ligo. Todo mundo gosta e precisa de sexo, se o Islã o trata como sujeira, parte do mesmo princípio cristão de inferioridade do corpo, nossa única sede. Estou acostumado a criticá-los, pois a sexualidade é o centro de nossa relação com o mundo, todo exercício de prazer e poder passa por ela. Fique à vontade em parar logo nesse parágrafo se você for puritano, pois para mim foder move o mundo.

Ah, só para constar, quando me refiro a árabes, digo sobre todos que moram na região ou seguem os costumes de lá, tanto faz se muçulmano, judeu, cristão, hare krishna ou budista. É claro que por ser predominada pelo Islã, este será o maior alvo da análise.

 

O Oriente Médio sempre foi ponto de ligação comercial, logo de contato, entre diferentes culturas, etnias e religiões, portanto, um barril de pólvora com pavio curto. Foi preciso acolher bem os visitantes para a grana circular e o povo ter o que comer naquele deserto amaldiçoado. Claro que tudo feito superficialmente: pagou, comeu, vazou. Os judeus se destacaram como grandes comerciantes, bons de lábia, corporativistas e organizados. O sucesso alheio desperta inveja, quem está por cima dispara fortes emoções nos ambiciosos. Os turcos seguiram os mesmos passos da judeuzada, com a diferença de serem mais brutos, como a maioria dos árabes, machistas por excelência. Além do deserto e do comércio, a gastronomia da região é uma referência mundial. Come-se quando pode e o quanto puder, pois fartura é sinal de alegria, assim como ser gordo é símbolo de riqueza, só ficando atrás de ouro, esposas e palácio. Os árabes compensam sua falta de senso estético na arquitetura. À exceção desta arte deles, as demais eu não consigo admirar.

Após esse rodeio histórico, foco na psiqué da galera. Família e religião são tudo para ela. Não é por ideologia, é pessoal. Cultivá-las e defendê-las é como um instinto de sobrevivência; tenta-se continuar vivo por motivos biológicos. É claro que quando há mais de uma pessoa vira questão política e social, mas por lá indivíduo, família e religião estão intrincados a ponto delas serem parte do indivíduo – ninguém sai por aí se mutilando. É mister mantê-los íntegros. Dito isso, fica mais fácil entender a característica passionalidade árabe. Não há ideias em jogo quando há um ataque à família ou à religião, há uma agressão física. Não se discute, se reage. Enfrenta-se o inimigo e busca-se subjuga-lo, fazê-lo se arrepender e sofrer por tamanha arrogância. Lei de talião.

Criança faz muito isso. Começa revidando na mesma moeda. Quando algumas ultrapassam os limites do olho por olho, descobrem a injustiça e se tornam adultos, uns por cima e outros submissos. Os árabes não conseguem ir além com o perdão, o exemplo tem que ser maior que a abstração intelectual. Não há outra justiça que não a imediata. É incrível, as coisas parecem incorporadas de tal maneira que a própria alma assume traços físicos, mesmo sendo etérea. Deus tem que ser vingativo, a guerra é uma rotina e só os fortes e obedientes devem sobreviver. O ente poderoso é mero reflexo da concepção de poder da população, que jura seguir uma lei divina.

 

Vamos agora à parte mais polêmica, a sexual, a gozada cultural que a gravidade dos templos, das mesquitas, das sinagogas e das igrejas tenta reprimir e escamotear. Todo mundo sabe que qualquer ponto de encontro é estopim para sexo. A aglomeração facilita o roça-roça e a troca de olhares sacanas. Daí para beijos, amassos e penetrações basta uma fresta, um vacilo do superego. Séculos de evolução nos programaram para reagirmos rapidamente às parcas possibilidades de acasalamento e posterior povoamento do mundo. Mas a moral foi inventada para permitir apenas o sexo com fins de procriação e posterior criação dos filhos, senão haveria abandono em massa de recém-nascidos e uma orgia generalizada. Ó, fora sodomia, o maior dos pecados!

Não há espaço para expressão da subjetividade, nem da diferença e nem de ideias heterodoxas, ou seja, é preciso rezar a cartilha e danem-se a crítica e a arte. Se não é possível descarregar toda energia acumulada (e ela se acumula por mais bem treinada que seja uma consciência) no sexo, se não pode sublimar essa sexualidade reprimida na arte (repetir o padrão é artesanato), se não pode tentar caminhos diferentes do que é claro e rigidamente estabelecido através de dogmas e tabus, a única válvula de escape é a violência contra o estrangeiro (stranger). O esquisito é achincalhado e afastado de dentro do grupo. E qualquer grupo coeso pratica isso. E se não praticar perderá a identidade. É o modus operandi dos árabes, mas foi preciso que funcionasse assim, do contrário viria outra tribo/etnia e os chutaria para longe. É a velha briga de torcidas, contudo aqui ela é institucionalizada e estimulada por líderes e seu rebanho. É brigar ou fugir.

Tudo é motivo para discussão, um quer se pôr acima do outro e ninguém se acalma ou toma um banho frio ou se arrepende do que fez ou pensou. Tudo esquematizado e pré-programado, basta seguir à risca as instruções teológicas e sociais, então relaxe a cabeça e os pés. Isso finca raízes no padrão de pensamento, e consequentemente de comportamento diário, são as convicções guiando o corpo. Como não há estímulo ao espírito crítico nem ao cultivo das livres ciências, a mente simplesmente repete o que foi repassado quando criança e que é visto cotidianamente, com pouquíssimas variações. Não há espaço para improviso. Assim como um bebê ri ou chora perante uma situação imprevista, um árabe xinga e parte para a porrada se provocado em demasia. Sua libido se concentra em agredir, é incapaz de entender o lema hippie “Paz e Amor”, é inconcebível viver de sexo e plantas. Ele simplesmente não consegue se livrar das convicções, é escravo delas.

Não falo dos terroristas, falo do árabe ordinário, violento porque não sente prazer com o sexo nem canalizou essa energia em outras áreas. A neurose é inevitável quando a repressão é constante e sem trégua. Nervosos, acusam os outros (quem está fora), afinal se eles se acusassem, cairia o mundo, nada mais faria sentido; o prédio tem que se manter de pé, mesmo à custa da saúde mental. O corpo treme e reage quando confrontado ou apontada sua contradição. Não pode. O excesso de regras é uma tentativa de afastar o foco nos problemas internos e nos pecados que cada um cultiva quando a liberdade dá asas à imaginação. A sociedade árabe não admite desvios.

Por fim, as mulheres. Por lá elas sofrem muito, são reprimidas dentro e fora de casa, não gozam da mesma liberdade dos homens, mesmo em países mais tolerantes, e precisam internalizar o discurso a fim de se acostumarem com as dores até o dia em que não percebem mais a própria escravidão. Um escravo auto-enganado talvez tenha chance de se encontrar um dia num sublime estado de felicidade, mas um escravo ciente de sua condição jamais se dirá feliz, viverá apenas na esperança de que as coisas porventura melhorem. É a velha lição da caixa de Pandora, a tragédia grega, a triste condição humana de acreditar no que dificilmente irá acontecer, tentando viver bem e cultivando o próprio jardim, convencendo-se de que no futuro ou no porvir ele será parecido com o Éden. Retomando, as árabes jogam todas as suas frustrações e esperanças nos filhos, na cozinha e nas roupas. Projetam o próprio sucesso nos rebentos, então se orgulham quando ele é bem visto na comunidade. A parte dela está feita, atrás das cortinas, que no palco brilhe sua cria.

Elas sentem, e devem sentir, culpa do corpo pecador, evitando tocar zonas erógenas, incluindo seus próprios filhos. Imagine a situação de sentir prazer com o neném mamando em seu seio. Calam-se e vão rezar para se purificar após tal monstruosidade. Com isso, é muito provável que tenham amamentado pouco. Para compensar essa outra culpa (ter dado pouco alimento ao bebê), elas cozinham demais – é também outra forma de passar o tempo e não pensar na frustração sexual. Amplie essa escala e terá um exército de homens paparicados e com problema na fase oral. Decorre disso o excesso de cigarros e charutos. Uma fumaceira desgracenta empesteando casas, praças e bazares. Não podem ficar beijando por aí, nem chupar pintos, xoxotas ou mamilos. Contentam-se com os narguilés. Só que é narguilé pra c@r£lh¢. A boca tem sede e fome e não há suquinho ou biscoito que a satisfaça. Sem um mínimo de romantismo e satisfação sexual as neuroses irrompem.

Sem cumplicidade sexual não há possibilidade de amor. Dizer que o amor é devotado a Deus pode fazer sentido, mas só entre os monges e santos. A imensa maioria das pessoas são tentadas pelos anseios da carne. Fingir que eles não existem, logo não atendê-los, é abrir espaço para frustrações se acumularem. Mas elas precisam sair de alguma forma. E a violência é a mais fácil. Sem amor eleva-se o ódio, a vontade de destruir. A terceira opção é a indiferença. Não creio que gente passional pratique esse asceticismo. Só restou uma saída para suportar a existência: odiar.

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