Anos de Solidão
Sem fogos
Na miúda
Achei dez centavos
Ganhei na loteria
Não adianta lhe explicar
Cada um que morda a própria rapadura
Minha idílica redenção
É interna
Ou deveria ser
Porta retratos pelo chão
Medalhas na parede
Não perturbam meu senso de lisura
Fé na hierarquia
Ou só coisa de maníaco
Estou acima de vocês
Que só vencem campeonatos
O novato faceiro
Se elogiado, não o compreenderiam
Mãos dentro do bolso
Mãos sobre a cabeça
Um pedação engolido à força
Lacrimejo por falta de mastigação
Logo mais não sinto
Perdi o paladar após disenterias
Autoatenção
Hábito ingênuo
De um geniozinho desprovido de fama
A praça é pequena para dois
Ninguém concede
Mas a perfeição é movimento contínuo
Coisas cativam
Gente incomoda
Quantos mais anos de solidão
Até dissimular simpatia?
Giro e sigo insensível
Julgo não haver pedregulhos me atingindo
**¬§§
Várias Mentiras
Sabe, a segurança enjoa
Quem vive só numa boa
tem lá seus sonhos.
Sonolência nada cura,
mas tatear pelas trevas
serve pra não acabar enfadonho
Quem quer esquemas e planos
Prestes a subsistir, insano
e sem perigos?
Saudade de cenas futuras –
ansiar pelo colo do estranho,
ainda que seja o de um sujo mendigo
Ser criança é só o fim
Um ultimato carmim
de sorriso solto.
Doravante, cercas, divisas:
Um altivo adulto recusa!
Seu sorriso esconde desgostos
Agitação fugidia
Às perguntas, respostas vazias;
Amargas, ardidas, abstrusas,
as várias mentiras.
Infrutífera voz cerebral
taciturna reluta em morrer...
Escolha o engano da lira
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