Canalizando Emoções
Estou pronto para entregar meu amor
Se não consigo, tenho ódio a dispor.
Em momentos, sinto-me como da paz
Maldito instinto de guerra, sempre atrás.
Assumo-me niilista: destruir?
Ou criativo, mas não uma gueixa.
Resolvo todos os fardos assumir
Não! Mais liberal, passar ele deixa.
Adoro o mar, o ar de sua aurora ímpar
Agora, só há vontade de detestar
Faço, então, esforço dialético
Tão radical quanto a dicotomia
Em um equilíbrio tão profético
Ora, mais estéril que uma histeria
O tédio surge de tamanha razão
Pois emoção eu quero, mas não sinto;
Persiste imaginação, meu instinto.
A técnica se torna ataraxia,
Onde logo encontrar a fantasia?
Processo de canalizar emoções
Progresso sem analisar as razões
Dúvida: adular é, portanto, ser bom?
Discordo, por enquanto não ouço o som
Tudo se resume em ser inspirado.
Fora antiga máquina, calculando.
Eu semeio aos poucos, uso arado -
Colherei, porém não saberei quando
Em formação
Informação em formação
Transação em transição
Contra a ação, contratação
Com tanto trato há contração
Condes são contra a condição:
Com tração, controle e ação!
Entre trens, tensão, é traição.
Três vis irmãos, entrevisão
À mão até entrevistas são
Antevisões na contramão
Gamão, come on, vem não
Colorir a boloração
Laborar a locomoção
Louca comoção; logra locação
Extra! Extra! Extradição
Do estrangeiro sem dicção
Informe formal, a formatação
Eis a forma da formulação
P.S.: Falei de emoções, mas fui muito racional. Tive a inspiração, rascunhei; vários dias depois escrevi a poesia. Na verdade, só publiquei hoje (31/10) para aumentar a média mensal. Fui apressado? Dane-se, nem sempre se pode ser impetuoso e entusiasmado. A racionalidade também tem seu peso.
31 de outubro de 2009
19 de outubro de 2009
Poesia em dropes
A sombra do sombrio
Soturno, sorumbático
Macambúzio e psicótico
E absorto, casmurro, era tão
Embevecido, ele, turrão
Modularmente
Carente, somente a serpente mente
Caliente, sente a mente dormente
De repente, gente rente ao pente
Crente ao repente quente e doente
Com qualquer advérbio de modo
A mais, eu sei, pois, que incomodo
Ter e manter
A gente quer ter o que não tem
E quer manter o que se tem
Apesar de não querer ter,
Mas apenas por posse a manter
O apego da individualidade;
Onde começa, pois, a falsidade?
Um feito
O jeito perfeito:
Eu deito no leito.
Conserto o direito,
É feito o prefeito
Conceito defeito:
Aperto no peito
E a rata?
O pirata na maca mata a pata
Cata a nata, que é da vaca, na lata
Barata na batata, paca chata
Bata com faca na pata da gata
Combata na casamata a cossaca
Pró-rata, atraca a catraca barata
A errata fraca é o que data a matraca
P.S.: Ideias incompletas, mas originais. Tive inspiração para fazer uma ou duas, talvez, completas, depois termino. Por enquanto, são apenas essas simples acima. Ao menos é diferente. Alguma conexão? C'est tout...
Soturno, sorumbático
Macambúzio e psicótico
E absorto, casmurro, era tão
Embevecido, ele, turrão
Modularmente
Carente, somente a serpente mente
Caliente, sente a mente dormente
De repente, gente rente ao pente
Crente ao repente quente e doente
Com qualquer advérbio de modo
A mais, eu sei, pois, que incomodo
Ter e manter
A gente quer ter o que não tem
E quer manter o que se tem
Apesar de não querer ter,
Mas apenas por posse a manter
O apego da individualidade;
Onde começa, pois, a falsidade?
Um feito
O jeito perfeito:
Eu deito no leito.
Conserto o direito,
É feito o prefeito
Conceito defeito:
Aperto no peito
E a rata?
O pirata na maca mata a pata
Cata a nata, que é da vaca, na lata
Barata na batata, paca chata
Bata com faca na pata da gata
Combata na casamata a cossaca
Pró-rata, atraca a catraca barata
A errata fraca é o que data a matraca
P.S.: Ideias incompletas, mas originais. Tive inspiração para fazer uma ou duas, talvez, completas, depois termino. Por enquanto, são apenas essas simples acima. Ao menos é diferente. Alguma conexão? C'est tout...
12 de outubro de 2009
Somos criminosos, deveríamos ser presos?
Quem nunca cometeu um crime tipificado em lei? Um furto, um desacato, uma violação de trânsito ou dirigir bêbado. Enfim, ser subversivo com algo de pouca monta, sem vítima, ou quase sem prejudicados. Ainda bem (?) que é rígida apenas a nossa legislação, e não a sua execução. Se quase todos os presídios do país se encontram superlotados, imaginem o caso em que prendessem cada usuário de droga e ladrãozinho, e na duração completa da pena a que foi condenado.
Aonde eu quero chegar com esse preâmbulo? Defesa da marginalidade e da impunidade? Afrouxamento das leis, menos policiais ociosos, uma sociedade anarquista? Não é isso.
Além de denunciar que são escolhidos tacitamente os denominados criminosos, quero cogitar a possibilidade de todos passarem pela situação vexatória de ser preso, humilhado, ofendido, difamado, ter a ficha suja com delitos. Em suma, se houvesse uma justiça plena, com o cumprimento fiel dos códigos, teríamos um povo menos ou mais doente e neurótico? Valorizaríamos os mais pobres ou diminuiríamos o preconceito para com eles?
Quem seria capaz de enfrentar a tortura psicológica e física de um interrogatório, de uma revista, da perda da liberdade, de prestar serviços forçados? Especialmente aos mimados que nunca passaram por situação semelhante. Como eles viveriam o resto de suas vidas com o trauma de ficarem nus diante de tantos desconhecidos que eles costumavam desprezar; após levarem socos, tapas e pontapés; após passarem fome ou comerem alimentos podres, infectados e vencidos?
Não sei qual seria a minha reação e resiliência a isso. Eu suportaria sentir-me tão sujo e com meu pudor violado, quais seria o grau de meus danos psicológicos? Irreversíveis?
Isso tudo seria um grande teste à demonstração de força pessoal, que aumentaria o número de suicídios e homicídios, em prol de uma sociedade com mais indivíduos fortalecidos? Ou seriam ressentidos? Fichados, logo, reduzidos?
É só pela questão de tolerância com pequenos delitos que neste momento a repressão não ocorre, a meu ver. Além, é claro, de nossa tradição colonial de não punir a elite – intocáveis supostos exemplos de dignidade. O que aconteceria a nós, enquanto cidadãos, se socialites e filhos de importantes fossem para a cadeia, como ocorre nos EUA? Daria a impressão de igualdade, porém, a efeito colateral do temor de ser preso a qualquer momento não nos deixaria paralisados, alterando a nossa cultura de espontaneidade.
Ou é muita tolice esta conjetura? Afinal, há tanta violência, que é mais provável – e mais terrível – que um bandido qualquer faça barbaridades a esmo do que policiais prendendo todos os delinqüentes penais.
As noções de segurança, de medo e de vigilância equilibradas à liberdade, espontaneidade e serenidade são as questões que apresento. Pode ser patetice de quem contempla demais, mas não sofro pensando nos traumas que eu viria a carregar. Apenas penso que muita coisa iria mudar com o regime de Tolerância Zero, como mudou em Nova Iorque. Se isso seria melhor ou pior, é impossível responder, cada fator mudaria todo o cenário, cada experiência de vida teria seu julgamento moral momentâneo, político e interesseiro.
Entretanto, valeria à pena a tentativa do excessivo controle social e penal em nossa sociedade que vive quase uma guerra civil?
P.S.: Eu defendi alguma posição?
Aonde eu quero chegar com esse preâmbulo? Defesa da marginalidade e da impunidade? Afrouxamento das leis, menos policiais ociosos, uma sociedade anarquista? Não é isso.
Além de denunciar que são escolhidos tacitamente os denominados criminosos, quero cogitar a possibilidade de todos passarem pela situação vexatória de ser preso, humilhado, ofendido, difamado, ter a ficha suja com delitos. Em suma, se houvesse uma justiça plena, com o cumprimento fiel dos códigos, teríamos um povo menos ou mais doente e neurótico? Valorizaríamos os mais pobres ou diminuiríamos o preconceito para com eles?
Quem seria capaz de enfrentar a tortura psicológica e física de um interrogatório, de uma revista, da perda da liberdade, de prestar serviços forçados? Especialmente aos mimados que nunca passaram por situação semelhante. Como eles viveriam o resto de suas vidas com o trauma de ficarem nus diante de tantos desconhecidos que eles costumavam desprezar; após levarem socos, tapas e pontapés; após passarem fome ou comerem alimentos podres, infectados e vencidos?
Não sei qual seria a minha reação e resiliência a isso. Eu suportaria sentir-me tão sujo e com meu pudor violado, quais seria o grau de meus danos psicológicos? Irreversíveis?
Isso tudo seria um grande teste à demonstração de força pessoal, que aumentaria o número de suicídios e homicídios, em prol de uma sociedade com mais indivíduos fortalecidos? Ou seriam ressentidos? Fichados, logo, reduzidos?
É só pela questão de tolerância com pequenos delitos que neste momento a repressão não ocorre, a meu ver. Além, é claro, de nossa tradição colonial de não punir a elite – intocáveis supostos exemplos de dignidade. O que aconteceria a nós, enquanto cidadãos, se socialites e filhos de importantes fossem para a cadeia, como ocorre nos EUA? Daria a impressão de igualdade, porém, a efeito colateral do temor de ser preso a qualquer momento não nos deixaria paralisados, alterando a nossa cultura de espontaneidade.
Ou é muita tolice esta conjetura? Afinal, há tanta violência, que é mais provável – e mais terrível – que um bandido qualquer faça barbaridades a esmo do que policiais prendendo todos os delinqüentes penais.
As noções de segurança, de medo e de vigilância equilibradas à liberdade, espontaneidade e serenidade são as questões que apresento. Pode ser patetice de quem contempla demais, mas não sofro pensando nos traumas que eu viria a carregar. Apenas penso que muita coisa iria mudar com o regime de Tolerância Zero, como mudou em Nova Iorque. Se isso seria melhor ou pior, é impossível responder, cada fator mudaria todo o cenário, cada experiência de vida teria seu julgamento moral momentâneo, político e interesseiro.
Entretanto, valeria à pena a tentativa do excessivo controle social e penal em nossa sociedade que vive quase uma guerra civil?
P.S.: Eu defendi alguma posição?
9 de outubro de 2009
Ao invés, apesar, criando
Uma poesia que dá muito bem para se tornar música, cantada em estilo MPB:
Apesares
Apesar dos apesares a vida é muito boa
A pesar os pesares quem será que reclama?
Pesar os apesares no conforto da cama
Apesar dos pesares dela nunca se enjoa
Apesar de você o pesar há de ser
Peso de esconder, apesar de querer
A pesar os pesares não troco o sofrimento
Apesar do apesares visto o fardo sem luto
Apesar dos pesares nem tudo são lamentos
Pesar os apesares entristece, contudo
O pesar há de ser apesar de você
Apesar de querer peso de esconder
Apesar dos pesares leve é sua verdade
Apesar dos apesares teve felicidade
A pesar os pesares ônus é moderado
Pesar os apesares foi desequilibrado
Apesar de querer, apesar de você
O pesar há de ser peso de esconder
Pesar os apesares, por favor, faça a fineza
A pesar os pesares e trazer tanta beleza
Apesar dos pesares a nossa alma fica tesa
Apesar dos apesares alimento sempre à mesa
Peso de esconder o pesar há de ser
Apesar de você, apesar de querer
:::::.....;;;;;,,,,,
Uma poesia que eu perdi, só tem o começo e o fim, lembro que ficou boa e de um tamanho razoável, com uns 25 versos. É uma pena, a inspiração não volta para completá-la, tente você:
O viés do invés (A Dialética)
Estou alto, ao invés de ser baixo
Agora não sei mais onde me encaixo
Escolho no ato, ao invés do que fiz
Troco os fatos, consigo não ser feliz
(final) Vês o viés? – Em vez, vi-o, és vil Invés!
P.S.: Toda essa minha arte pode ser rotulada em algum estilo? Gostaria de saber qual. Eu não tenho muita noção de técnicas linguísticas, apenas trabalho ideias que surgem. Acho que há muito de simbolismo e surrealismo, com infantilidades e alguma raiva irrompida. Se há qualidade, posso tirar algum proveito? Ou é preciso deixar assim, revelando a parcos desatentos a minha fase criativa e me sentindo bem por me iludir como artista?
Apesares
Apesar dos apesares a vida é muito boa
A pesar os pesares quem será que reclama?
Pesar os apesares no conforto da cama
Apesar dos pesares dela nunca se enjoa
Apesar de você o pesar há de ser
Peso de esconder, apesar de querer
A pesar os pesares não troco o sofrimento
Apesar do apesares visto o fardo sem luto
Apesar dos pesares nem tudo são lamentos
Pesar os apesares entristece, contudo
O pesar há de ser apesar de você
Apesar de querer peso de esconder
Apesar dos pesares leve é sua verdade
Apesar dos apesares teve felicidade
A pesar os pesares ônus é moderado
Pesar os apesares foi desequilibrado
Apesar de querer, apesar de você
O pesar há de ser peso de esconder
Pesar os apesares, por favor, faça a fineza
A pesar os pesares e trazer tanta beleza
Apesar dos pesares a nossa alma fica tesa
Apesar dos apesares alimento sempre à mesa
Peso de esconder o pesar há de ser
Apesar de você, apesar de querer
:::::.....;;;;;,,,,,
Uma poesia que eu perdi, só tem o começo e o fim, lembro que ficou boa e de um tamanho razoável, com uns 25 versos. É uma pena, a inspiração não volta para completá-la, tente você:
O viés do invés (A Dialética)
Estou alto, ao invés de ser baixo
Agora não sei mais onde me encaixo
Escolho no ato, ao invés do que fiz
Troco os fatos, consigo não ser feliz
(final) Vês o viés? – Em vez, vi-o, és vil Invés!
P.S.: Toda essa minha arte pode ser rotulada em algum estilo? Gostaria de saber qual. Eu não tenho muita noção de técnicas linguísticas, apenas trabalho ideias que surgem. Acho que há muito de simbolismo e surrealismo, com infantilidades e alguma raiva irrompida. Se há qualidade, posso tirar algum proveito? Ou é preciso deixar assim, revelando a parcos desatentos a minha fase criativa e me sentindo bem por me iludir como artista?
8 de outubro de 2009
Não lembro, está obscuro
Não lembro
Recordo o recorde? Aperto o Rec?
Não! Não lembro.
Leio, estudo, decoro, realizo
Aprovam, louvam, calcam-me
Não ando mais duro ou liso
Em alguns dias, meses ou anos
Ou mais; mas é do passado
Não lembro
Como era aquilo, em exaustão vivido
Visto, sentido mais claro?
Fico só do momento querido.
A experiência tão ébria e cara
Não me lembro
Eu te disse: Foi tão lindo
Marcou nossas fases
Ah, se pudesse gravar num gravador infindo
Tu gostaste, eu também, como fizeste?
Não lhe lembro
Mil repetições, mil milhas gastas
Quantas pilhas e gases soltos, várias
Diga, diga, não é possível ser tão frouxo
Pois é, não te lembro
Palavras, verbos, regras, leis
Filmes, nomes, vermes, reis
O que comeste no almoço, na janta?
E aquele dia, ainda se lembra?
Isso é lenda, não, lembro não!
Uma vida inteira dedicada
Concentrada, é só a pergunta que não cala
Surgir e tudo vai para a inóspita vala
Não sei mais, sofro? Por orgulho
Gostaria, como? Mas não, não mais.
Lembro! Sim, milagre, era só ontem
Eu não sabia no outro, agora relembro
Reúnam todo, para que espalhem e contem
Assim... É... Como é que é mesmo?
Ilusão, estava aqui, porém passou
Como meteoro, grão, chispa, vôo
Desisto. Esqueci. Todas as vidas.
Ou seria bom não esquecer?
Tudo é fluxo, cessa o sofrer
Raízes aparentes, como cipós
Balangam e nunca viram pó
Ah, isso não. Quem sabe para quiçá
Eu me lembrar? Não sei. Quem dirá?!
Não lembro: não aconteceu
Obscuro
Mister é adelgaçar a obnubilação
E olvidar as bigornas de vossos egos
Em almoeda; escarnecidos por baldados
Fleumáticos e escusos pela expiação
Deveras démodé ao escrutínio
Conjectura alhures de leguelhés
Contumaz circunspecto, ao invés
Atônito, fausto bambúrrio
Sufrágio de séquitos invisos
Silogismo diáfano e fungível
Do azêmola geboso, mas lascivo
Libertino minarquista irascível
Alors, criptorquídeo ou castrado?
Aziúme sectário tomista
Sem tomos, o cético atomista
Indolente obtuso mandriado
O ofídio em sua deglutição
Do ornitoideo de arribação
À erma homeostase da entropia
Miríade de eremitas agia
Recordo o recorde? Aperto o Rec?
Não! Não lembro.
Leio, estudo, decoro, realizo
Aprovam, louvam, calcam-me
Não ando mais duro ou liso
Em alguns dias, meses ou anos
Ou mais; mas é do passado
Não lembro
Como era aquilo, em exaustão vivido
Visto, sentido mais claro?
Fico só do momento querido.
A experiência tão ébria e cara
Não me lembro
Eu te disse: Foi tão lindo
Marcou nossas fases
Ah, se pudesse gravar num gravador infindo
Tu gostaste, eu também, como fizeste?
Não lhe lembro
Mil repetições, mil milhas gastas
Quantas pilhas e gases soltos, várias
Diga, diga, não é possível ser tão frouxo
Pois é, não te lembro
Palavras, verbos, regras, leis
Filmes, nomes, vermes, reis
O que comeste no almoço, na janta?
E aquele dia, ainda se lembra?
Isso é lenda, não, lembro não!
Uma vida inteira dedicada
Concentrada, é só a pergunta que não cala
Surgir e tudo vai para a inóspita vala
Não sei mais, sofro? Por orgulho
Gostaria, como? Mas não, não mais.
Lembro! Sim, milagre, era só ontem
Eu não sabia no outro, agora relembro
Reúnam todo, para que espalhem e contem
Assim... É... Como é que é mesmo?
Ilusão, estava aqui, porém passou
Como meteoro, grão, chispa, vôo
Desisto. Esqueci. Todas as vidas.
Ou seria bom não esquecer?
Tudo é fluxo, cessa o sofrer
Raízes aparentes, como cipós
Balangam e nunca viram pó
Ah, isso não. Quem sabe para quiçá
Eu me lembrar? Não sei. Quem dirá?!
Não lembro: não aconteceu
Obscuro
Mister é adelgaçar a obnubilação
E olvidar as bigornas de vossos egos
Em almoeda; escarnecidos por baldados
Fleumáticos e escusos pela expiação
Deveras démodé ao escrutínio
Conjectura alhures de leguelhés
Contumaz circunspecto, ao invés
Atônito, fausto bambúrrio
Sufrágio de séquitos invisos
Silogismo diáfano e fungível
Do azêmola geboso, mas lascivo
Libertino minarquista irascível
Alors, criptorquídeo ou castrado?
Aziúme sectário tomista
Sem tomos, o cético atomista
Indolente obtuso mandriado
O ofídio em sua deglutição
Do ornitoideo de arribação
À erma homeostase da entropia
Miríade de eremitas agia
2 de outubro de 2009
Um Resumo
Hoje vou fazer algo diferente (ok, pouco criativo), vou escrever o resumo de um livro a partir das citações que eu julguei como as melhores ao longo do texto. Provavelmente ficará extenso (se já não me liam antes, imagine agora – ao menos ajudará a minha memória), mas talvez lhe inspire ler no original tamanha sabedoria. Não colocarei entre aspas porque me utilizarei de várias paráfrases. Eu o li há 2 meses, mas estava atribulado com leituras de Nietzsche, então só agora me sobrou tempo.
O livro é “Do Amor”, de Stendhal, um escritor francês póstumo enquanto vivo, que utilizava de pseudônimos e criticava a sociedade francesa pós-napoleônica. O cidadão era um especialista sobre o tédio e falava sobre o amor por causa de suas experiências. Um malandro conservador, para os padrões franceses e iluministas. Seu livro mais célebre é “O vermelho e o negro”, que, por sinal, também li. Leitura recomendável. Vamos ao resumo:
Primeiro, faço um breve quadro dos quatro tipos de amor que ele conceitua:
Amor-paixão – o único verdadeiro, leva-nos a atravessar, a romper barreiras;
Amor-gosto – mesmo em sombras tudo é cor-de-rosa, mas é uma fria e bela miniatura de sentimentos, conforma-se aos interesses e desejos;
Amor-físico – (preciso comentar?)
Amor de vaidade – típico de francês da corte, é a moda, o luxo, o status social, a etiqueta, nem sexo é necessário, enfim, é decoração e hábito.
E agora as citações quase literais:
Em qualquer gênero de amor a que devamos os prazeres, desde que haja exaltação da alma, eles são fortes e sua lembrança impulsiona, nessa paixão a lembrança do que perdemos parece sempre superior ao que podemos esperar do futuro.
Basta pensar em uma perfeição para vê-la em quem se ama. Enviamos o sangue ao cérebro, os prazeres aumentam com as perfeições do objeto amado, e também da idéia: ela é minha.
A alma se farta de tudo o que é uniforme, até mesmo da felicidade perfeita. (A mesma nuance de existência só dá um instante de felicidade perfeita, mas a maneira de ser de um homem apaixonado se transforma dez vezes por dia.)
Será que ela me ama? Ela me daria prazeres que só ela no mundo pode me dar.
O amante erra sem cessar entre estas três idéias: Ela tem todas as perfeições; Ela me ama; Como fazer para obter dela a maior prova de amor possível?
Basta um mínimo grau de esperança para provocar o nascimento do amor. Ela pode cessar antes, sem matar o amor.
O amante preferirá sonhar com a chance mais incerta de satisfazer-se um dia a receber de uma mulher vulgar tudo o que ela possa conceder.
O que é o amor sem solidão?
O amor é como a febre, nasce e morre sem que a vontade venha a representar o menor papel.
Fala-se muito, sem ouvir. O amor oculta-se por seu excesso.
No amor tudo é sinal.
A boa educação, em relação aos crimes, vem a ser provocar remorsos que, previstos, dão equilíbrio à balança.
As lágrimas são o extremo do sorriso.
O poder é o primeiro dos prazeres.
Só admito como provas das grandes paixões aquelas que têm conseqüências ridículas. Por exemplo, a timidez, prova do amor.
A felicidade só é uniforme em sua fonte. Cada dia há uma flor diferente.
O teatro é o pedestal das mulheres.
O teatro das virtudes de uma mulher é o quarto de um enfermo.
Quem não sabe se dar, vende-se.
O ódio tem a sua cristalização: desde que haja esperança de nos vingarmos, recomeçamos a odiar.
É porque não se pode dar conta do porquê de seus sentimentos que o homem mais sábio é fanático por música.
Como o amor leva a duvidar das coisas mais demonstradas, a mulher que antes da intimidade era tão segura de que seu amante seria um homem acima do comum, logo que ela imagina não ter mais nada a lhe recusas, teme que ele só tenha buscado colocar uma mulher a mais em sua lista. Uma mulher imagina de rainha ter-se transformado em escrava. O temor é mais intenso. Mesmo fora do amor elas tendem a se entregar à imaginação e à exaltação habitual.
Como elas não são encarregadas de nenhum negócio na família, a razão jamais lhes é útil, ao contrário, sempre prejudicial, pois só lhes aparece para censurá-las.
Um grande trabalho obrigatório consola, e para elas nada pode consolar, salvo a distração.
A imaginação de uma jovem não se encontrando congelada por nenhuma experiência desagradável é possível que, sobre um homem qualquer, ela crie uma imagem maravilhosa. Mais tarde, desenganada desse amante e de todos os homens, a experiência diminui o poder da cristalização, e a desconfiança corta as asas da imaginação. Sobre qualquer homem, mesmo que ele venha a ser um prodígio, ela não mais poderá formar uma imagem tão cativante. Como no amor só se desfruta da ilusão que se faz, jamais a imagem terá o brilho e o sublime daquela sobre a qual se fundara o primeiro amor na juventude, o segundo amor sempre parecerá de uma espécie degenerada.
Se para ela ainda existe felicidade na vida, é no amor que é preciso buscá-la. Então o amor deve ser menos alegre e mais apaixonado.
A dessemelhança entre o nascimento do amor nos dois sexos deve provir da natureza da esperança. Um ataca e o outro defende. O homem se pergunta: Eu poderia agradá-la? Ela deseja me amar? A mulher: Não é por brincadeira que ele fala que me ama? No homem a esperança depende simplesmente das ações de quem ele ama, nada mais fácil de interpretar. Nas mulheres, a esperança deve fundar-se em considerações morais muito difíceis de bem apreciar. Há esta desgraça na vida: o que faz a segurança e a felicidade de um, faz o perigo e a quase humilhação do outro.
Beaumarchais: A natureza fala à mulher: seja bela se pode, sábia se quer, mas seja considerada, é preciso.
Antes do nascimento do amor, a beleza é necessária como insígnia, predispõe a essa paixão por meio dos elogios que ouvimos dirigidos a quem amaremos.
Não se simpatiza com o tolo; daí, na sociedade, a necessidade de um verniz da astúcia; eis a nobreza das maneiras.
Mas o que é a beleza? É uma nova habilidade para lhe dar prazer. É promessa de um caráter útil à minha alma, acima da atração dos sentidos. É só a promessa de felicidade. A beleza da amante não é outra coisa além da coleção das satisfações de todos os desejos que ele pôde formar a seu respeito.
Condições gerais dessa felicidade: Ela parece ser sua propriedade, pois só você pode torná-la feliz; Ela é o juiz de seu mérito. Sob um governo constitucional e racional, as mulheres perdem todo esse ramo de influência.
Eis a razão ética do amor ser a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos devem se acomodas às frias realidades; aqui, são as realidades que se apressam em modelar-se segundo os desejos.
Nada mais favorável ao nascimento do amor do que a mescla de uma solidão entediante e de alguns bailes raros.
Por mais terno e delicado que seja um solitário, sua alma é distraída, em parte prevê a sociedade. A força de caráter é um dos encantos que mais seduzem os corações femininos.
A visão de tudo o que é belo, na natureza e nas artes, chama à lembrança de quem se ama, com a velocidade de um raio. É assim que o amor do belo e o amor dão-se mutuamente.
A alma [de um amante] é aparentemente muito perturbada por suas emoções para estar atenta ao que as causa ou ao que as acompanha. Ela é a própria sensação em si.
Um ser muito comovido não tem o tempo de perceber a emoção da pessoa que provoca a sua.
O devaneio do amor não pode ser anotado. Anotá-lo é matá-lo para o presente, pois se recai na análise filosófica; também para o porvir, nada paralisa mais a imaginação que a memória.
Todo grande poeta que possui uma viva imaginação é tímido. Os homens, com seus interesses grosseiros vêm tirá-lo dos jardins de Armide para lançá-lo num lamaçal fétido.
Tudo o que é cerimônia, por sua essência de ser algo afetado e previsível, na qual se trata de comportar-se de maneira conveniente, paralisa a imaginação, daí o efeito mágico da menor brincadeira.
Nos dois extremos da vida, com abundância ou escassez de sensibilidade, as pessoas não se expõem com simplicidade a sentir o exato efeito das coisas; lançam-se, em vez de esperá-las.
Cada um escreve ao acaso o que se parece verdadeiro, e cada um desmente seu vizinho.
O amor tira a razão: a imaginação, retirada violentamente dos devaneios deliciosos em que cada passo provoca a felicidade, é levada de volta à severa realidade.
Só se tem coragem perante quem se ama amando menos.
A alma vulgar (prosaica) calcula, zomba da alma terna; esta que deve resignar-se a nada obter além da caridade de quem ela ama. Achamos convenientes no momento e falamos do ridículo mais humilhante.
O amor é milagre da civilização. E o pudor empresta ao amor o socorro da imaginação, isto é, dá-lhe a vida. O pudor é ensinado muito cedo às meninas por suas mães, por espírito de grupo; isso porque as mulheres cuidam antecipadamente da felicidade do amante que terão.
Quanto à utilidade do pudor, é a mãe do amor. A raridade e o pudor devem preparar às mulheres prazeres infinitamente mais intensos.
Quando se ama, tem-se a coragem de ir às últimas violências?
Não amar, quando se recebeu uma alma feita para o amor, é privar a si e a outrem de uma grande felicidade. Ela encontra nos pretensos prazeres do mundo um vazio insuportável.
Uma palavra que irrita uma princesa não choca minimamente uma pastora. Mas, uma vez em cólera, a princesa e a pastora têm as mesmas reações de paixão.
O que leva as mulheres a muito raramente atingirem o sublime é que jamais elas ousam ser francas senão pela metade.
O homem é como a águia, quanto mais se eleva, menos é visível, e é punido, por sua grandeza, com a solidão da alma.
O verdadeiro orgulho de uma mulher não deveria estar na energia do sentimento que ela inspira?
Todos os homens perdiam a cabeça; eis o momento em que as mulheres adquirem sobre eles uma incontestável superioridade.
O temor jamais se encontra no perigo, encontra-se em nós.
Desgraça maior é que sua coragem [das mulheres] seja sempre empregada contra sua felicidade. Imaginam que seu amante as queira por vaidade. Ideia mesquinha e miserável: um homem apaixonado não tem tempo para pensar em vaidade!
Um homem apaixonado só pensa em si, um homem que deseja consideração só pensa em outrem.
As mulheres, com seu orgulho feminino, vingam-se dos tolos nas pessoas de espírito e das almas prosaicas nos corações generosos. É preciso convir, eis um belo resultado.
Algo que sempre imaginei ver no amor é essa disposição para extrair mais infelicidade das coisas infelizes do que felicidade das coisas felizes.
Só a partir do amor aprendi a ter grandeza no caráter, pois nossa educação de escola militar é ridícula.
Eu era pequeno antes de amar precisamente por ser tentado a achar-me grande.
A morte ou a ausência distancia-nos dos companheiros de infância, somos reduzidos a passar a vida com frios associados, de régua na mãe, sempre calculando idéias de interesse ou de vaidade. Toda a parte terna e generosa da alma fica estéril; com menos de 30, o homem encontra-se petrificado para todas as sensações suaves e ternas. No meio desse deserto o amor faz jorrar...
E a mais bela metade da vida vela-se ao homem que não amou com paixão.
Eu teria remorsos, aos 40 anos, por ter passado a idade de amar sem sentir uma paixão profunda. Eu teria esse desprazer amargo ao perceber muito tarde ter cometido o engano de deixar a vida passar sem viver.
Um homem verdadeiramente emocionado fala coisas encantadoras, fala uma língua que ele não sabe.
Toda a arte de amar parece-me falar exatamente o que o grau de embriaguez do momento comporta, isto é, ouvir sua alma.
E mais vale calar-se que falar fora de hora as coisas mais ternas.
O erro da maioria dos homens é desejar falar sobre algo que consideram belo, tocante, em vez de aliviar o peso do mundo.
Não podemos amar uma mulher de espírito muito inferior, pois junto a ela podemos fingir impunemente. Acomodamo-nos. Para deixá-la só o que precisamos é encontrar alguém melhor. O amor rebaixa-se a ser apenas um negócio ordinário. Tendência natural do coração, busca do maior prazer.
Somos o que podemos, mas sentimos o que somos.
Entre homens a polidez obriga a falar apenas do amor-físico.
[Sobre o ciúme:] a fúria nasce, não lembramos mais que no amor possuir não é nada, gozar é tudo.
O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar a suportá-la. Você pode considerar-se um bravo, se for reduzido a desprezar-se como digno de ser amado.
Só desejamos os ciúmes das pessoas de quem poderíamos sentir ciúmes.
O ciúme pode agradar às mulheres altivas, como uma maneira nova de mostrar seu poder.
Uma mulher de espírito não ama por muito tempo um homem comum.
Ser um pouco rude e sem cuidado, à 1ª abordagem – com naturalidade –, é um meio quase certo de fazer-se respeitar por uma mulher de espírito.
O ciúme deseja a morte do objeto que ele teme. O homem espicaçado encontra-se bem longe disso, deseja que seu inimigo viva e sobretudo testemunhe seu triunfo.
Ela está muito segura de seu amor; inquiete-a. Os contrastes tornam as lembranças mais vivas.
Quanto mais houver prazer físico na base de um amor, mais é sujeito à inconstância e à infidelidade; sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude.
Nada aborrece mais o amor-gosto do que o amor-paixão em seu parceiro.
Reconciliar-se com uma amante adorada que lhe é infiel significa desfazer com golpes de punhal uma cristalização incessantemente renascente. É preciso que o amor morra...
Se um dos dois amantes é muito superior nas qualidades que ambos estimam, é preciso que o amor do outro cesse, pois o temor do desprezo virá cedo ou tarde.
É preciso que o inferior maltrate o seu parceiro; quanto ao superior, ele se ilude...
Se é tão difícil esquecer uma mulher com quem se encontrou a felicidade, é que há momentos em que a imaginação não se canse de representar e embelezar.
Praticamente só se pode deter o amor em seus começos.
A mulher só é potente pelo grau de infelicidade com que pode punir seu amante.
Como pedir um copo d’água quando se tem sede é vulgar; deixam-se morrer de sede.
Esclareça o espírito de uma jovem e ela torna-se pedante, o ser mais desagradável e degradado. Nenhum de nós deixaria de preferir, para passar a vida com ela, uma serva a uma erudita.
Convimos que uma menina de 10 anos tem 20 vezes mais finura que um menino da mesma idade. Por que, aos 25, ela é uma grande idiota, sem jeito, tímida, e o menino é um homem de espírito?
As mulheres devem nutrir e cuidar de seus filhos. Nego a 1ª afirmação, concordo com a 2ª.
As filhas são educadas com os melhores princípios, isto é, trabalham o dia inteiro.
Se as mulheres lerem, logo deixarão de cuidar de seus filhos.
Eu quase preferiria que minha mulher, em um momento de cólera, preferisse apunhalar-me uma vez por ano a receber-me de mau humor todas as noites.
Uma mulher só deve escrever obras póstumas, a publicar depois de sua morte.
As admiradas aos 20 são abandonadas aos 40. Uma mulher de 45 anos só importa por seus filhos ou por seu amante. Mas as pobres mulheres, quando não possuem mais o brilho da juventude, têm como única e triste felicidade o poder iludir-se sobre o papel que representam na sociedade.
Seria uma felicidade para nossas mulheres atuais morrer aos 50 anos.
A religião é um assunto entre cada homem e a divindade. Com que direito pretendem colocar-se entre meu Deus e eu? Só tomo procurador fundado pelo contrato social para as coisas que não posso pessoalmente.
Que excelente conselheiro um homem encontraria em uma mulher se ela soubesse pensar.
Certamente, com o amor, só se tem gosto em beber a água da fonte predileta. Então a fidelidade é natural. Com o matrimônio sem amor, em menos de 2 anos essa água torna-se amarga. Mas não deixa de existir a necessidade da água... Sem o altíssimo muro do convento, os monges fugiriam.
As mulheres de certa idade que tiveram muitos amantes acreditam reparar a sua reputação, e na França sempre o conseguem, mostrando-se extremamente severas aos erros que cometeram. Alguma pobre moça virtuosa e perdidamente apaixonada pedirá o divórcio e será difamada por essas mulheres.
A publicidade é necessária ao triunfo dos Don Juan (personagem de Lord Byron), como o segredo ao triunfo dos Werther (personagem de Goethe). Sua maneira [de Don Juan] de ter as mulheres mata todos os outros prazeres da vida; a maneira de Werther centuplica-os.
A maior parte das pessoas que se ocupam das mulheres pela sua posição nasceu no seio de grande facilidade e riqueza, são pessoas, devida à educação e à imitação dos que a cercavam na juventude, egoístas e frias.
O homem que treme não se entendia. Os prazeres do amor encontram-se em proporção ao temor.
O tédio tudo perde, até a coragem de se matar.
Enfim, cada homem, se deseja dar-se ao trabalho de estudar e conhecer a si, tem seu belo ideal, e parece que sempre há um pouco de ridículo em querer converter seu vizinho.
O livro é “Do Amor”, de Stendhal, um escritor francês póstumo enquanto vivo, que utilizava de pseudônimos e criticava a sociedade francesa pós-napoleônica. O cidadão era um especialista sobre o tédio e falava sobre o amor por causa de suas experiências. Um malandro conservador, para os padrões franceses e iluministas. Seu livro mais célebre é “O vermelho e o negro”, que, por sinal, também li. Leitura recomendável. Vamos ao resumo:
Primeiro, faço um breve quadro dos quatro tipos de amor que ele conceitua:
Amor-paixão – o único verdadeiro, leva-nos a atravessar, a romper barreiras;
Amor-gosto – mesmo em sombras tudo é cor-de-rosa, mas é uma fria e bela miniatura de sentimentos, conforma-se aos interesses e desejos;
Amor-físico – (preciso comentar?)
Amor de vaidade – típico de francês da corte, é a moda, o luxo, o status social, a etiqueta, nem sexo é necessário, enfim, é decoração e hábito.
E agora as citações quase literais:
Em qualquer gênero de amor a que devamos os prazeres, desde que haja exaltação da alma, eles são fortes e sua lembrança impulsiona, nessa paixão a lembrança do que perdemos parece sempre superior ao que podemos esperar do futuro.
Basta pensar em uma perfeição para vê-la em quem se ama. Enviamos o sangue ao cérebro, os prazeres aumentam com as perfeições do objeto amado, e também da idéia: ela é minha.
A alma se farta de tudo o que é uniforme, até mesmo da felicidade perfeita. (A mesma nuance de existência só dá um instante de felicidade perfeita, mas a maneira de ser de um homem apaixonado se transforma dez vezes por dia.)
Será que ela me ama? Ela me daria prazeres que só ela no mundo pode me dar.
O amante erra sem cessar entre estas três idéias: Ela tem todas as perfeições; Ela me ama; Como fazer para obter dela a maior prova de amor possível?
Basta um mínimo grau de esperança para provocar o nascimento do amor. Ela pode cessar antes, sem matar o amor.
O amante preferirá sonhar com a chance mais incerta de satisfazer-se um dia a receber de uma mulher vulgar tudo o que ela possa conceder.
O que é o amor sem solidão?
O amor é como a febre, nasce e morre sem que a vontade venha a representar o menor papel.
Fala-se muito, sem ouvir. O amor oculta-se por seu excesso.
No amor tudo é sinal.
A boa educação, em relação aos crimes, vem a ser provocar remorsos que, previstos, dão equilíbrio à balança.
As lágrimas são o extremo do sorriso.
O poder é o primeiro dos prazeres.
Só admito como provas das grandes paixões aquelas que têm conseqüências ridículas. Por exemplo, a timidez, prova do amor.
A felicidade só é uniforme em sua fonte. Cada dia há uma flor diferente.
O teatro é o pedestal das mulheres.
O teatro das virtudes de uma mulher é o quarto de um enfermo.
Quem não sabe se dar, vende-se.
O ódio tem a sua cristalização: desde que haja esperança de nos vingarmos, recomeçamos a odiar.
É porque não se pode dar conta do porquê de seus sentimentos que o homem mais sábio é fanático por música.
Como o amor leva a duvidar das coisas mais demonstradas, a mulher que antes da intimidade era tão segura de que seu amante seria um homem acima do comum, logo que ela imagina não ter mais nada a lhe recusas, teme que ele só tenha buscado colocar uma mulher a mais em sua lista. Uma mulher imagina de rainha ter-se transformado em escrava. O temor é mais intenso. Mesmo fora do amor elas tendem a se entregar à imaginação e à exaltação habitual.
Como elas não são encarregadas de nenhum negócio na família, a razão jamais lhes é útil, ao contrário, sempre prejudicial, pois só lhes aparece para censurá-las.
Um grande trabalho obrigatório consola, e para elas nada pode consolar, salvo a distração.
A imaginação de uma jovem não se encontrando congelada por nenhuma experiência desagradável é possível que, sobre um homem qualquer, ela crie uma imagem maravilhosa. Mais tarde, desenganada desse amante e de todos os homens, a experiência diminui o poder da cristalização, e a desconfiança corta as asas da imaginação. Sobre qualquer homem, mesmo que ele venha a ser um prodígio, ela não mais poderá formar uma imagem tão cativante. Como no amor só se desfruta da ilusão que se faz, jamais a imagem terá o brilho e o sublime daquela sobre a qual se fundara o primeiro amor na juventude, o segundo amor sempre parecerá de uma espécie degenerada.
Se para ela ainda existe felicidade na vida, é no amor que é preciso buscá-la. Então o amor deve ser menos alegre e mais apaixonado.
A dessemelhança entre o nascimento do amor nos dois sexos deve provir da natureza da esperança. Um ataca e o outro defende. O homem se pergunta: Eu poderia agradá-la? Ela deseja me amar? A mulher: Não é por brincadeira que ele fala que me ama? No homem a esperança depende simplesmente das ações de quem ele ama, nada mais fácil de interpretar. Nas mulheres, a esperança deve fundar-se em considerações morais muito difíceis de bem apreciar. Há esta desgraça na vida: o que faz a segurança e a felicidade de um, faz o perigo e a quase humilhação do outro.
Beaumarchais: A natureza fala à mulher: seja bela se pode, sábia se quer, mas seja considerada, é preciso.
Antes do nascimento do amor, a beleza é necessária como insígnia, predispõe a essa paixão por meio dos elogios que ouvimos dirigidos a quem amaremos.
Não se simpatiza com o tolo; daí, na sociedade, a necessidade de um verniz da astúcia; eis a nobreza das maneiras.
Mas o que é a beleza? É uma nova habilidade para lhe dar prazer. É promessa de um caráter útil à minha alma, acima da atração dos sentidos. É só a promessa de felicidade. A beleza da amante não é outra coisa além da coleção das satisfações de todos os desejos que ele pôde formar a seu respeito.
Condições gerais dessa felicidade: Ela parece ser sua propriedade, pois só você pode torná-la feliz; Ela é o juiz de seu mérito. Sob um governo constitucional e racional, as mulheres perdem todo esse ramo de influência.
Eis a razão ética do amor ser a mais forte das paixões. Nas outras, os desejos devem se acomodas às frias realidades; aqui, são as realidades que se apressam em modelar-se segundo os desejos.
Nada mais favorável ao nascimento do amor do que a mescla de uma solidão entediante e de alguns bailes raros.
Por mais terno e delicado que seja um solitário, sua alma é distraída, em parte prevê a sociedade. A força de caráter é um dos encantos que mais seduzem os corações femininos.
A visão de tudo o que é belo, na natureza e nas artes, chama à lembrança de quem se ama, com a velocidade de um raio. É assim que o amor do belo e o amor dão-se mutuamente.
A alma [de um amante] é aparentemente muito perturbada por suas emoções para estar atenta ao que as causa ou ao que as acompanha. Ela é a própria sensação em si.
Um ser muito comovido não tem o tempo de perceber a emoção da pessoa que provoca a sua.
O devaneio do amor não pode ser anotado. Anotá-lo é matá-lo para o presente, pois se recai na análise filosófica; também para o porvir, nada paralisa mais a imaginação que a memória.
Todo grande poeta que possui uma viva imaginação é tímido. Os homens, com seus interesses grosseiros vêm tirá-lo dos jardins de Armide para lançá-lo num lamaçal fétido.
Tudo o que é cerimônia, por sua essência de ser algo afetado e previsível, na qual se trata de comportar-se de maneira conveniente, paralisa a imaginação, daí o efeito mágico da menor brincadeira.
Nos dois extremos da vida, com abundância ou escassez de sensibilidade, as pessoas não se expõem com simplicidade a sentir o exato efeito das coisas; lançam-se, em vez de esperá-las.
Cada um escreve ao acaso o que se parece verdadeiro, e cada um desmente seu vizinho.
O amor tira a razão: a imaginação, retirada violentamente dos devaneios deliciosos em que cada passo provoca a felicidade, é levada de volta à severa realidade.
Só se tem coragem perante quem se ama amando menos.
A alma vulgar (prosaica) calcula, zomba da alma terna; esta que deve resignar-se a nada obter além da caridade de quem ela ama. Achamos convenientes no momento e falamos do ridículo mais humilhante.
O amor é milagre da civilização. E o pudor empresta ao amor o socorro da imaginação, isto é, dá-lhe a vida. O pudor é ensinado muito cedo às meninas por suas mães, por espírito de grupo; isso porque as mulheres cuidam antecipadamente da felicidade do amante que terão.
Quanto à utilidade do pudor, é a mãe do amor. A raridade e o pudor devem preparar às mulheres prazeres infinitamente mais intensos.
Quando se ama, tem-se a coragem de ir às últimas violências?
Não amar, quando se recebeu uma alma feita para o amor, é privar a si e a outrem de uma grande felicidade. Ela encontra nos pretensos prazeres do mundo um vazio insuportável.
Uma palavra que irrita uma princesa não choca minimamente uma pastora. Mas, uma vez em cólera, a princesa e a pastora têm as mesmas reações de paixão.
O que leva as mulheres a muito raramente atingirem o sublime é que jamais elas ousam ser francas senão pela metade.
O homem é como a águia, quanto mais se eleva, menos é visível, e é punido, por sua grandeza, com a solidão da alma.
O verdadeiro orgulho de uma mulher não deveria estar na energia do sentimento que ela inspira?
Todos os homens perdiam a cabeça; eis o momento em que as mulheres adquirem sobre eles uma incontestável superioridade.
O temor jamais se encontra no perigo, encontra-se em nós.
Desgraça maior é que sua coragem [das mulheres] seja sempre empregada contra sua felicidade. Imaginam que seu amante as queira por vaidade. Ideia mesquinha e miserável: um homem apaixonado não tem tempo para pensar em vaidade!
Um homem apaixonado só pensa em si, um homem que deseja consideração só pensa em outrem.
As mulheres, com seu orgulho feminino, vingam-se dos tolos nas pessoas de espírito e das almas prosaicas nos corações generosos. É preciso convir, eis um belo resultado.
Algo que sempre imaginei ver no amor é essa disposição para extrair mais infelicidade das coisas infelizes do que felicidade das coisas felizes.
Só a partir do amor aprendi a ter grandeza no caráter, pois nossa educação de escola militar é ridícula.
Eu era pequeno antes de amar precisamente por ser tentado a achar-me grande.
A morte ou a ausência distancia-nos dos companheiros de infância, somos reduzidos a passar a vida com frios associados, de régua na mãe, sempre calculando idéias de interesse ou de vaidade. Toda a parte terna e generosa da alma fica estéril; com menos de 30, o homem encontra-se petrificado para todas as sensações suaves e ternas. No meio desse deserto o amor faz jorrar...
E a mais bela metade da vida vela-se ao homem que não amou com paixão.
Eu teria remorsos, aos 40 anos, por ter passado a idade de amar sem sentir uma paixão profunda. Eu teria esse desprazer amargo ao perceber muito tarde ter cometido o engano de deixar a vida passar sem viver.
Um homem verdadeiramente emocionado fala coisas encantadoras, fala uma língua que ele não sabe.
Toda a arte de amar parece-me falar exatamente o que o grau de embriaguez do momento comporta, isto é, ouvir sua alma.
E mais vale calar-se que falar fora de hora as coisas mais ternas.
O erro da maioria dos homens é desejar falar sobre algo que consideram belo, tocante, em vez de aliviar o peso do mundo.
Não podemos amar uma mulher de espírito muito inferior, pois junto a ela podemos fingir impunemente. Acomodamo-nos. Para deixá-la só o que precisamos é encontrar alguém melhor. O amor rebaixa-se a ser apenas um negócio ordinário. Tendência natural do coração, busca do maior prazer.
Somos o que podemos, mas sentimos o que somos.
Entre homens a polidez obriga a falar apenas do amor-físico.
[Sobre o ciúme:] a fúria nasce, não lembramos mais que no amor possuir não é nada, gozar é tudo.
O que torna a dor do ciúme tão aguda é que a vaidade não pode ajudar a suportá-la. Você pode considerar-se um bravo, se for reduzido a desprezar-se como digno de ser amado.
Só desejamos os ciúmes das pessoas de quem poderíamos sentir ciúmes.
O ciúme pode agradar às mulheres altivas, como uma maneira nova de mostrar seu poder.
Uma mulher de espírito não ama por muito tempo um homem comum.
Ser um pouco rude e sem cuidado, à 1ª abordagem – com naturalidade –, é um meio quase certo de fazer-se respeitar por uma mulher de espírito.
O ciúme deseja a morte do objeto que ele teme. O homem espicaçado encontra-se bem longe disso, deseja que seu inimigo viva e sobretudo testemunhe seu triunfo.
Ela está muito segura de seu amor; inquiete-a. Os contrastes tornam as lembranças mais vivas.
Quanto mais houver prazer físico na base de um amor, mais é sujeito à inconstância e à infidelidade; sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude.
Nada aborrece mais o amor-gosto do que o amor-paixão em seu parceiro.
Reconciliar-se com uma amante adorada que lhe é infiel significa desfazer com golpes de punhal uma cristalização incessantemente renascente. É preciso que o amor morra...
Se um dos dois amantes é muito superior nas qualidades que ambos estimam, é preciso que o amor do outro cesse, pois o temor do desprezo virá cedo ou tarde.
É preciso que o inferior maltrate o seu parceiro; quanto ao superior, ele se ilude...
Se é tão difícil esquecer uma mulher com quem se encontrou a felicidade, é que há momentos em que a imaginação não se canse de representar e embelezar.
Praticamente só se pode deter o amor em seus começos.
A mulher só é potente pelo grau de infelicidade com que pode punir seu amante.
Como pedir um copo d’água quando se tem sede é vulgar; deixam-se morrer de sede.
Esclareça o espírito de uma jovem e ela torna-se pedante, o ser mais desagradável e degradado. Nenhum de nós deixaria de preferir, para passar a vida com ela, uma serva a uma erudita.
Convimos que uma menina de 10 anos tem 20 vezes mais finura que um menino da mesma idade. Por que, aos 25, ela é uma grande idiota, sem jeito, tímida, e o menino é um homem de espírito?
As mulheres devem nutrir e cuidar de seus filhos. Nego a 1ª afirmação, concordo com a 2ª.
As filhas são educadas com os melhores princípios, isto é, trabalham o dia inteiro.
Se as mulheres lerem, logo deixarão de cuidar de seus filhos.
Eu quase preferiria que minha mulher, em um momento de cólera, preferisse apunhalar-me uma vez por ano a receber-me de mau humor todas as noites.
Uma mulher só deve escrever obras póstumas, a publicar depois de sua morte.
As admiradas aos 20 são abandonadas aos 40. Uma mulher de 45 anos só importa por seus filhos ou por seu amante. Mas as pobres mulheres, quando não possuem mais o brilho da juventude, têm como única e triste felicidade o poder iludir-se sobre o papel que representam na sociedade.
Seria uma felicidade para nossas mulheres atuais morrer aos 50 anos.
A religião é um assunto entre cada homem e a divindade. Com que direito pretendem colocar-se entre meu Deus e eu? Só tomo procurador fundado pelo contrato social para as coisas que não posso pessoalmente.
Que excelente conselheiro um homem encontraria em uma mulher se ela soubesse pensar.
Certamente, com o amor, só se tem gosto em beber a água da fonte predileta. Então a fidelidade é natural. Com o matrimônio sem amor, em menos de 2 anos essa água torna-se amarga. Mas não deixa de existir a necessidade da água... Sem o altíssimo muro do convento, os monges fugiriam.
As mulheres de certa idade que tiveram muitos amantes acreditam reparar a sua reputação, e na França sempre o conseguem, mostrando-se extremamente severas aos erros que cometeram. Alguma pobre moça virtuosa e perdidamente apaixonada pedirá o divórcio e será difamada por essas mulheres.
A publicidade é necessária ao triunfo dos Don Juan (personagem de Lord Byron), como o segredo ao triunfo dos Werther (personagem de Goethe). Sua maneira [de Don Juan] de ter as mulheres mata todos os outros prazeres da vida; a maneira de Werther centuplica-os.
A maior parte das pessoas que se ocupam das mulheres pela sua posição nasceu no seio de grande facilidade e riqueza, são pessoas, devida à educação e à imitação dos que a cercavam na juventude, egoístas e frias.
O homem que treme não se entendia. Os prazeres do amor encontram-se em proporção ao temor.
O tédio tudo perde, até a coragem de se matar.
Enfim, cada homem, se deseja dar-se ao trabalho de estudar e conhecer a si, tem seu belo ideal, e parece que sempre há um pouco de ridículo em querer converter seu vizinho.
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