27 de dezembro de 2009

Mulheres, minhas intenções

Redenção

Atos cruéis, perversos, sensação de culpa
Não existe pecado, mas me sinto malvado
Recorro a nenhum ente, seriam desculpas

Recuso projetar falhas, ninguém se eleva
Precisa me julgar a musa que cativa
Dá-me sentido à vida e redenção, me ativa
Só consigo descobri-los numa alma de Eva

É bela, altiva, delicada e compassiva
Outro alvo, outro interesse, nada satisfaz
Entrego às damas poder, afeto e prazer
É o romântico egoísmo emancipador,
Leia ascensão mútua (não como enganador)

Desejo isso e aquela que isso lhe desejar
Mereceria mais, é somente louvar,
Devoção ociosa, apaixonado vigor,
Luxo desta época: se fazer sedutor

Quem ainda se importa apenas com a cópula –
Óbvio contemporâneo materialista –
Objetiva, coisifica-se, perde a vista

Seja tudo deixado em seu devido tempo:
Para a paixão iludir e o amor construir.
Querer hedonismo – jurar prazer sem fim
Também profundo compromisso, não ruim,
Sem posse, que liberta; um idêntico ator
Elogiar a rica performance artística
E recriar o, agora indefinido, amor


Ela em mim

Ainda penso, ainda sinto
Absorto quando ocioso
Mas tranquilo também fico
Supero o tédio se receoso

Não precisaria homenageá-la
Ela me passa segurança
Minha besta, sei que amansa
Justo por isso, nunca me cala

O vício em serotonina:
Esta será a nossa sina?
Alimentação de triptofano
Através dos atos profanos

Como esquecer seu jogo de quadril,
Os eróticos espasmos no cio?
Róseas auréolas, alva tez
Provocam genital turgidez

Sorverei, sim, sua vulva
Se em minha boca servir
O encaixe; e os cachos de uva.
Até a hora de despir e despedir

Esta relação hedonista
Desperta minha veia artista
Nenhuma substância ilícita,
Só prazer entre nós incita

Ela projeta em mim tesão
Tensão, como dizer um não?
Sonho, mesmo sem reprimir
Deixo inconsciente fluir

Proponho um brinde à juventude
Pois, implacável, o tempo urge

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