12 de dezembro de 2009

Nada bem

Em Desarrimo

Cansado de sentir-se idiota
Cansado de ser feito de otário
Quer fugir para uma errante ilhota
E dormir sob as gotas do orvalho

É o maldito desejo que brota
Não importa mais o seu salário
Antes tivesse adquirido gota
Ou vivesse jogando baralho

Vislumbra nenhuma conquista
Pelos outros não é bem quisto
É inevitável, pelo visto,
Um futuro qualquer à vista

Não sabe enfrentar sua derrota
Por ser contumaz, não muda a rota
Aqueles que surgem em auxílio
Acalmam o ímpeto de suicídio

Veja bem, ele não faz o bem
Meu bem, ele gosta é de ninguém

Parcas vitórias premonitórias
Suas glórias fogem à memória
A busca assídua da perfeição
Verteu-se nele na depressão

Com altos deveras provisórios
Descuida, concentra-se nos baixos
E julga tudo como ilusório
Apagando jamais o seu facho

Exagero de expectativas?
Mimos impediram o atino
Fêmeas foram não receptivas
Desanima-se, em desarrimo

Tem angústia ou ansiedade
Nem, rústica é sua vaidade
Arredio, não vai mais se orgulhar
Só um arrepio, e depois se calar

Não sabe o que lhe seria melhor:
Estável, sem desafios nem riscos
Ou irritável, curto pavio e arisco.
Assim, tudo vai ficando pior

Sumiram daqui todos os dados
Assume-se, enfim, um derrotado

Exigente, e ficou intolerante,
Intransigente, e acabou emigrante
O decadente social, garante

Sua ilha precisa de brisas
Sua metafísica é tísica
Seu platônico é histriônico
Seus sonhos, ademais, insanos
Assim é o genérico inepto

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