28 de março de 2010

Se fosse fácil se olhar quem diria Eu?

Saudade

Todos os dias preciso apenas de quê?
Dormir, comer, ouvir, talvez ler, de TV.
Alguém é indispensável? Não é, ninguém

Um motor que consome pouco as relações
Suja-se menos economizando ignições
A cada semana abastecimento e calibragem
Em alguns meses, fazer a troca do óleo e revisão
Em diversos meses, mudar, ou gastar em manutenção
Não são mais as mesmas engrenagens

Desgaste natural, erosão da convivência
Não há conveniência, esgotou-se a paciência
Virá saudade pelo rotineiro apego?
Com certeza, o tempo é remédio que cura
Tornar-se-ão histórias a essas alturas
Aprendendo a viver sem qualquer dengo

Dia a dia, o sentimento se enfraquece
Todo dia, assim a paixão se arrefece
Gastar tudo hoje ou poupar para amanhã?
Num amor intenso esse coração foge
Num caso insosso há delongas vãs
Eficiente Uno ou vigoroso Dodge?

Em calmaria e nostalgia a saudade é imensa
Em turbilhões, nossa vida se faz tensa
Pressa, frieza e imperativos dão cabo
A necessidades interpessoais, nunca queridas
Sem proteínas, a agressividade é perdida
É preciso do outro, sempre, da capo

Sentir, ou sentido? Ressentido.
Sentir, sempre, o sentido. Sensível.
Em sentido, é sem sentido sentir.
Não sinto, ressinto. Insensível.
Se vai, sem fim, a saudade
Sentindo, ou não, seu sentido.
É a dependência ou a liberdade.


P.S.: Reconheço que anda escrevendo pouco, são vários os motivos. Mas não deixo de pensar e de criar, apenas é correria, pressa, falta de disciplina, achando sarna pra coçar e curar, relacionamentos a cuidar, entre outras coisas. Percebo que em muitas coisas eu deveria me focar, coisas úteis e que influenciariam diretamente pessoas próximas e até melhorariam a minha vida, mas quem disse que eu sou prático; quando me tornei abstrato? Vejo também que ando bastante racional - meu ímpeto se perdeu? Há um pouco de explicação para isso, mas, como sobre outros assuntos, é melhor ficar quieto para não criar problemas e discussões. Ser conivente não é mentir, mas não deixa de ser covardia; é tanta complexidade e vida de curto, médio e longo prazo a preservar, que adiamos as ações para um 30 de fevereiro qualquer. Às vezes quero chutar o balde, mas como eu disse, ando frio, atitudes passionais não andam me acompanhando; desculpas adiantadas pelo meu silêncio e desculpas atrasadas pela minha falta de carinho e atenção. Maldita hora de tudo ao mesmo tempo agora, imaginem se eu tivesse responsabilidades e contas a prestar, iria surtar, não nasci para ser líder, sou indolente em demasia para isso, não chego a ser o pacato cidadão, mas sinto-me em momentos de resignação, aceito a mediocridade, sei, é ridículo. Quem sabe um dia renove minha inspiração por megalomanias? Enquanto isso, vou plantando, em doses homeopáticas; não deixa de ser uma prática, ainda que deslocada do ideal, ou ao menos, da grandiosidade. Enfim, só retórica.

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