8 de janeiro de 2012

Sobre o sexo oposto, tão carente

Meninas brincam de boneca e de casinha. Uns dizem que isso está no instinto, que elas sempre fizerem isso. É claro que não é verdade, porém nossa cultura patriarcal e machista definiu esse papel para elas. Sendo assim, são estimuladas desde muito cedo a lidarem com filhos e afazeres domésticos. É claro que isso não se aplica a todas as donzelas, em especial as que sequer têm dinheiro, tempo e afeto para brincadeiras por pura diversão, e as dondocas que são pressionadas a se deslumbrarem com a vida luxuosa e de madame, dependentes de maridos ricos, abominando a flacidez e as fraldas cagadas.

No entanto, como os tempos são outros, elas também são motivadas a estudar e a trabalhar. É corriqueiro sair matérias em jornais e revistas sobre a dupla jornada das mulheres no século XXI ou sobre as executivas que não tiveram tempo e dedicação para a vida amorosa e maternal. É como se todas elas estivessem condenadas. Se forem apenas mães, não fazem mais do que sua obrigação, e ficam sem independência financeira, se ganham muito dinheiro e investem na carreira profissional, tornam-se masculinas e com problemas emocionais adicionais, pois descuidaram do lado afetivo, se fazem as duas coisas, provavelmente não farão nem uma coisa nem outra satisfatoriamente. Mas a pior de todas é a mulher que tem um emprego indigesto e ficou para titia, deve ouvir pentelhação todo dia, não é incomum se afundar no chocolate e/ou no álcool. As conquistas do movimento feminista não chegaram a todas as pessoas, e para muitas delas foi um tiro no pé.

Se há algum tempo atrás se ouviam pedidos por igualdade, liberdade sexual, escolha do momento de casar, e às vezes pelo fim do casamento, hoje, parece-me, que a tradição saiu vencedora. A maioria das senhoritas sonha com um casamento ideal, e não são poucas as que querem um príncipe encantado, ou ao menos um que tenha uma carruagem de 200 cavalos. Ora, isso é um atestado de inferioridade e de impossibilidade da independência emocional? Creio que as mulheres, seja por questões biológicas, psicológicas ou culturas, são mais carentes que os homens. Mas ambos os sexos projetam suas fraquezas uns nos outros: a mulher culpa o homem pela falta de romantismo, fofocando no salão de beleza ou no shopping, enquanto o homem a culpa pelo sexo ruim e sempre que possível canta alguma gatinha na rua. Entre inúmeros outros defeitos e falatórios.

Mudou algo com a libertação feminista? Foi para melhor? A maior, mas nem tanto quanto se pensa, promiscuidade feminina é uma derrota para muitas, por não saberem como fisgar um companheiro, muitas usam o sexo como moeda de troca, mesmo sem acharem ser um ato adequado. Ou então cedem às necessidades fisiológicas ou à pressão das amigas. Não à toa, as religiões pressionam cada vez mais pela castidade feminina. E não é só pela questão moral, familiar ou bíblica. É também pela mudança hormonal. Se antes as garotas menstruavam perto dos 18 anos e logo após o fato se casavam, sem passar por ansiedades decorrentes da erupção hormonal e pelo assédio descarado de hoje, atualmente elas ovulam por volta dos 10, 11 anos. É preciso admitir que elas devem possuir um caráter sólido e uma mente forte para resistirem aos chamados constantes da libido por anos a fio.

A conseqüência dessa integridade sexual em prol de um sexo com amor ou com fins de procriação para garotas imaturas e para mulheres desconfiadas dos cafajestes, e das doenças, é um aumento do conservadorismo por parte de pais e até mesmo das filhas. Ora, se antes era antes dos 25 anos que uma mulher costumava casar, tendo no máximo 10 anos de período fértil sem filhos, hoje é comum haver senhoritas com 20 anos passados do primeiro sangramento e sem filhos. Não pensem que é fácil se manter pudica e frígida por tanto tempo sem cometer deslizes em relacionamentos. É provável que tenha deixado-as mais histéricas e impacientes, pois anteriormente os casamentos eram satisfeitos com a criação dos filhos, a questão sexual era pouco importante, enquanto agora as mulheres gostariam de pensar que nada mudou. Ora bolas, como poderiam ficar tranqüilas sem sexo e sem filhos? Como para a maioria dos homens o sexo é tudo o que buscam, só lá pelos 40, 45 é que resolvem ter filhos, frustram aquelas que querem um sexo com compromisso e sem interesses golpistas.

Pode haver uma mulher esclarecida que faça sexo sem compromisso e seja feliz. Ainda que seja comum haver um autoengano por parte das promíscuas, que precisam se valorizar e afirmar que quem não faz isso é uma santinha tonta. Com certeza elas gostariam de um parceiro que as amassem e que elas se apaixonassem, mas como são tempos de vacas magras e de experimentação, se iludem com o sexo superficial. Também é possível haver, mesmo hoje, uma mãe de pouca idade, digamos entre 15 e 20 anos, e que cuide bem do filho. O fator que realmente condena a maternidade é a pobreza. Não é por ter tido filho cedo que a família irá amargar a miséria, é por estar na miséria e não ter recebido boa educação é que a garota terá filho cedo e cairá num ciclo vicioso sem sair na penúria. Porém, os moralistas querem generalizar e incutem em nossas cabeças que uma mãe adolescente é um fracasso.

Ora, a taxa de natalidade já está caindo até mesmo em países em desenvolvimento. Atrasou-se tanto a idade para ter filho que algumas mamães desesperadas partem para a inseminação artificial ou a adoção, como último recurso do instinto maternal inescapável. Ainda assim, carregarão o estigma de serem mães solteiras, como se isso por si só fosse um destino trágico. Não há dúvida de que seria pior uma criança crescer em um lar conturbado, cheio de brigas e com um pai ausente ou bêbado. Antes só do que mal casada, embora muitas desejem qualquer companhia. A presença masculina não é capaz de tornar uma criança um adulto de sucesso, seria machismo pensar assim. Ainda que a psicologia nos convença de que ambas as figuras são necessárias para uma mente mais preparada para a vida. Porém, isso pode ser adquirido em outras esferas, seja com um avô, um tio, um professor, um mentor, etc.

Casamentos perfeitos são as exceções, a maioria mata um leão por dia e se vira com o que tem. E mesmo assim progredimos. O casamento pode ser uma instituição falida para muitos, em especial para os homens, mas ainda haverá mulheres (e avôs) que lutarão por ele, basta que consigam fisgar um marido que lhes satisfaçam, em todos os sentidos – o velho sonho feminino. Enquanto isso, os interesses divergentes se chocam, as pessoas vivem, as sociedades avançam, nascendo menos filhos de ricos e mais de pobres. O certo é que com padrões culturais diferentes antigos anseios e objetivos devem passam por revisões e adaptações. E também há isto: a felicidade ganha valor quando compartilhada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário