3 de setembro de 2009

Vida de um eremita (pseudo) intelectual

Nós, ocidentais, somos, sem dúvida, machistas. Ao menos, a democracia deu espaço para sua dialética, o feminismo. Que está tornando o mundo andrógino – mais uma bagunça entre as inúmeras proporcionadas pelo caos da entropia da explosão populacional e do crescimento econômico (quase) globalizado. Todavia, a mulher, ainda, costuma ser valorizada, quase que exclusivamente, de acordo com sua beleza e seu recatamento ao grande público, mas, de preferência, com apetite sexual aos seus companheiros fixos. Elas sofrem buscando atingir esse padrão ou desistem, e sofrem de forma pior, para conseguir outro tipo de reconhecimento.

Do outro lado, os homens são julgados com base em valores burgueses e financeiros, ou seja, por posse material, e fingem, ou não, boa conduta moral. É nessa busca de status social que os dois sexos se equivalem. Os meios são diferentes, mas os fins são sempre os mesmos. Assim como é a busca humana universal pela felicidade.

A mulher quer mostrar, publicamente, que consegue “fisgar um bom partido” que lhe dê futura segurança matrimonial (secundária) e familiar; o homem busca demonstrar a sua virilidade ao “pescar uma donzela” requisitada, isto é, poder, fama, status e hipocrisias sociais utilitárias. Porém, sejamos francos, hedonicamente.

Felizmente, ou não, busco reconhecimento através do intelecto e de obras advindas dele, independentemente da geração de receita. O buraco, a falha, a lacuna é a minha dificuldade ou incompetência em fazer por merecer esse orgulho - ou seria vaidade? Meus caminhos e métodos escolhidos foram equivocados? Minha solidão foi exagerada e é mais consolo do que problema interpessoal? Tanta teimosia contra as conveniências e as comodidades da vida em grupo acabaram por me tornar mais fracassado?

Talvez dessa ideia de ter dado um tiro que saiu pela culatra provenha minhas inseguranças, angústias e frustrações. Ou não, afinal, faço por hobby, ou seja, o prazer supera as dores. O amadorismo precisa de resultados, além dessa liberação imediata de endorfina que acalma qualquer sentimento de dever? Achar que tem que haver provas é pior que não ter reconhecimento em uma profissão ou que o tédio que ela carrega. Não é um problema esquecido, porque acredito que possa ser resolvido.

Não sei se é pior eu ficar indignado pela indiferença por algo que faço de graça – ou é o oposto, justamente por não cobrar, é impossível a valorização – ou a minha tolice em achar que o que escrevo e concluo é muito esforço. Afinal, para muitos posso não passar de um ocioso pseudo-intelectual, que é pessimista por ser frustrado e ressentido como tardio escritor. Mas isto não é auto-ajuda! Entretanto, ainda posso pensar que é mais por falta de publicidade do que incompetência técnica.

Para que, então, tanto esforço e reflexões excêntricas, autônomas, autênticas e (des)pretensiosas? Eu não tenho personalidade para transformar os prazeres fúteis dos playboys e seus bens descartáveis em algo suficiente, pleno. Dinheiro não me falta (mais) para isso. Se eu fosse dessa turma, ao menos teria sucesso com as fêmeas. Porém, sou trouxa, prefiro gastar meu tempo estudando e escrevendo divagações tão descartáveis quanto, apesar de profundas(?); vã esperança de fazer diferença para alguém ou alguns.

Isso tudo é ser um verdadeiro “amigo da sabedoria”? Esperar, quando tudo indica o oposto, que a verdade, o conhecimento, a erudição e a cultura surjam, brotem. E que haja pragmatismo! Com prazeres, é claro, apesar da obviedade desse efeito nessas causas citadas. Para me orgulhar que isto seja, talvez ontologicamente forjado, um deleite superior ao que é mais facilmente alcançado pela maioria – e que muitas vezes o é...

Sou corajoso por escrever este quase atestado de derrotado?
Ou ainda sou um garotinho juvenil impaciente, arrogante e egocêntrico?


Obs.: Talvez depois eu edite esta confidência. Que demonstra minha humildade?

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