Ridículo
Eu, de fato, sou ridículo
Internato ao furúnculo
Por que tu deves gostar de mim
Ou eu me interessar por ti?
Perda é só o que há aqui
Quem me dera ser hedonista,
Sádico ou masoquista
Não há saída: sou pessimista
Surge-me o sentido da vida
Eis que é ajudar uma querida
A curar as suas feridas
E quitar minhas dívidas?
Escutar muitas eqüinas.
A velhinha não me atrai
Indiferente à sua história
Apenas penso no entra-e-sai
Bebo para fugir da memória,
Morcego da adolescência,
Consciência e demência
Volto ao ponto de partida,
Clara e vidente decadência
Biografia falecida
Do homem da ciência
Sem dúvida, escrevo bebum
Sentido, de certo, nenhum
São vinhos e a certeza
Da derrota iminente,
Arrota e toma tua cerveja –
Rota contraproducente
Também contracorrente
Vide: perdido e perplexo.
É que nada, absolutamente,
Parece-me haver nexo
Não sei como não me mato,
A esperança impede tal fato
Solitude, não completude,
Justifica esta atitude.
Alimento jogado ao mar
Ao relento meu lento odiar
Confuso, deveras impreciso
Abuso, redimir-me preciso
Livros para erudição
Música pro sentimento
Morte minha, sem coação.
Você me diz “eu lamento”
Alcoolismo é solução?
Chama, lama e cimento,
Chama lhama em Sorrento
Chás melam o bobagento
Muita, muita informação
Curto momento idílico
Eu disse: sou ridículo
P.S.: Se em meu auge físico e intelectual eu me considero um fracasso, imagine em minha decadência fisiológica... Vida é potência, senilidade é para os resignados.
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