14 de agosto de 2013

Pode-se não perder tempo na gangorra?


Tempo Perdido
 
Dizem por aí não há tempo perdido
Há, sim, tempo perdido
(dei ouvidos a Marcel)
Há só tempo
e perdição
Minha perdição neste templo
de vazios deuses
a vagar em Elêusis
 
Pedem-me ajuda
Eu ajudo
Mudo
Me mandam erguer colunas
Vergo-me e ergo
sem medo
Junto-me ao grupo animado
Lúpus como já magro
Esqueço
 
O ego precisa de fortuitos jejuns,
períodos sabáticos
Já sob incessantes demandas
sorri lunático
Mas não se lúcido,
senão circunspeto
 
Não escuto mais meus próprios pedidos
Inacessíveis
Repito, aprendo a achar tudo lindo:
Ó, que incrível!
 
As angústias, no riacho, à margem,
sorriem de volta aos olhos
então absortos
Julgo contente e me absolvo,
porém quando as lembranças sobrevêm
de mim desmentem –
Foi tempo perdido
 
¥µ≥∞≠
P.S.: Ando alimentando um ceticismo desgracento e isso cai em pessimismo, que decai em melancolia e afins. Não se deixe contaminar pelas minhas mensagens, a vida é o que você faz dela, independente de sua ilusão sobre a moral e os valores seguidos. A ignorância é uma benção, mas como optei pelo caminho da pesquisa, razão e dúvida, não posso voltar atrás e passar a crer no que eu já concluí como engodo ou embuste. Toda forma de glória seria vanglória, mas quem sabe um afago no ego estimule minha adormecida vaidade. Ainda mantenho um orgulho solitário que bravamente resiste à depressão, do contrário eu estaria doente ou entregue totalmente a palavrório e elogios cheios de segundas intenções de grupinhos sociais que sempre se fortaleceram com a coesão interna, apesar da falta de merecimento deles. O nada é um abismo sedutor, dispensa contestar intenções e ações. Todos nos dirigimos a ele. O cético porque não valoriza e pouco vive e o crente porque acredita sem ter razões, mas ao menos vive mais intensamente que o descrente. Viver é perigoso, já dizia o proseador. Humanismo esquizofrênico, almas divididas, necessidades de fazer escolhas, variar o cardápio, ecletismo consolador, confusos caminhamos. A vanguarda vingadora e que berra passou a ser a tradição. O estado de equilíbrio urge. Como vai você nessa gangorra?

Nenhum comentário:

Postar um comentário