24 de agosto de 2013

In Zuma. Enzo, uma. Hein? Suma! Eis uma... Em suma,


sem brigas. Agradecer por estar vivo e sorrir por estar em situação melhor que a maioria. Espantar o marasmo através da comparação, dos elogios e das carícias. Ainda permitir conjecturas e devaneios. Bilhetes não lidos, sinais em branco. Sem evidências, sem certezas; para quem sofre de baixa autoestima é o suficiente para trazer algum alívio. Se eu fosse otimista, prontamente decifraria meus sonhos. É que a ausência de sonhos é um problema grave aos racionais. Como seria bom lembrar trechos desse fluxo quando desperto. Crer no inconsciente é me permitir ter esperança na aleatoriedade.

Não saiu o resultado do concurso, conforme datado há muitos dias, ao menos ficou em aberto a vibração. Pior seria não ter levado nada. A produção foi prolífica este mês – sinal de que inspiração e motivação retornaram? Talvez houve apenas maior organização e disciplina, abrindo espaço para fazer algo, meio que o de sempre com sutis alterações, já colore. Ainda não estou adulterado, ainda não me vendi, quem sabe eu precise ceder minha individualidade em prol de algo maior, apesar da minha ausência de convicção nele? Mais papo furado com tentativas de solucionar hipóteses e aplacar angústias. Pensar na morte é refletir o que é vida e o que é um sujeito. Quantas vezes você se perguntou “Quem sou eu”? Existe de fato uma essência e um ponto no espaço para chamar de seu? Pensamos que há, porque é difícil abdicar desse congelamento, contudo o mundo é perpétua atualização do Ser.

Notas altas, os estudos vão bem, até porque esse é o foco, meu ritual, minha ilusão de equilíbrio, o que julguei ser o sentido da vida, investigá-la e prosseguir, ainda que os conflitos superem a permanência. Um espírito crítico se isola, poucos suportam um pentelho descrente, uma mosca zombeteira, um cínico empata-foda. Quem tem compromisso com a verdade não pode voltar atrás e dar pulinhos com o eterno retorno do mesmo. A vida é longa porque cada dia repete demais. A rotina é terrível, porém não dá para viver bem sem expectativas se realizando. Os ciclos giram e não há nada que um governante ou intelectual possa fazer a não ser alertar aos incautos e evitar maiores danos. Administração do menos pior: se não der pra ser feliz, dá pra tentar não ser infeliz. Parece-me razoável. Mas o vizinho e a companhia querem mais que ontem. Posso até ter mais, só não posso ser mais. É só isso aí mesmo, divirta-se ou me esqueça.

As ações sobem, o salário sobe, a inflação sobe e o viaduto sobre, mais motivos para eu me elevar. Só não posso me deslumbrar, os pés já pisaram por demais o chão duro e as pernas já se arrastaram demais pelo piso escorregadio, mais motivos para o reiterado sonho de voar e planar entre os transeuntes, que nem se importam mais com a situação, pois se não é imprevisto não espanta.  Deveria surpreender a professora quase todos os alunos participarem da aula, mas a falta de vontade é maior que a excitação pelo assunto empolgante. Quem é que vai reclamar? Era pra ser só isso mesmo, azar dos que se identificaram com o tema, para o experimentado ele é banal. É preciso pensar que há o novo, senão é o padronizado bonitinho e acabado – perfeito? Longe disso!

Vibrar, se atualizar; torcer, se encaixar; ser interessante, pertencer. Sinto muito, são incongruências, pois de um lado o narcisismo pede por atenção exclusiva, vitórias e subjugações, de outro lado a empatia demanda por coesão social e espírito de rebanho. Nessa tensão a sociedade corre com seus carros simbólicos e ruidosos. Nessa confusão de sentimentos e frases mal formuladas todos pensam que se entendem, pois há um sentido tácito em toda comunicação burguesa. Automatizaram-se tanto a cortesia quanto a hostilidade. Em fragmentos restam os cidadãos outrora idealistas. É melhor delegar e fugir das responsabilidades. Nessa algazarra de micos adestrados os primatas zombam de espírito livres que não ostentam. O tempo urge, temos pressa, deveres chamam e clamam, chefes conclamam, malditos conspiram, bondosos oram, fracassados choram. Não há tempo perdido, não se pode parar de girar. A semana estava aí... ali... lá! Já foi...

Em suma, vou me inscrever num curso de yoga e parar de escrever textos non sense. Se fosse fresca e bonita a cidade faria meditação no parque. Mas a poluição, a indolência e os gritinhos não favorecem a essa prática. O lugar onde estou agora não se regozijará amanhã com minha presença. Cresci, agora é decair. O corpo está sendo atraído ao chão, e a mente também, mas a esta ainda sobra uma solução: dedicar-se para enlevar-se. Para algum céu, para cima e avante. É um fim em si. Vale? Enfim, construa-se e apague-se. O excesso de apego a si será sempre conflituoso – a vaidade tem uma rival contumaz, a inveja. Invejo os que podem bater no peito e bradar “eu sou o tal!”, porquanto hesito, abstraio e procuro. Em suma: hoje quem sou eu?


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