14 de julho de 2009

Indagações acerca da Utilidade Social

Há sentido social não sermos patriotas ou nacionalistas? Anarquismo é Anti-humanismo? Solitários, eremitas, excluídos, ilhados e pessoas que vivem no ostracismo devem manter suas posições enquanto não mudarem suas mentalidades e agirem em prol de todos? A “utilidade social” de cada indivíduo é a melhor medida do valor de sua existência? O utilitarismo e o liberalismo influenciaram tanto que ideais comunistas de solidariedade tornaram-se a dialética do atual momento?

Apesar do pós-modernismo incentivar a identidade pessoal ao extremo, o que cada um busca é mais status social e poder? Enquanto vaidade e posição na pirâmide estratificada? A tecnologia e canais ágeis de comunicação é o maior paradoxo nesse sentido? Pouco contato “orgânico”, mas contatos em abundância, apesar de predominantemente mais superficial que no passado, e maior necessidade de aprovação e aceitação dos outros, na construção das identidades. Isso é apenas por fama e sentimento de pertencimento? Ainda que Ad Hoc? O Twitter é, hoje, o maior símbolo/sintoma desta análise/cogitação, ou patologia/neurose?

Quem ou o que decide o que é útil socialmente? O Mercado, as elites, as tendências, os formadores de opinião, demandas (potenciais ou suprimidas ou atendidas)? Em um mundo dominado pela I.A., as demandas não seriam mais fácil e rapidamente atendidas? A eficácia da utilidade não seria muito superior a qualquer tentativa humana? Se for assim, são óbvias a nossa obliteração e a alvorada do racionalismo frio e inorgânico, mas mais adaptável e eficiente?

Indago tanto porque para mim a interrelação Sociedade x Individualidade, ou Sociologia x Psicologia, sempre foi muito complexa e difícil de assimilar. Assim como a relação Generalista x Especialista – escolher entre fazer muitas perguntas, com dificuldade em respondê-las satisfatoriamente, e fazer escassas perguntas, mas com respostas profundas e com grande embasamento.

Para se libertar de tamanhas angústias, são necessárias respostas simples que acalmam? É um imperativo para se viver melhor, ou ainda, para (sobre)viver? Sendo assim, isso é desejável ou aconselhável? Precisamos dar nossas próprias respostas, toscamente inventadas, ou baseando-nos em influências que julgamos, até então, como as mais úteis e melhores?

Só o estudo – e muito! – dará respostas concretas e legitimadas? Mas e o tempo para dedicação? Leigos e sequiosos de sapiência devem fazer o quê? Deixar de questionar, pesquisar concentradamente um único assunto ou refletir a partir de observações e não pela erudição, ou o oposto?

Sobre as angústias, é melhor ter poucos desejos e ambições, afinal é impossível anulá-los, para não sofrer por não conseguir liberá-los e/ou satisfazê-los? Ou seja, o importante é preenchê-los, não importa na quantidade que venham (apesar de que quanto mais, mais difícil é acalmar todos eles)? Ter cada vez mais desejos sem aplacá-los só tende a trazer frustrações? Isto não está relacionada à Sociedade x Individualidade? Afinal, os desejos surgem e se dirigem para qual parte?

O importante, no final das contas, é viver? Mas de que vale uma vida que apenas se vive? A recompensa que a sociedade e o governo podem dar é a aposentadoria, ao menos aos comportados pagadores de tributos, sem fortuna, em troca de uma vida, ao menos profissional, insossa? Então, assim, quando já não há mais tanto fôlego e energia ou espírito rebelde e juvenil, guiado por hormônios e instintos que nos irracionalizam, desfrutamos, enfim, do ócio; há sentido nisso tudo?

Se não houve um caminho construído para que no final se possa refletir e agregar conhecimento, diligentemente, para quê descansar? A utilidade, logo, é exclusivamente para cuidar da família e de suas gerações vindouras? Novamente o retorno da interrelação Sociedade x Individualidade...

É uma pena que isto não é uma sala de discussões, e que poucos se dispõem a ler, quiçá a contribuir para o esclarecimento; minhas interrogações persistirão e conviverei com as angústias, ou forjarei respostas. Somos assim: vivemos em dúvidas, ou seriam dívidas?...

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