1 de julho de 2014

Extraordinariamente, extravagante

Chorar

Quando se é bem novo
e do tipo juvenil durão
Demonstrar raiva indomável
é sua admissível emoção
Suporta-se o que depois
se torna insuportável.

Com os pelos ficando alvos
nota-se uma outra pureza
A dos que têm o crânio calvo,
dos que sentem um incômodo
e choram pra dizer a todos:
Venham aqui me trazer calma.

Saber chorar, como faz bem!
É maturidade alcançada.
Evitar chorar a todo custo:
tolices de um Zé Ninguém.


Uma extravagância

Que derrame sobre mim esta chuva:
                            A chuva do exílio
Perturba meu ser em súbita ajuda,
                            Ao confuso é auxílio.

Embevecido, disparo meu grito
                            (Vocalização)
Extemporâneo, inquieto levito
                            (Localização)

Solto, logo absorto, em selva de pedras
                            Corro e faço menção
Aos acintes de quem vem e empareda –
                            Sofro e peço bênção

Despropósito tolo deste efusivo
                            São mais disparates
De propósito, a teimoso alusivo
                            Em letra escarlate.

E se honorificamente extravio
                            Essa extravagância
É porque em todos eu vejo o vazio –
                            Penosa vacância.


P.S.: Este mês haverá um retorno provisório dos poemas. Como eu os deixei guardados, foram se acumulando e agora é a hora de liberá-los. Acho bom avisar para quem não gosta deles, é melhor nem aparecer por aqui esses dias. Eu gosto deles, mas é claro que sou suspeito. Enfim, tente se divertir.

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